O mercado de anime por aqui envolve as coisas legalizadas, como alguns produtos importados, licenciados e distribuídos para venda (muito poucos), os mangas – também licenciados, revistas especializadas no assunto, os Dvds – licenciados ou não, e os eventos de anime e seus respectivos estandes de lojas. E são esses últimos, os que têm mais curiosidades a serem reveladas.
Os eventos de anime do país são realmente esperados pelo público. Têm lá seus defeitos, como filas, preços altos de alimentação… Alguns eventos de menor porte apresentam estrutura totalmente inadequada, entre outras coisas. Mas, o público gosta mesmo é de comprar nas lojinhas, investir em seus cosplays, aproveitar a “pegação” (os abraços grátis e beijos a 0,50 centavos), curtem as filas doidas, “genki damas”, shows, dubladores etc. E o fato é que, mesmo que reclamem em comunidades do Orkut, abram discussões calorosas sobre as atrações iguais em todos os anos e coisas do tipo, os eventos continuam lotados.
Um evento de médio porte, com público a partir de 5 mil pessoas, em 2 dias, fatura, em média, 100 mil reais, com ingressos e estandes de lojas (que custam de R$800 a R$4500 a depender do tamanho do evento). Os grandes eventos, de 30 mil a 150 mil pessoas, faturam de 450 mil a 3 milhões de reais! (Não acho que devemos citar os nomes dos respectivos eventos). 80% das lojas são legalizadas: têm CNPJ, pagam seus impostos (na medida do possível, é claro) e vivem disso mesmo: quitam suas contas diárias como comida, escola dos filhos e tudo o mais que as pessoas normais pagam.
Dessas lojas, poucas importam direto. A maioria é de camisetas, pôsteres, bottons e acessórios diversos (como colares, chapéus etc.) de fabricação própria mesmo, nacional. Ainda não existe, digamos assim, uma grande loja no Brasil especializada no assunto. Isso porque 90% dos produtos não são licenciados de verdade – ou seja, as empresas que fazem os animes não recebem nada. É por isso que se acha tão pouco em “lojas tradicionais” relacionado à anime (diferente da oferta de Max Steel, Ben 10, Transformers, Star Wars e outros).
Com certeza, a maior parcela do mercado está mesmo em São Paulo. Os maiores eventos, as maiores lojas e a maior movimentação financeira. É mesmo uma questão cultural. Para se ter uma ideia, mesmo com toda a globalização de ideias e internet, a grande marioria dos que gostam de anime no Nordeste ainda não conhecem Reborn, Fairy Tails, Elfen Lied entre outros ou estão conhecendo agora. Não estou incluindo a galera que curte Portallos e é antenada mais no assunto, ok?
Em alguns eventos, acredite se quiser, os 20% de lojas restantes não têm nenhum tipo de legalização. Ou seja, são pessoas comuns que compram pela internet, ebay, amazon e cia, pagam um estande e se arriscam em vendas no fim de semana. De fato, isso reduz os preços de alguns produtos (já que não pagam impostos), mas, reduzem a qualidade bastante, já que esse tipo de “loja” torna-se “especializada” em itens “alternativos”.
Por fim, enquanto o resto do mundo tem acesso direto e barato a itens de ponta (a coleção Naruto atual, da Toynami, por exemplo, custa 13,95 (dólares) cada boneco. No Brasil é vendido a R$150,00, pelas poucas lojas que têm esses itens), nós ficamos com a parcela Made in China do mercado (claro que temos várias vendedores que são exceções – mesmo que não sejam “lojas de verdade”). Isso não é porque há um má intenção dos lojistas, eventos, etc. A verdade é que nenhuma loja do país teria condições de legalizar a distribuição destes produtos da forma correta. A não ser a Long Jump (que trás Pokemon, Domo Kun e algumas coisas mais), Piziitoys (Final Fantasy), eu desconheço empresas grandes que trazem as coisas legalizadas. Além da questão financeira, de ter capital para investir tanto em licenciar e distribuir, além do pouco conhecimento e interesse, entram aí as barreiras do país, afinal, para importar, as lojas pagam muito mais do que os 60% de pessoa física e a questão do Inmetro – que custa cerca de 2 mil reais por cada lote de produto importado!
Então, sobram mesmo os eventos de anime e aí fecha o ciclo que faz o Mercado de Anime (“semi-informal”, eu diria assim) do Brasil.