Especial Literário: O Senhor das Moscas – William Golding (por Sofia Aveline)
Nessa semana de comemoração Portallística ao dia do livro, e depois dos posts do Araphawake, do Pikachu, do Gabriel, do Théo Medeiros e do PRLS, chegou minha vez de comentar sobre algo que gostei de ler, então, confira depois do continue!
Folhear as páginas de um bom livro, sentir as palavras, conhecer as personagens e mergulhar em outro universo, em outras realidades. O melhor do livro não é apenas conhecê-lo mas é também permitir que ele te conheça. O livro é uma obra de arte que carrega vidas, ensinamentos, piadas, imaginação, conflitos, dramas, enfim, carrega palavras vivas. Temos que comemorar isso! Tenho uma longa lista de livros sobre os quais poderia comentar, mas o objetivo é escolher apenas um, aquele que deixou a sua marca presente até hoje. Então vamos ao livro e ao comentário.
Livro escolhido: O Senhor das Moscas escrito por William Golding – data de publicação 1954.
Li essa obra como leitura obrigatória no ano retrasado, e ocorreu um fenômeno bem interessante depois disso: somente eu e mais dois colegas gostamos do livro. Isso de uma sala de 50 alunos. Mas, como pode? Bom, O Senhor das Moscas não é uma leitura leve, então apesar de muito bem escrito e sendo incrivelmente fácil de ser lido, seu conteúdo não poderia, de fato, cair no gosto da maioria dos jovens de 15 anos.
Contando a história de um grupo de meninos que ficaram isolados em uma ilha deserta do Pacífico quando o avião que deveria evacuá-los de uma cidade alvo de bombardeios caiu, Golding fez uma verdadeira análise da natureza humana, mesmo que influenciada por sua visão de que “Qualquer pessoa que tenha passado por esses acontecimentos terríveis [Golding lutou pela marinha britânica na 2ª Guerra Mundial] sem entender que o homem produz o mal como a abelha produz o mel estava cega ou louca.”.
Os meninos, entregues à própria sorte e sem noções de formas de organização de sociedade, passam por fases distintas, desde o deslumbramento pelo natural e a escolha de um líder simpático à divisão entre dois grupos rivais que passam a lutar por sobrevivência, à morte de integrantes e à entrega total às condições extremas em que vivem, perdendo todos os receios e pudores que antes lhes eram impostos. Não posso exemplificar a escala dessas mudanças, pois está aí o principal elemento do livro, mas deixo-os avisados que, além dessa mudança coletiva, os meninos mudam interna e individualmente também, sendo os principais quatro ou cinco personagens muito bem trabalhados.
Pessoalmente, considero O Senhor das Moscas digno, sim, de ter recebido um Nobel de Literatura, mas também já conversei sobre o livro com algumas pessoas que respeito pelo bom gosto e que não concordam comigo [na verdade, como o leitor Giordano apontou, o prêmio Nobel de Literatura é dado ao escritor, e não a uma obra específica sua, então ignorem esse comentário XD]. É uma obra que recomendo muito, achei-a muitíssimo interessante, e gosto principalmente do fato de ela apresentar uma reflexão sobre os humanos sem se parecer, em momento algum, com algum livro didático ou de auto-ajuda. É uma história do começo ao fim, e uma história que, acima de tudo, vale a pena ser lida.