Uma estréia bacana rolou no canal americano ABC (o mesmo de Lost) esta semana que terminou: Happy Town. Não é a série mais original do mundo, pelo contrário, a ABC até andou divulgando a série comparando-a com a clássica Twin Peaks, que alias nunca assisti (será que vale a pena tirar o atraso?). É a típica série que retrata o universo de uma pequena cidade no meio de nada, com aquelas comunidadezinhas pacatas, de interior onde nada nunca acontece, mas que quase todos os seus habitantes tem lá seus segredos obscuros. Porém, e óbviamente, algo misterioso acontece e isso irá mexer com a rotina de toda a cidade e irá colocar alguns esqueletos fora dos armários de uma porrada de personagens. Happy Town mexe com essa fórmula, não inova em nada a julgar pelo piloto, mas nem por isso se torna desinteressante, já que atualmente não há nada do gênero na TV, alias não vejo uma série assim já a algum tempo, o que torna esta um pouco empolgante pra mim.
A cidade de Haplin tem uma história macabra em seu passado. A cerca de doze anos atrás, uma pessoa desapareceu misteriosamente, sem deixar qualquer pista. Após este acontecimento, a cada ano outra pessoa desaparecia, e isso aconteceu durante sete anos consecutivos. As pessoas apelidaram o susposto sequestrador como “O Mágico” (Magican Man no original). Não se sabe como, porque ou o que aconteceu com estas pessoas. Depois destes setes anos, os sequestros simplesmente pararam. Cinco anos se passaram e é aqui que começa o piloto de Happy Town.
A cena inicial, revela um assassinato, a vítima aparentemente sendo torturada, diz que vai contar ao vulgo tudo que ele quer saber, sussurros acontecem e no fim da cena, a misteriosa figura mata a vítima, de uma forma bem peculiar alias. E este é o assunto principal do início da nova série. Uma cidade pacata, onde a maioria da força policial nunca chegou sequer a trabalhar num caso de homicído, e agora tem que solucionar o crime, enquanto a sombra do passado parece espreitar novamente a pacata Haplin. E tudo começa a ficar mais sombrio e misterioso a cada minuto que passa do piloto. Mas antes de continuar, vou postar aqui um trailer que mostra muito bem o clima que Happy Town promete ser:
Como trata-se de um piloto (episódio que serve de teste para o canal), os roteiristas apresentam uma série de acontecimentos, enquanto tentam manter o suspense e mistério acerca da cidade, apresentando os personagens, explicando sobre o passado e deixando a história fluir. Admito que fiquei muito admirado como o episódio corre, ficando mais emocionante a cada minuto e sem graves problemas de narração do roteiro.
E não falta figurinhas interessantes na história. Temos o Xerife que começa a falar coisas sem sentido do nada durante todo o piloto até culminar numa curiosa cena onde ele perde o controle total sobre o seu corpo, como se estivesse hipnotizado. Tem o cara meio inglês que mora numa pousada, parece aquela figura do mordomo, sabe? Estranho, bizarro e que durante todo o piloto faz referências ao Mágico e parece que é o culpado por muita coisa, talvez por isso a personalidade meio “mordomo”, já que em muitas histórias clássicas, sempre culpa o mordomo em primeiro lugar. Temos a jovem que acaba de chegar à Haplin, com um passado ainda oculto, que ganha seu destaque no fim do episódio ao descumprir certas regras da pousada. Tem o pessoal do ferro-velho, que não se importam com a lei aparentemente. Há um pai de uma menina que foi a última a desaparecer nos bizarros sequestros do passado que ainda não se conforma como a polícia nunca conseguiu qualquer pista sobre o caso. A própria dona da pousada também é uma figurinha pra lá de estranha, que impede o acesso de qualquer pessoa ao terceiro andar da pousada. Para o pessoal mais jovem, tem o casal meio Romeu e Julieta, pois as suas famílias se odeiam. Existe também uma fábrica de pães, que é de extrema importancia para a economia da cidade, que também coloca personagens chaves dentro dela, como a esposa do cara assassinato no início do episódio. Tem o policial trapalhado e o cara da lanchonete, amigos do filho do Xerife. Enfim, como dá para notar, são uma galeria de personagens, que compõem toda a história da cidade e qualquer um pode ter a chave para o mistério para que rodeia Haplin.
Gostei muito da simbologia da série, que brinca um pouco com isso, como a história da porta azul e com o sinal de interrogação com a áurea do anjo, representando os desaparecidos da cidade. O piloto também não parece ter se preocupado demais com dramalhões, aquelas histórias paralelas que tem como objetivo diminuir a história principal da série. É tudo bem ágil e os acontecimentos parecem importar para o mistério, mesmo os menos insignificantes.
Os cenários também são bonitos, como o lago de gelo ou a própria topografia da cidade, com a fábrica ao fundo, perto das montanhas, e uma floresta bem macabra à noite. No geral, fiquei satisfeito e pretendo acompanhar. A ABC encomendou 8 episódios para começar, já que é uma série de mid-season, mas se der tudo certo, terá uma nova temporada para 2010/2011. Não espero uma série de longa duração, pois pode acabar estragando tudo. Por exemplo, gostei muito do primeiro ano de Desperate Housewives, quanto tinha aquele mistério sobre amorte de Mary Alice Young, que foi solucionado no fim do primero ano. Depois disso, a série praticamente perdeu o sentido. Tentaram claro colocar mais pontos de suspense nas temporadas seguintes, mas o melhor mesmo, foi o ano 1. Com Happy Town espero quenão aconteça algo assim, que dure aí umas duas ou três temporadas e a ABC conclua com a mesma, sem enrolar por muito tempo a história. Mencionei duas ou três temporadas, porque estou considerando que a primeira tem apenas 8 episódios, o que não devem resolver o mistério principal. Se a segunda temporada ganhar 22 episódios, poderia até mesmo concluir aí. Claro que tudo dependerá de como as coisas irão evoluir nos próximos episódios.
Fica então a minha recomendação. Gostei, achei que é um gênero que sempre chama a atenção, a questão é saber trabalhar com tantos personagens e no roteiro, e no piloto não consegui achar problema nestes quesitos.
Elenco: Geoff Stults (Tommy Conroy), Lauren German (Henley Boone), Amy Acker (Rachel Conroy), Robert Wisdom (Roger Hobbs), Sarah Gadon (Georgia Bravin), Jay Paulson (Eli “Root Beer” Rogers), Ben Schnetzer (Andrew Haplin), Steven Weber (John Haplin) e Sam Neill (Merritt Grieves).
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