[Cinema] Requiem para um Sonho
Nesse final de semana resolvi tirar o atraso em alguns filmes que ainda queria assistir, e dentre eles está Requiem para um Sonho. Achei realmente interessante e profundo, mas não recomendo para aquela sessão de final de semana com a família toda…
Clique em more para ler a análise completa. Existem alguns spoilers a seguir, então recomendo extrema cautela aos alérgicos…
Requiem para um Sonho, escrito por Hubert Selby Jr. em 1978 e adaptado para o cinema pelo diretor Darren Aronofsky em 2000, mostra diferentes formas de dependência em narcóticos, que leva os protagonistas da euforia e sonhos até o aprisionamento dentro de um mundo de alucinações e desespero.
Tanto o filme como o romance são divididos em três fases: verão, outono e inverno. No verão somos apresentados a Sara Goldfarb (Ellen Burstyn – Tudo por Amor), uma viúva de terceira idade cujos únicos confortos são assistir a comerciais pela TV o dia todo e a geladeira, que a leva a acreditar que está de alguma maneira acima do peso. Ao mesmo tempo é apresentado o filho de Sara, Harry Goldfarb (Jared Leto – O Senhor das Armas), um jovem viciado em heroína que, junto com seu amigo Tyrone (Marlon Wayans – Todo Mundo em Pânico 1 e 2), começa a fazer dinheiro através do narcotráfico. O novo horizonte financeiro de Harry alimenta seu sonho de abrir uma loja para a venda das confecções de sua namorada, Marion Silver (Jennifer Connely – Uma Mente Brilhante), também usuária de drogas.
Ainda no verão, Sara recebe uma ligação que a faz acreditar que será convidada a participar de seu programa de TV favorito. Essa nova perspectiva faz Sara criar uma nova meta para sua vida, e emagrecer para usar o vestido vermelho (usado na formatura de Harry) torna-se sua maior obsessão. Sara ainda pinta o cabelo (sem muito sucesso) de vermelho para combinar com o vestido. Após falhar em sua dieta, Sara resolve visitar um médico que irresponsavelmente a receita anfetaminas. Harry, ao visitá-la, percebe pelo seu comportamento eufórico e pelo ranger de dentes que os remédios que ela toma são provavelmente estimulantes e implora para que ela interrompa o tratamento. Em um impressionante monólogo, Sara explica a solidão que sente desde a morte de seu marido, e que a chance de aparecer na televisão e a repercussão da expectativa na vizinhança a tinham dado nova razão para viver. Harry sai visivelmente abalado, mas expulsa a sensação com uma dose de heroína…
Conforme o outono e o inverno chegam, os sonhos e perspectivas dos protagonistas são esmagados sob a realidade da dependência química. Eu gostaria de descrever com mais detalhes as duas últimas etapas, mas eu acho que vale mais a pena assistir o filme do que apenas ler uma análise…
Requiem para um Sonho segue a premissa de filmes como Trainspotting e Aos Treze, porém, as próprias palavras de Aaronofsky explicam a característica única do filme:
“‘Requiem para um Sonho’ não é sobre heroína ou sobre drogas […]. A história Harry-Tyrone-Marion é uma história de heroína tradicional, mas colocada lado a lado com a história de Sara, nós subitamente dizemos: ‘O que é uma droga?’ A idéia de que o mesmo monólogo que passa pela cabeça de uma pessoa que tenta largar ou drogas ou cigarro é o mesmo que passa pela cabeça de alguém que tenta perder peso era realmente fascinante para mim. Eu achei que era uma idéia que não havíamos visto em um filme, então quis trazer para a tela.”
A trilha sonora também contribui para o peso e clima do filme. Composto por Clint Mansell, o tema principal (coloquei uma pequena parte dele no final do texto) é notável pela capacidade de criar um som frio e desconfortável, que contribui para que a sensação de tristeza e desespero dos protagonistas seja transmitida ao espectador.
Resumindo, o filme não trata apenas do abuso de substâncias, mas sim do vício de forma mais ampla. Existem pessoas viciadas em drogas, TV, sexo e sucesso. A dureza e o peso do filme vêm do próprio retrato do vício, seguida da inevitável consequência do abuso, mostrada de forma fria e explícita no inverno (daí a recomendacão de não assistir em uma sessão familiar ou infantil). O diretor mostra ao longo do filme que, na tentativa dos protagonistas de se esconder da realidade através da negação e ilusão, eles se destroem ainda mais.
Requiem para um Sonho – Tema
Requiem para um Sonho – Trailer
Esse filme é maravilhoso! Atuações excelentes, Ellen Burstyn deveria ter recebido o Oscar por esse papel, é surpreendente a dedicação que ela interpreta Sarah.
A fotografia também é ótima, com cores bem fortes de acordo com o que acontece… Só imagino como deve ter sido a edição dele: filmes normais possuem em média 700 cortes, esse teve 2000 cortes!
Sem contar o final arrebatador dele… o.O
Excelente indicação Schumann! Dou 10 com louvor para esse filme.
Valeu Boddah!
Eu também achei legais as sequências criadas quando eles usam alguma droga… te dá a impressão que é vc mesmo que tá usando…