Sim, vocês leram certo: Sonic deve morrer. É o que diz Susan Arendt em um artigo para o site Wired. E eu concordo totalmente com o que ela diz.
“A Sega fez o registro da marca Sonic Unleashed para “jogo eletrônico [e] programa de computador”, o que pode significar que outro Sonic está a caminho. Mas o que este membro aqui do Game=Life sente mesmo é apatia. Não, apatia não, um lamento mesmo. Um profundo e doloroso pesar e tristeza pela perda de um amado membro de nossa família gamística.
A verdade não pode ser negada de maneira alguma: Sonic, o porco-espinho, tem que morrer.
Eu não digo isso porque eu odeie o Sonic, mas sim porque eu amo o Sonic, quero dizer, amava. Na verdade, o porco-espinho azul que conhecíamos e adorávamos se fôra há muitos anos atrás. O que foi deixado é um pouco mais do que um corpo animado, um fantoche manipulado, sem alma. Este Sonic moderno é uma abominação, uma coisa grotesca que simplesmente não deveria ter sido, e eu, por exemplo, quero a cabeça do Sonic.
O Sonic roubou nossos corações quando aterrissou no Mega Drive em 1991. Ele era rápido, ele era ágil, ele era bonitinho, mas o mais importante, ele era a estrela de um jogo de plataforma bem-construído e bem-inspirado cuja qualidade permaneceu com o passar do tempo.
As seqüências diretas tentaram expandir as fronteiras do universo Sonic, adicionando personagens ou elementos desnecessários, mas o principal da jogabilidade permaneceu relativamente intacta e sólida. Spin-offs como Sonic Spinball and Dr. Robotnik’s Mean Bean Machine não foram nem um pouco originais, foram apenas maneiras da Sega se aproveitar da popularidade do Sonic.
É então que tudo começou a ficar horrível, muito horrível. Sonic Adventure para o Dreamcast colocou o personagem azul em questão para aventurar-se numa ousada e nova maneira de jogar.
Mas não era para ser assim. Os jogos do Sonic eram e deveriam ser feitos para serem simples, com bases sólidas e elegantes, e o Sonic acabou entrando no território da jogabilidade genérica, mecânica de jogo confusa, e péssimos personagens coadjuvantes. Na época do insosso Sonic Heroes, Sonic se tornou um mero coadjuvante no próprio jogo dele, ao lado de personagens classe D como o coelho Cream e a abelha Charmy.
Sonic Heroes, que recebeu uma nota 64 (de 100) da Metacritic, foi ruim ao dividir a jogabilidade por três personagens, um título humilhante em que o Sonic foi forçado a participar. Sonic Riders (Metacritic: 55) foi ruim ao tirar a velocidade do Sonic, marca registrada do personagem, e colocar ele parado numa “prancha flutuante”, o forçando a parar de correr, literalmente.
Sonic and the Secret Rings (Metacritic: 69), enquanto era rápido e fascinante, pôs o Sonic no mundo arábico das Mil e uma Noites e mandou o porco-espinho ir na frente, fazendo o jogador seguí-lo imperfeitamente atrás. Apesar de usando bem os sensores de movimento do Wiimote, para controlar o personagem de modo até satisfatório, o jogo tinha um enredo bem teatral e pomposo, completo com gênios e dinossauros (?), e a trilha sonora digna de causar pesadelos.
Qualquer esperança que tínhamos para a versão, verdadeiramente digna, da sétima geração de consoles, de Sonic the Hedgehog 2006 (Metacritic: 43) foi desanimada no momento em que tentamos jogar. Os níveis foram, certamente, reminiscências do clássico original do Mega Drive, mas os controles e a câmera fizeram do jogo algo praticamente “injogável”. Até o Yojiro Ogawa, do Sonic Team, admitiu que o jogo era uma falha, com esquema de controle ruim e uma câmera que apenas atrapalha, por causa da pressão do lançamento simultâneo para o PS3 e XBox 360 num pequeno time de desenvolvimento.
Posso resumir em uma só palavra o meu desdenho por Shadow the Hedgehog (Metacritic score: 45): Armas.
Ocasionalmente aparece alguns pontos brilhantes de esperança através dos anos: os jogos do Sonic no Game Boy Advance e no Nintendo DS não foram ruins. Mario & Sonic at the Olympic Games foi um dos piores, mas certamente não significa que foi um estorvo. O Sonic Chronicles: The Dark Brotherhood desenvolvido pela BioWare parece promissor.
Mas, nos consoles de mesa, a saga principal do Sonic está perdida em um monte de caça níqueis. Já foi o suficiente, Sega. Tudo o que queríamos era um Sonic que pudéssemos amar. Um jogo do Sonic que faria justiça à memória dos bons tempos do azulão. Vocês provaram que não dariam conta do recado. Vocês tiveram mais chances do que deviam e desperdiçaram todas. Não me importo se ainda querem fazer dinheiro às custas do sacrifício do Sonic, recebendo o dinheiro dos falsos fãs que são jogadores ignorantes demais para distingüir de algo melhor. É e está errado e vocês da Sega deveriam se sentir profundamente envergonhados, do fundo da alma.
Com o porco-espinho Sonic já devidamente morto e enterrado, nós que o amamos podemos começar a curar nossas feridas, deixando a imagem de jogos como Sonic Shuffle desaparecerem gradualmente de nossas memórias, até não nos restar nada mais que as boas lembranças de fazer loopings em velocidades vertiginosas, de coletar as Esmeraldas Chaos, e sim, talvez até lembrarmos da raposa de duas caudas.
Contudo, eu tenho compaixão. Entendo se vocês não puderem convencer a Sega de que o Sonic está morto. Para tanto, sugiro o seguinte compromisso: se não puderem colocar o Sonic para descansar, então não deixem que qualquer outra equipe desenvolva os futuros jogos da franquia a não ser a Sonic Team.
Pode soar como uma verdadeira blasfêmia, eu sei, mas imaginem, por um momento, um jogo do Sonic criado pela Insomniac (que desenvolveu Ratchet & Clank), ou um produzido pela Ready at Dawn (Daxter). Talvez a Sucker Punch (criadores de Sly Cooper) poderia ter uma oportunidade, ou o que me dizem sobre concederem à The Benemoth (Alien Hominid) uma simples tentativa? Vocês já fizeram isso antes: a Backbone Entertainment desenvolveu Sonic Rivals para o PSP com resultados bem decentes.
Se vocês não desejam nem fazer até isso, Sega, então nossa melhor esperança seria o falecimento do porco-espinho e a possibilidade de que um dia, num futuro bem distante, o Sonic possa renascer das cinzas como uma fênix, para nos surpreender e assim nos divertir com suas aventuras renovadas.
De uma maneira ou de outra, Sega, eu lhe imploro: tenha a decência de pôr um fim ao sofrimento do Sonic.”
Fonte: Wired Blog Network
Como já disse, concordo com cada palavra escrita por ela. Tivemos jogos bons de Sonic no DS, simplesmente porque eles se mantiveram fiéis às raízes do jogo. Gameplay simples, controles precisos, 2D (apesar das lutas com os chefes) e o mais importante: sidescroller.
Não quero ver Sonic salvando princesas e muito menos na Arábia. Pior ainda é Sonic virando lobo (como parece ser a premissa do próximo jogo)! WTF?
Quero Sonic correndo em loops, quebrando televisões com escudos e pulando em cima de inimigos. Ah, e com o Dr. Robotinik.
Simples.