Agora já podemos ver o encanador mais famoso dos games a dar um passeio na rua. O clássico Mario da Nintendo não encontrou Bowser nem Peach na televisão, então foi procurar nas ruas – literalmente. E não só o encanador está fora das televisões/ monitores, também encontramos outras personagens e muitos canos. Pura arte e capaz de nos fazer refletir. Porém, esse post não é apenas sobre o vídeo.
Game Over?
O Mario segue a sua perseguição de costume e nós gamers o que perseguimos nos jogos atuais? Qual o impacto social nos games e dos games na sociedade? E onde está aquela fórmula de originalidade dos clássicos? E quanto me refiro aos clássicos, não estou querendo iniciar uma “conversa de velho”. Após o continue lendo, assista o vídeo e continuaremos a reflexão.
Já encontrei animações de enorme criatividade e até postei algumas aqui no Portallos, mas poucas foram tão longe quanto a originalidade e a imaginação de Andreas Heikaus, estudante alemão de 28 anos do curso de Ciências e Artes Aplicadas. Nós gamers jogamos os jogos, apreciamos os bons e criticamos todos, tanto os bons quanto aos maus, mas há algo ainda mais importante que inspira a criação de artes desse tipo: a imaginação e a vida que as personagens ganham dentro de nós. Andreas apenas teve a ideia porque é fiel ao NES, o único console que tem e que joga regularmente.
Sem desvalorizar outros aspectos, vale a pena parar para analisar a forma como recebemos os games e os impactos que eles têm em nós – impactos que se manifestam posteriormente de diversas formas! Os games nos inspiram, se fundem a nossa mente e a nossa imaginação, estimulando a criatividade e permitindo explorar situações tão variadas e lugares onde quase tudo é possível. Esse seria o conceito primário dos games que provavelmente mais fascinaram os gamers de “primeira geração”, a liberdade de manifestação. Além disso, sabemos que com a liberdade é possível tornarmos os cantos imaginários das pessoas mais ativos e realizados uma vez que eles podem se manifestar – já temos jogos como uma arte interativa. A arte dos jogos não é só objetiva, ela também reflete emoções.
Parece que estou escrevendo uma análise psicológica, mas não é exatamente essa a intenção. Trata-se de conhecer as pessoas por detrás da produção dos jogos e nós gamers que incentivamos a produção e a indústria. Afinal, os jogos não são apenas códigos, programação e histórias – resultam daquilo que os produtores são e daquilo que nós gamers procuramos neles. O conceito dos jogos sofreu alterações durante os últimos anos, alterações normais já que a mentalidade e o mundo se alteraram assim como a tecnologia.
A questão é: o que nós perseguimos/ procuramos hoje nos games?
Não estou insatisfeito com os jogos atuais, mas não sinto a mesma criatividade, nem a mesma sensação de satisfação completa quando jogo um jogo. O que está faltando? Sinceramente, para mim os jogos estão escassos em originalidade – uma das características principais em destaque deste post. As prateleiras das lojas recebem vários shooters, FPS e TPS, todos os anos, recebem também jogos supostamente novos de uma mesma franquia em que as mudanças presentes estão relacionadas com a aparência e com mudança de alguns detalhes que não alteram a proposta nem a jogabilidade. Exemplo: PES, FIFA, entre outros. Muda a aparência, muda os jogadores, recebe atualizações, alguns poucos detalhes se alteram, mas o jogo mantém-se o mesmo diante uma análise profunda e crítica.
Não estou dizendo que desaprovo os jogos atuais, que eles não são bons e satisfatórios, mas já não são como os jogos clássicos, como alguns jogos para NES e outros jogos da Sega. Se pensarmos no próprio Mario que utilizei na abertura do post, é verdade que Super Mario Galaxy 2 e New Super Mario Bros. Wii me proporcionaram diversão, mas não tanta quanto Super Mario World, Super Mario Bros, Sonic The Hedgehog, entre outros que poderíamos provavelmente listar. Não sei se sou o único a sentir isso nos jogos atuais, essa falta de inovação e de ousadia. Eis outra manifestação interessante, um vídeo que mistura os jogos clássicos na realidade.
Talvez algumas produtora tentem, mas ainda não se sente muitos resultados. Acredito que o maior problema está mesmo na sociedade que tem sido educada para ser muito conformista e até mesmo desistente e bastante influenciável. O aumento e o vício do consumo incentiva essa remodelação social. Isso muitos já devem ter notado, mas já estará a afetar os jogos? Não é fácil comentar e criticar a sociedade, mas é cada vez mais necessário!
Super Mario Galaxy 2 é agradável, mas o final é decepcionante (não comentarei o final, por isso não se preocupe com spoilers), a trajetória do jogo promete mas acaba por oferecer menos do que o prometido, o jogo se torna repetitivo depois que se obtém todas as estrelas principais e falta a empolgação que havia em jogos clássicos do encandor da Nintendo. Concordam?
Sem estender muito mais o texto, alguns jogos anunciados têm potencial para serem produzidos com criatividade e aquela fórmula dos games clásicos que anda perdida, um verdadeiro tesouro ausente. E um dos jogos que mais me dá esperança é o Donkey Kong Country Returns. Espero que a produtora não se limite a copiar a Rare e demonstre mais ousadia e originalidade – deve ser o melhor caminho para atingir a qualidade, a criatividade.
E os gamers que jogam também são influenciados pelos jogos. E as manifestações artísticas (às vezes mais criativas que os jogos lançados recentemente) mostram originalidade, tentativas de inovação, vontade de ter games diferentes e relembrar clássicos que marcaram muitos gamers. E nós devemos encorajar essas manifestações artísticas e lutar contra a “auto-hipnose” que as pessoas, incluindo profissionais, designers e programadores, têm se submetido mais e mais. A originalidade e ousadia devem ser constantes.
Talvez seja só eu a sentir isso, mas não acredito que realmente seja.
Game é cultura!