Cinema: Chico Xavier – Eu Fui!
CUIDADO! Risco de Spoilers! Se você é alérgico (ou ainda não viu o filme) se afaste!
Antes de falar desse filme, tenho que tomar uma posição sobre o tema dele. Sou ateu, mas nem por isso, vou “meter o pau” no filme, alegando que tudo aquilo é mentira, nem vou mudar do nada minha posição, falando que tudo aquilo é verdade. Aqui, estou analisando a versão da vida do “mediun” (o qual interpreta, encarna… faz ponte com o mundo espiritual) contada por Daniel Filho.
Bem, após o “Continue Lendo” eu conto o que eu achei do filme.
Tudo começa e se desenrola na gravação do Programa “Pinga-Fogo” onde Francisco Xavier é entrevistado. A cada pergunta, o personagem histórico vai respondendo conforme a gravação original do programa (a qual é mostrada durante os créditos finais do filme) entre cada pergunta, um trecho de sua vida é mostrada. Isso começa desde criança, onde já possuia sua capacidade de ver e conversar com o “plano espiritual”, principalmente com sua mãe. O pequeno menino, vivia zombado pelos coleguinhas e era muito judiado pela madrinha, a qual encarava suas manifestações como coisa do demônio. Nessa parte também entra um dos mais importantes personagens do espiritismo, mas não teve tanto foco, até mesmo para não ofuscar o personagem principal. Esse era o Padre, conselheiro, mas que tentava catequizar a criança (o futuro médium até desejava “tirar as coisas ruins” do seu corpo, mas não conseguia…).
Se voce acha que o filme fica simplesmente ficaria nessa entrevista, com trechos da vida de Chico, bem, voce está errado. Personagens secundários a trama, tal como o produtor do “Pinga-Fogo” e sua esposa (interpretados por Tony Ramos e Cristiane Torloni) garantem as partes mais emocionantes do filme, mas claro, todas graças ao médium. As cenas que mostram a psicografia (o ato do médium escrever “cartas” dos mortos para os seus parentes, amigos, vivos) do filho do casal (morto por uma bala, disparada por seu melhor amigo, enquanto brincavam com uma arma) e a reação da mãe, a negação do pai, até o momento final do filme são simplesmente P-E-R-F-E-I-T-O-S.
Foi o filme que realmente me fez chorar, foram lágrimas de tristeza, imaginando principalmente o sofrimento da mãe, mas também foram lágrimas de alegria, pois sempre via na expressão dos atores que interpretaram o mineiro de dons sobrenaturais, a felicidade, mesmo vendo tanta angústia a sua frente, principalmente pelo ato de ajudar essas pessoas. Isso já era objetivo de vida meu, vendo esse filme, putz, não tenho noção do quanto isso se extendeu.
Mas o que mais me cativou no filme, foi uma jogada extremamente não planejada. Bem, planejada foi, mas quem garantiria que Chico contaria uma história na qual contradiz seu “Guia Espiritual” (seu companheiro espirito na missão de encontrar a paz) no meio de um avião em turbulência? Bem, Daniel Filho se apropriou completamente disso, e mesmo após eu cair em lágrimas (devido à entrega da carta) eu consegui mudar totalmente a minha expressão e acabar caindo na gargalhada. Isso em questão de, aproximadamente, 2 minutos.
Em questão técnica do filme, ouso dizer, um dos mais bem feitos aqui dentro do nosso país. As transições de cena muito bem planejadas, com efeitos de transições muito bons, um contraste bem aplicado em determinadas horas, sem contar nas atuações. Foram 3 atores usados para interpretar Chico. , o menino Matheus Souza, em sua fase jovial Ângelo Antonio e Nelson Xavier na maturidade. O ultimo, se parece demais com o original, e ainda sim, consegue passar uma mensagem longe da religião. Todos os personagens secundários conseguiram entrar muito bem em seus papéis, por mais curtos que fossem, não houve nenhuma atuação que eu possa ter julgado ruim, e isso é ótimo em um filme nacional!
Por ultimo, tenho duas coisas a falar. Vá! Assista! Independente de sua crença no mediun, foi um filme muito bem produzido. Possui um tema extremamente ligado a religião, mas é longe de ser preso a isso, como eu imaginava que fosse. Pelo contrário, é um filme que tem sua essencia, a solidariedade, mostrada por atores interpretando um homem, na qual seus seguidores alegam ter um dom. É um filme que te motiva a ajudar o outro, você não sai pensando: nossa, ele era bom, ele podia. Você sai pensando: ele era uma pessoa boa, fez muita gente feliz denovo, olha como isso é bom! O filme termina com uma coisa que você sente da forma como se relembrasse uma antiga piada interna com um parente. Chico havia dito ao seu “Guia” que só morreria quando o Brasil inteiro estivesse feliz. E o mesmo morre, dez horas depois de o Brasil ter ganho a Copa do Mundo de Futebol, em 2002, um dia de festa.
A ultima coisa, não é exatamente minha, mas é a conclusão da crítica do mesmo filme, produzida pelo Omelete.com.br, e que faz um paralelo com o ultimo filme biográfico brasileiro, o filme do nosso ilustre presidente.
Ao contrário de Lula – O Filho do Brasil (2010), Chico Xavier se apresenta como uma biografia sincera, sem melodramas, desmistificando o santo e o transformando em homem.