Nem questão de vestibular ou prova, muito menos pedido de namoro ou casamento. A pergunta que me fez ficar pensando por quase uma semana antes de responder surgiu quando eu estava finalmente completando meu perfil na PlayFire – o chamado “Orkut” dos games.
Já faz um tempo que entrei pra PlayFire (que em breve vou esmiuçar aqui no Portallos) mas só agora depois de ver as “novas novidades” e o inteligente esquema de dar pontos para cada coisa que você faz que me empolguei a completar o meu perfil.
E lá estava a derradeira pergunta, em apenas duas palavras, com uma caixa de texto logo em seguida, aguardando a minha resposta de quatro digitos.
Gamer since: _ _ _ _
Na verdade não é bem uma pergunta, mas sim uma afirmação. “Gamer desde: _ _ _ _.” Mas a raiz da crise existencial que tive para responder (ou preencher, tanto faz) essa informação vai muito além.
O quê exatamente é um “gamer” ? Será que é simplesmente quem sabe e acompanha, ainda que de longe, os games? Que joga de vez em quando para se divertir, nem que seja paciência no computador, ou aquela cobrinha come-come no seu celular usando e abusando das teclas 2 – 4 – 6 – 8 (Snake, para os íntimos)?
Ou será que para ser mesmo gamer a pessoa precisa ter algum console ou portatil, e uma quantidade razoável de jogos? Esse era o primeiro problema.
Definido isso (que aliás não defini nada, só sei que sou gamer e pronto) vinha a segunda parte do momento filosófico: mas desde quando eu sou gamer?
Existiria quem sabe algum gene que tornasse certos seres humanos pré-dispostos a se maravilharem com as possibilidades apresentadas pelos videogames, e a mágica que acontece na tela quando se aperta alguns botões (ou se mexe algum controle, ou se toca na própria tela…)?
Ou será que para se tornar gamer a pessoa precisa ser de alguma forma “apresentada” aos games? São tantas pessoas no Brasil e no mundo que parecem simplesmente ignorar a existência deles (recuso-me a acreditar que eles não saibam, ou pelo menos nunca tenham visto algo a respeito) que talvez essa seja a resposta.
No meu caso, por exemplo, meus pais tinham e jogavam um Atari (e sim, me deixavam jogar) e meus primos um Super Nintendo e um deles um Game Boy (ah, o Game Boy…). Então desde muito cedo cedo mesmo eu já sabia que eles existiam – mas ainda assim não era um “gamer”. Sem contar que já acompanhava uma ou outra publicação especializada, e meus olhos brilhavam sempre que eu via algo do gênero (e sim, eles ainda brilham).
No final das contas, que não foram poucas, cheguei à uma conclusão: 2003 é o ano. O mágico ano quando comprei, por incríveis R$ 30,00 um Game Boy Color do modelo Roxo-transparente sem a tampa das pilhas, com os cartuchos Donkey Kong Country e Pokémon Gold (infelizmente em “versões” que deixariam Miyamoto e cia. Com vergonha de mim, e quem sabe até raiva) de um professor e amigo meu, na 8ª série.
E assim começou minha vida gamer – que hoje aliás está melhor do que nunca. Com a dupla dinâmica DS e DSi, um PS2 que comprei por impulso (e na vontade de jogar Gran Turismo, Metal Gear e outros), e uma coleção de games que me renderia muitos pontos no Clube Nintendo. Mas aí vem a pergunta final:
Será que existem ex-gamers?
Se existem, não os conheço. Eu é que não serei um deles!