Cinema: Arrasta-me Para O Inferno – Eu Fui!
Alerta! Alerta!
Risco de spoiler! Se você é alérgico, não continue!
Sam Raimi presta homenagem a um estilo que ele mesmo ajudou a criar: o terrir.
É complicadíssimo recomendar “Arrasta-me Para O Inferno”, pois o público está acostumado com aquele terror genérico que Hollywood vêm lançando nos últimos tempos. Se não é um remake de um filme oriental com fantasmas femininas pálidas e com longos cabelos negros é um filme totalmente sem emoção e que presta um desserviço ao estilo com cenas de violência gratuita e enredo fraco. Por isso é notável a decisão da Universal em apostar nesse projeto de Sam Raimi, que volta as raízes do estilo que o colocou no mapa do cinema.
Percebemos que estamos diante de algo diferente logo no início da projeção, quando surge a antiga vinheta da Universal Studios e em seguida temos a sequência inicial que termina com uma morte trágica. Tudo isso antes dos créditos principais! O filme não desperdiça tempo e em pouco menos de 20 minutos o roteiro já nos apresenta os personagens principais (Christine Brown, seu namorado Clay Dalton e a terrível Srª. Ganush) e até um embate épico entre a mocinha e a vilã do filme. Aliás, a Srª. Ganush é interpretada de forma brilhante pela veterana Lorna Raver, concedendo uma ferocidade sem igual a personagem que colide com a aparência frágil da mesma. Alison Lohman como a adorável Christine Brown faz seu papel muitíssimo bem e não duvido que ela entre para o hall das Scream Queens do cinema.
Sam Raimi prova que apesar de seu último filme ter sido um fiasco (ou vai me dizer que você gostou de Homem-Aranha 3?) ele ainda tem um jeito especial de contar histórias e de surpreender o espectador. Em certa cena uma mosca entra no quarto de Christine e, de um jeito bem maroto, ‘pousa’ na câmera. Um pouco exagerado? E olha que nem comecei a falar das nojeiras do filme. Toda e qualquer coisa nojenta tem um destino certo: a boca de Cristine. Seja insetos, fluídos corporais ou até um ameaçador lenço possuído. São vários os momentos que cerrei os olhos e soltei um “Aaaaaargh!”. Mas se em seus momentos de terror o filme consegue brilhar, nos momentos de comédia ele é ainda mais divertido. E Raimi consegue fazer isso extrapolando todos os limites. Sério! Como no jantar com os pais de Clayton, onde Cristine tenta disfarçar de todo jeito o seu terror diante do “recheio” do seu bolo. E na hilária cena onde Christine derruba uma bigorna na cabeça da Srª. Ganush. Uma bigorna!
“Arrasta-me Para O Inferno” em nenhum momento tenta se levar a sério e por esse motivo que ele é, sem dúvida alguma, um dos filmes mais divertidos que assisti este ano. Se você procura por um filme de horror sério, passe longe.