Postão Final Fantasy: sobre XIII, remake VII, Fabula Nova Crystallis e o futuro
Porque falam tanto disso que vale mais a pena comentar tudo de uma vez
Com o lançamento de Final Fantasy XIII a menos de 20 dias de distância, que tal uma compilação do que tem se falado sobre o jogo nesses últimos dias? E não só sobre ele, mas sobre a série em si e também quanto ao “remake de FFVII“, que parece ser um assunto imortal. Também temos as primeiras imagens da versão de Xbox 360 do jogo liberadas pela Square Enix, mas achei meio injusta a comparação… parecem tiradas de uma TV de baixa resolução, realmente duvido que o 360 mostre gráficos assim. Na verdade, até disseram que analisaram as imagens e que o jogo estaria rodando a 576p (???), ao invés da resolução nativa da versão para PS3, 720p. O jeito é esperar por vídeos in-game.
Dê uma olhada depois do continue e, se tiver coragem, leia até o final, haha.
Reviews negativos de Final Fantasy XIII
Eu já tinha feito um post aqui falando sobre as opiniões um tanto negativas que FFXIII vinha recebendo das pessoas que jogaram a versão japonesa, principalmente em relação a sua linearidade. O diretor do jogo, Motomu Toriyama, disse em entrevista que isso pode ser apenas uma questão da forma como o jogo está sendo avaliado:
“Achamos que muitos críticos estão olhando para Final Fantasy XIII de um ponto de vista ocidental. Se pararmos pra analisar os WRPGs, eles simplesmente largam o jogador num grande mundo aberto e o deixam fazer o que quiser… Mas é bem difícil contar uma história interessante quando se tem tanta liberdade.”
O produtor, Yoshinori Kitase, na mesma entrevista, diz que as críticas também foram feitas porque o jogo é mais linear no início:
“Tentamos não dar muita atenção às críticas. A maioria delas é devido ao fato de que a primeira metade do jogo é bem linear, mas nós temos uma história pra contar, e é importante que os jogadores sejam cativados pelos personagens e pelo mundo do jogo antes de os deixarmos livres…”
Será mesmo, gente? Não joguei pra saber, mas será mesmo que o único jeito de se contar uma boa história, que prende o jogador e tudo mais, é fazendo ele não ter muito controle sobre o que acontece? Heavy Rain saiu esse mês e talvez prove o contrário. Toriyama ainda continuou dizendo que o mapa e as batalhas foram feitos para funcionarem como parte da história para que os jogadores possam se sentir como os próprios personagens, e que para conseguir isso a história tem que ser em ritmo frenético (e linear) até o capítulo xyz (é spoiler, então não vou dar o número do capítulo, né).
Seguindo a linha das críticas que XIII vêm recebendo, a ausência de cidades (na verdade, há sim algumas delas, apenas em quantidade bem menor que nos outros jogos da série) foi explicada por Kitase e Toriyama: é muito difícil fazer cidades em full-HD para plataformas como o PlayStation 3.
“Considerando o imenso trabalho de se fazer gráficos em HD, é difícil fazer cidades da forma convencional.”
E isso serve também para responder sobre como seria complicado fazer um remake de FFVII. Na época, os gráficos do jogo eram lindos, mas todo mundo jogava em TVs tubão 4:3, e não nos monstros HD em 1080p de hoje em dia, como Mike Schramm, do site Joystiq, lembrou muito bem. Assim, é óbvio que o trabalho artístico necessário para fazer o remake ter a mesma proporção épica que o original seria monstruosamente maior do que foi na época.
Tetsuya Nomura, designer da série Kingdom Hearts e de vários Final Fantasy, disse já há algum tempo que não acreditava que esse remake seria feito em breve, e Kitase também concorda, falando novamente da dificuldade de se fazer jogos para PS3 da mesma forma que se fazia jogos antigamente e que os gráficos demoram tempo demais para serem feitos (ele ficou realmente traumatizado com os 4~5 anos de desenvolvimento de XIII, não acham?).
Numa entrevista mais recente para o site GameTrailers, porém, Kitase parecia bem mais otimista em relação à ideia desse remake, e falou mais longamente sobre isso:
“Final Fantasy VII foi, obviamente, lançado para PSOne. A animação era muito simples e não havia voice acting, mas à medida que o hardware evolui, pode-se fazer muito mais por um jogo. As capacidades gráficas são melhores. Então de certa forma tenho bastante interesse em ver essa forma mais completa e realista de FFVII, com vozes, animações e todas aquelas expressões sutis.”
Também disse que criar essa forma mais completa seria uma “experiência incrível” e que sim, gostaria de trabalhar nesse jogo um dia… um dia! E isso só faz mal pros corações dos fãs. Deixa esperança mas também se mostra pessimista em relação ao “modo de preparo” de tal jogo. Convenhamos, também, FFVII é um dos maiores tabus da Square Enix. Imagina se eles iam deixar fazerem um remake de sua obra mais aclamada (justa ou injustamente, o fato é que é) que não marcasse época? É realmente complicado reviver esse tipo de coisa, principalmente porque dificilmente veremos um avanço tão grande quanto a transição 2D para 3D, e CGs eram algo de outro mundo na época de lançamento desse jogo.
Série Final Fantasy e Fabula Nova Crystallis
E para o futuro? O que esperar? Quais as próximas mudanças na série? Não há planos para DLCs de FFXIII; Kitase diz tem criado um jogo completo e que então 100% dele virá na caixa que os jogadores comprarem, mas não é bem assim para os próximos jogos:
“Isso não quer dizer, porém, que DLCs estão fora de questão para futuros Final Fantasy. As equipes de desenvolvimento estão bem interessadas em pensar sobre o que pode ser feito nos próximos jogos, e estamos definitivamente abertos a considerar essa opção.”
Se com “futuros” ele quer dizer jogos não anunciados ou mesmo Versus/Agito XIII, não saberemos até alguém perguntar pra ele. Aliás, falando nesses dois e considerando o que o pessoal discutiu com o Thiago nesse post, falando que “ah não, Versus não vai pra outras plataformas”, bom… olha aí a opinião do cara:
“Vemos claramente que o mercado global tem evoluído quanto à série Fabula Nova Crystallis e ao futuro da série Final Fantasy como um todo, e apesar de no momento não termos nenhuma mudança de planos sobre o que foi anunciado para jogos como Agito ou Versus XIII, dependendo de como as coisas acontecerem, vamos continuar nos adaptando e criando jogos que melhor combinem com o mercado.”
Ou seja… tudo depende das vendas de FFXIII, seja no PS3, seja no 360. Ah, as flamewars. Gente, vamos encarar isso do ponto de vista financeiro. Um jogo que teve seu desenvolvimento iniciado no PS2, que “sofreu” anos de hype pesado, que certamente consumiu alguns dos cofres da Square Enix durante o desenvolvimento e que está estreando as Crystal Tools da empresa… bom, há 5 anos atrás a plataforma para ele seria obviamente o sucessor do imenso sucesso chamado PS2, mas quem saiu na frente nessa geração? Qual o videogame HD que está em mais lares nos EUA? No Japão a coisa é bem diferente, mas a Square tinha que ter certeza de que arrancaria o maior lucro possível desse projeto de louco.
Se a versão de 360 conseguir vender o mesmo número de cópias que a versão de PS3 nos EUA, por que, pensem bem, Versus não seria lançado para ele também? A Sony poderia muito bem molhar bem a mão da Square, sim, é possível e talvez até provável dependendo do que acontecer depois de 9 de março, mas não há de fato segurança alguma de que os outros jogos Fabula Nova serão exclusivos. Como dona de um PS3, posso dizer que até gostaria de queimar a língua; ter um console com exclusivos de peso faz bem pro ego do fanboy interior, mas como já disse outras vezes, a era multiplataforma está cada vez mais visível no horizonte, e acho que ela será uma boa evolução para a indústria de jogos.
Pra fechar, algumas curiosidades e quotes finais
Bom… já falei demais, né? Hahaha, deixa eu só finalizar com algumas coisas interessantes. O diretor Toriyama disse ao Kotaku que FFXIII não segue o “padrão” dos JRPGs intencionalmente, e que de certa forma ele se parece com jogos FPS, como Call of Duty. Como assim?!
“O sistema de progressão básico dos RPGs é ir em cidades, se preparar para batalhas nas lojas e então sair à luta. Final Fantasy XIII não tem cidades nem lojas – é mais como se os jogadores fossem jogados em uma história e apresentados a diferentes situações à medida que progridem no mapa, ciclo que vai sendo repetido. Por esse ângulo, ele é parecido com o gênero FPS, como Call of Duty. Não que o jogo seja de tiros e ação, mas ele pega aspectos de vários gêneros diferentes, transcendendo através de vários tipos diferentes de jogos.”
Hurm… não sei se entendo o ponto de vista dele, mas falou, tá falado! E também ninguém precisa se desesperar achando que veremos um Cloud Strife de sniper dando headshots em Cactuars, Toriyama logo acrescentou que a série provavelmente nuca adotará a perspectiva de um FPS, e que os conceitos trabalhados pelas equipes são baseados em um personagem que sempre apareça na tela e em batalhas que pareçam empolgantes.
Kitase também comentou brevemente sobre o hype criado em cima do jogo:
“Como o jogo tem Final Fantasy no nome, os jogadores adotaram uma visão mais severa e criaram altas expectativas. Eles realmente pegavam cada aspecto do jogo e os explodiam fora de proporção, principalmente antes de seu lançamento.”
E Yuji Abe, responsável pelo sistema de batalha do jogo, revelou algumas coisas interessantes sobre os Eidolons, como são chamados os summons dessa vez. O sistema foi feito para ser “rápido e necessitar de muitas tácticas”, “proporcionar uma experiência visual empolgante, mas ao mesmo tempo fazer o jogador controlá-la”, e uma das inspirações para as “notas” recebidas ao término de cada batalha é o gosto do designer por jogos com sistema de high scores.
Sobre os Eidolons, mais especificamente sobre seu modo Gestalt, Abe disse que originalmente eles não eram “dirigidos” pelos personagens, o conceito era apenas de que esse modo seria um elemento surpresa em que os summons mudariam completamente.
“Uma das coisas que mudou desde o conceito original é que Odin a princípio se transformava em uma espada (e não em um cavalo), mas depois que decidimos fazer as irmãs Shiva se transformarem em uma moto, acabamos optando por fazer todos os summons virarem algum tipo de montaria.”
Hum… eu sinceramente achava mais original quando só o Snow tinha esse diferencial de “summon dirigível”. Apesar do Odin cavalo ser bem legal, aquela espada da Lightning realmente teria outro significado se as coisas não tivesse mudado. E algumas formas Gestalt, como o carro de Sazh (inspirado pelo modelo Toyota Prius, segundo Abe), simplesmente não se encaixam com a atmosfera Final Fantasy, na minha humilde opinião.
Gente, ufa, era isso. Realmente, escrevi coisa pra caramba, desculpem a leitura cansativa. Deixo vocês com os vários links que usei de fonte e com as imagens (que continuo achando suspeitas, mas que enfim, foram liberadas pela própria Square, então vale a pena postar) da versão de 360 de Final Fantasy XIII. Acho que não volto a falar disso tão cedo por aqui. XD Mas não prometo, hein!
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Links: Kotaku, Kotaku, Kotaku, Kotaku, Kotaku, Joystiq, The Lost Gamer