Alerta! Alerta!
Risco de spoiler! Se você é alérgico, não continue!
Um drama mamão-com-açúcar típico da Sessão da Tarde
“Um Sonho Possível” por pouco não foi lançado diretamente para dvd. Com uma repercussão pífia lá fora, o filme só começou a fazer barulho após a indicação de Sandra Bullock para o Globo de Ouro de Melhor Atriz (que ela acabou ganhando) e por fim a sua indicação ao Oscar na mesma categoria (que ela também ganhou). Mas a grande pergunta é: o filme é realmente tudo isso?
A resposta é um estrondoso NÃO! Baseado no livro “The Blind Side: Evolution of a Game”, que conta a história de Michael Oher, atual atacante dos Baltimore Ravens. Filho de mãe viciada, Michael teve aquela infância sofrida: não consegue se fixar em um lar adotivo, é negro, gordo e parece alheio ao mundo ao seu redor. Rumando para um destino nada agradável, surge em cena a família Tuohy, que decide ajudar o rapaz simplesmente porque “é a coisa cristã a se fazer”. É o típico filme de superação com ajuda dos esportes que os norte-americanos tanto adoram. A história de vida de Michael Oher e a decisão da família Tuohy em ajudá-lo é realmente muito inspiradora, mas vendo tudo aquilo condensado na tela grande fica tudo muito meloso.
Talvez nas mãos de um diretor mais competente, o filme poderia se tornar algo mais. Falta coragem a John Lee Hancock em arriscar um pouco mais. Não há em “Um Sonho Possível” uma cena digna de nota ou de lágrimas, tudo é muito simples e raso. Se Michael foge de casa, logo ele liga para sua mãe adotiva ir buscá-lo. Se Michael é interrogado sobre as intenções da família Tuohy, logo ele solta uma frase de efeito que parece resolver tudo. E o filme é todo assim, cheio de problemas fúteis e soluções fáceis.
Agora para o grande chamariz do filme, a atuação de Sandra Bullock. O que dizer? Ela faz sim um trabalho correto de atuação, mas assim como o restante do filme, lhe falta coragem para arriscar. Claro que se compararmos aos seus trabalhos anteriores, aqui Bullock alcança o seu ápice. Mas se compararmos com outras atrizes de sua geração, Bullock fica muito abaixo do esperado para uma ganhadora do Oscar. Para o restante do elenco não sobra muito espaço em tela (o filme é quase todo dela), mas eles também conseguem fazer um trabalho correto. Exceto talvez o ator mirim Jae Head que interpreta o caçula da família Tuohy de maneira tão irritante e estridente, que só me fez ter antipatia pelo personagem. E Quinton Aaron, que interpreta Michael Oher, que deveria ser o foco principal do filme, fica ofuscado tanto pelo roteiro quanto pelo restante do elenco. Uma pena, pois ele foi a única coisa do filme da qual eu realmente gostei.
“Um Sonho Possível” teria tudo pra dar certo, afinal não faltam bons filmes com esportes por aí. Mas apesar de um bom argumento, o filme não consegue sair do lugar comum.