Alerta! Alerta!
Risco de spoiler! Se você é alérgico, não continue!
Despretensioso e engraçado! Illumination Entertainment começa bem, mas ainda não atinge a maestria das gigantes do ramo. Enquanto isso no Brasil, tive problemas em aceitar a dublagem “carregada”.
Enquanto muitas pessoas foram assistir neste final de semana filmes como A Origem e Salt, eu fui assistir Meu Malvado Favorito (Despicable Me). Rá! Fazer o que, eu gosto de animações e acho que o formato tela gigante combina perfeitamente com esse gênero. Ver uma animação depois quando lançado em DVD não chega a ser a mesma experiência do que ver nos cinemas, e com filmes, dependendo é claro, já não tenho esse problema.
Aliás o filme estreou no Brasil bem no final de semana do Dia dos Pais, data realmente oportuna pois apesar de ser um filme que tem como enredo a vilania do personagem principal contra um rival, a história acaba girando em torno de um cara que começa como vilão, mas acaba se tornando um pai. Uma pena que, pelo menos aqui no Brasil, os grandes blockbusters que estrearam atrasados por aqui, acabaram ofuscando a animação nas salas de cinema.
Por fim, antes de entrar difinitivamente em detalhes a respeito da animação, vale a pena dizer que este é o primeiro filme do estúdio Illumination Entertainment, fundado em 2007 por Chris Meledandri, que atuou como produtor executivo em animações como a Era do Gelo 1 e 2 e Horton e o Mundo dos Quem. O filme foi bancado e distribuido em parceria com a Universal Studios, que pelo visto, começa a entrar no mercado das animações, onde Fox, Warner, Disney e Sony já participam regularmente.
Após o continue, as considerações do que deu certo e o que deu errado em Meu Malvado Favorito!
Vou começar pelo pior defeito do filme: A dublagem nacional. Gru, o protagonista do filme é dublado originalmente por Steve Carell e sou um tremendo fã desse ator norte-americano (Todo Poderoso e a série The Office), então já fui aos cinemas com a idéia na cabeça que não ia “amar” a dublagem nacional de qualquer forma, e como já tinha assistido uma porrada de trailer em inglês com o Carell na voz de Gru, já estava na minha cabeça a voz e simetria do personagem com o ator. Mas estava me esforçando para não ligar para isso na sala do cinema. Mas não consegui.
A versão nacional de Meu Malvado Favorito traz na voz de Gru, o ator/comediante da Globo Leandro Hassum (do programa Os Caras de Pau). Hassum trouxe uma voz carregada para Gru, com sotaque e carregada com um português mais “popular”, na falta de um melhor termo. Sabe quando um desenho animada trás aqueles vilão russo, que carrega “erres”, ainda somado á um sotaque regional (que não consegui identificar) e uns termos bem chulos da lingua portuguesa, ficou essa mistura muito ruim. Tinha hora que eu nem conseguia entender direito o Gru ou a voz ficava tão carregada com esse estilo, que a interpretação acabava ficando comprometida. Hassum já havia trabalhado com dublagem em animações, ele fez o porquinho da índia em Blot da Disney, mas era um outro tipo de personagem e um outro estilo de voz, mais fina e esganiçada, o que de certa forma combina com o ator, mas colocá-lo para dublar Steve Carell… putz, que erro feio. E não é culpa do comediante brasileiro não, pesquisando no google, até encontrei está matéria onde o próprio diz o quanto é difícil chegar no nível de excelencia que Carell tem. (Leia aqui). Admiro o esforço do ator em tentar dublar um personagem tão difícil, mas infelizmente não me agradou e isso me irritou do começo ao fim da animação.
Certos personagens em animações, que são criados pensando especialmente em atores americanos são sempre complicados de serem dublados no resto do mundo. É por isso que quando surge uma situação assim, a dublagem tem que ficar a cargo de dubladores especializados por grandes estúdios de dublagem. Não dá para ficar convidando ator “Global” para fazer a voz e “matar” a voz original. O Gru de Carell também tem uma voz meio carregada para parecer o vilão, mas não chega ao exagero da dublagem nacional, pior ainda é o sotaque regional, odeio dublagem com sotaque regional.
Tirando a voz de Gru, nenhuma outra me atrapalhou. Todas ficaram bacanas, mas o problema é que Gru é o protagonista, é o centro das atenções.
Quanto a todos os outros elementos do filme, não há do que reclamar. Meu Malvado Favorito é uma animação infantil, não espere por uma trama tão elaborada quanto um filme da Pixar, apesar de ser notável a influência de algumas situações. As meninas que Gru adota no decorrer do filme, lembram bastante as situações em que vimos em Monstros S.A. com a pequena Boo. Gru na verdade adota o trio de garotinhas para tentar penetrar na fortaleza de seu rival-vilão, pois somente as pequenas órfãs tem acesso ao pédrio, pois Vetor, como é chamado o vilão, gosta de comprar os biscoitos que as meninas vendem. Situação típica de comedía, mas que rende boas risadas depois de ver Gru fazendo de tudo para entrar no prédio e só se dá mal, enquanto as garotinhas chegam e entram sem problema algum.
Esse evento dita o resto do filme. Gru adota as meninas, na esperança de usá-las e depois enxotá-las, porém o vilão acaba criando um vínculo com as pequenas órfãs e de vilão, acaba virando um pai. Claro que nesse meio, há algumas piadas e situações engraçadas. Soma-se isso ao plot de fundo, que é a meta de Gru em roubar a lua, e se tornar oficialmente o vilão número 01 do mundo, posição roubada dele pelo Vetor.
Outra piada muito boa no filme é da do Banco do Mal, onde os vilões podem conseguir financiamentos para seus projetos do mal. Gostei desse conceito e da forma como acabou sendo trabalhado no filme. Um dos elmentos mais originais da trama.
Mas os personagens que roubam mesmo a cena são as centenas de Minions, estas coisinhas amarelas que promoveram o filme em todo o mundo. Personagem que é facilmente licensiado para linhas de brinquedos e que não duvidaria nada se ganhassem uma série animada na TV, como os Pinguins de Madagascar ganharam. Os Minions são responsáveis por 89% das piadas e risadas dos filmes. Eles estão ali a todo o momento e são engraçados, sempre fazendo alguma palhaçada ao fundo da cena ou roubando a própria cena. Bem diferente do cachorro do mal de Gru, que é mostrado no começo do filme e está ali, durante todo o filme, sem propósito algum.
No geral, o filme é agradável. Existe bons momentos de ação, piadas que remetem ao velho modelo de vilões que se tornam bons, invenções malucas de gênio do mal, os cenários apesar de simples, cumprem seu objetivo, mas poderiam ser melhores. O Vetor mesmo para um vilão serve como contraste de Gru, pois é um vilão jovem e novo na área, enquanto Gru é um cara das antigas, com suas roupas ultrapassadas e sua casa toda “macabra” por fora, já Vetor tem um visual mais “Apple”. A história talvez viagem demais com essa história de roubar a lua e tal, mas ainda assim, consegue perceber que trata-se de uma comédia de absurdos, como mais ao fim, Gru fica em dúvida se entra no foguete para partir para a lua ou vai ao recital de balé das meninas. É um filme infantil, mas que não tem problema algum em deixar os adultos assistirem e se divertirem.
É como eu disso lá no começo, para uma primeira produção do novo estúdio, ficou muito melhor do que muitas produções recentes no mundo da animação. Com certeza vou achar ainda melhor quando assistir em DVD no áudio original e esquecer a péssima dublagem nacional. Não esperem por grandes surpresas ou reviravoltas, na verdade o filme é bem previsível mesmo, o objetivo dele é divertir do começo ao fim, a história fica emotiva em algumas partes, mas de tristeza extrema, apenas para dar aquele toque de sentimentalismo necessário.
Vale a pena ir nos cinemas ver Meu Malvado Favorito? Se você não for rabugento como eu em relação à dublagem, vá. Pegue de preferência uma sessão mais barata. Eu vi no domingo, numa promoção do Cinemark com ingresso à R$ 5. Um ótimo valor para um infantil. Mas se você só vai nos cinemas naquelas sessões noturnas de R$ 20/R$ 25, é bem capaz se sair da sessão achando que não valeu o investimento. Idem ao 3D, o filme tem praticamente uma cena feita especialmente para sessão em 3D, a montanha-russa que é vista nos trailers. Então, não vai gastar sua grana nas caríssimas sessões 3D. Veja o filme 2D mesmo. Fica a dica. 😉