Cinema: Distrito 9 – Eu fui!

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Alerta! Alerta!
Risco de spoiler! Se você é alérgico, não continue!

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Cercada de polêmica desde o início da sua produção (leia aqui e aqui) a ficção científica “Distrito 9” finalmente estreou nos cinemas mundiais e muitos já o aclamam como o filme do ano. Sucesso de público sem dúvida ele já é: o seu custo de produção foi de US$ 30 milhões e ele conseguiu se pagar em apenas três dias em cartaz. Mas será mesmo que é o filme do ano?

Já vou arriscar meu pescoço e dizer: não, não é o filme do ano. Embora a promessa seja de um drama politizado ele acaba se revelando um filme de ação com ótimos efeitos e que se esforça para nos dar uma história convincente e surpreendente. Não se engane achando que não gostei do filme – eu adorei! – mas esperava muito mais da dupla Jackson-Blomkamp. Eles conseguem criar um argumento interessante, com os aliens exilados em uma favela, o tal Distrito 9 do título, e todos os problemas que são comuns a esse ambiente (violência, contrabando…), mas se limitam a apenas citar os problemas sem jamais fazerem uma análise mais profunda da situação.

O filme começa com a proposta de desalojar os aliens do Distrito 9 e levá-los para um outro local mais seguro e mais isolado. Mas para isso é necessário que cada alien, ou camarão como são chamados, aprovem essa ação de despejo. A situação começa a ficar fora de controle quando Wikus van der Merwe (atuação impecável do novato Sharlto Copley), o responsável por essa operação, entra em contato com uma estranha substância e começa a se sentir mal… Contar o que acontece é estragar grande parte do filme, mas digo apenas que a jornada do herói de ser perseguido por seus próprios companheiros não é novidade alguma. Adicione aí uma esposa desiludida, um sogro vilão e um soldado durão e temos a fórmula perfeita de qualquer filme de ação por aí. Mas então o que fez o sucesso de “Distrito 9”? Adicionaram extraterrestres na fórmula. E assim, mesmo com seus defeitos, o filme consegue se safar pois traz a ilusão de originalidade a uma fórmula já batida.

Quem consegue fazer a fórmula funcionar em grande parte é o elenco. Formado por atores em sua estréia nos cinemas eles dão um nível de realismo que seria impossível de conseguir se tivessem escalado nomes conhecidos do público. Destaco a atuação do Sharlto Copley como Wikus que consegue imprimir uma ingenuidade e uma determinação ao personagem. Se começamos odiando Wikus e a sua relação com os camarões, terminamos sentindo pena dele e o seu destino inevitável. Nem preciso comentar dos efeitos especiais, certo? Peter Jackson e a WETA (correção, a empresa responsável pelos efeitos do filme foi a Image Engine Design) fazem milagres com a computação gráfica do filme. Desde o primeiro momento em que surgem na tela, os camarões são assustadoramente convincentes.

Outro grande trunfo do filme é a utilização de uma filmagem estilo documentário, com depoimentos de especialistas e familiares dos que estavam envolvidos nos acontecimentos. Esse tipo de filme “falso documentário” já se provou extremamente eficiente em títulos como “A Bruxa de Blair”, “[REC]” e “Cloverfield”, aqui não é diferente. A câmera entra tremendo no meio da ação e jamais perdemos um detalhe sequer. Ponto para Blomkamp, que na sua estréia na direção prova que tem talento de sobra. Uma pena que o roteiro do filme não chega a contribuir.

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