Especial Literário: As Intermitências da Morte – José Saramago!
Continuando a nossa Semana Literária (já leram o post do Araphawake, do Pikachu, do Gabriel, do Théo Medeiros, do PRLS, do Pedro Duarte, do Mauri, da Dakini e do Ovelha) agora chegou a minha vez de falar de um livro marcante.Durante esta semana (até sexta-feira) cada um da equipe irá postar sobre um livro que tenha gostado ou que tenha se destacado. Então, se preparem para receber uma lista de sugestões de leitura que poderá ou não agradar, depende do gosto de cada um. Seja como for, ler é sempre bom!
Folhear as páginas de um bom livro, sentir as palavras, conhecer as personagens e mergulhar em outro universo, em outras realidades. O melhor do livro não é apenas conhecê-lo mas é também permitir que ele te conheça. O livro é uma obra de arte que carrega vidas, ensinamentos, piadas, imaginação, conflitos, dramas, enfim, carrega palavras vivas. Temos que comemorar isso! Tenho uma longa lista de livros sobre os quais poderia comentar, mas o objetivo é escolher apenas um, aquele que deixou a sua marca presente até hoje. Então vamos ao livro e ao comentário.
Livro escolhido: As Intermitências da Morte – José Saramago.
Leiam o comentário após o “continue lendo”.
De cara já aviso que considero Ensaio Sobre a Cegueira, do mesmo autor e mais popular, um livro melhor, e era minha escolha para o especial, mas como li As Intermitências da Morte muito antes, acabei criando um certo apego por ele. Mas ambos valem a pena, se puder, aconselho a leitura dos dois =)
Quase pesquiso (na Internet ou com amigos) antes de comprar um livro, pois assim evito de ler metade do livro e abandonar por não ter gostado. Porém, certo dia estava a toa no shopping (sim, Campo Grande – MS tem UM shopping, ou tinha =P), resolvi gastar um tempo em uma livraria. O que me chamou a atenção foi o título do livro, As Intermitências da Morte, além de que estava curioso para saber como era um livro do Saramago, apesar de achar que seria chato (imaginei que quem ganhasse um Nobel escreveria coisas cultas e complicadas…). Mas assim que comecei a ler os primeiros parágrafos, já sabia que era compra certa. Acho que só a frase inicial seria suficiente na verdade: “No dia seguinte ninguém morreu”.
E a primeira metade do livro trata exatamente disto: o que aconteceria, se em um país fictício, as pessoas parassem de morrer? O que não te faz querer parar de ler é o desenrolar dos fatos, do começo onde tudo é alegria, até começarem a surgir os problemas, idosos e enfermos que não podem morrer e terminar seu sofrimento, hospitais lotados, funerárias sem ‘matéria-prima’, e mesmo a religião é afetada, pois segundo o cardeal, “sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja”. Mas existem outras questões, como, se neste país ninguém morre, e no resto do mundo? Como se dá as relações com os outros países? Chega um ponto que até a máfia se envolve nessa história (ou máphia, já que o livro está escrito no Português de Portugal, mas não se preocupem, é tranquilo de ler =)). A segunda metade ocorre a personificação da morte, e confesso que não achei tão divertido quanto a primeira, mas prosseguimos até o final para saber como termina a história.
O tema do livro é bem parecido com o de Ensaio Sobre a Cegueira, e enquanto neste as pessoas repentinamente param de enchergar, no Intermitências as pessoas param de morrer. Também é possível identificar clara crítica a sociedade moderna (retirei essa frase/termo da Wikipedia, mas realmente se encaixa muito bem no que são os livros) em ambos os livros, mas as histórias são tão imersivas que tal aspecto vem de forma natural. É bom parar para refletir, ao menos de vez em quando =)