Todos sabem que a equipe do Portallos é bem grande (e parece que vai crescer ainda mais com os escolhidos do recrutamento) e é normal que, com tanta gente diferente reunida em um só lugar, diferenças de opinião surjam. Uma prova disso são as 22 mil postagens lá no nosso fórum particular. Volta e meia nos pegamos iniciando um post, para logo em seguida vê-lo publicado por outro membro da equipe e com uma visão completamente diferente da nossa. No dia-a-dia geralmente esquecemos o que estávamos escrevendo e partimos pra outro post, mas existem alguns assuntos que não podemos deixar passar. Por exemplo, no ano passado eu fiz uma crítica do sexto filme de Harry Potter mas o Thiago também tinha algumas coisas para dizer e fez um post dele, com uma abordagem diferente do mesmo assunto. Outra vez foi com o filme Alice, em que eu fiz uma crítica e o Thiago acabou escrevendo algumas coisas também.
Toda essa introdução foi pra dizer, que seguindo essa nossa ‘tradição’ vou fazer um contraponto ao post do Rafa (leiam ele aqui!) e vou dar a minha opinião sobre o filme A Origem, que estreiou sexta-feira nos cinemas. Mas vou fazer diferente e dividir o post em três momentos: a crítica (livre de spoilers), uma discussão/explicação sobre o filme (cheia de spoilers) e uma comparação com uma história do Tio Patinhas que tem uma premissa MUITO parecida com o filme.
Vamos lá?
Conhecendo A Origem
A minha percepção de um bom filme é aquele que ao final da sessão, te deixa com um turbilhão de sentimentos para processar. Como exemplo posso citar: A Fonte da Vida, 21 Gramas, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e (500) Dias Com Ela. Sim, são filmes bons, mas carecem de algo que os tornem excepcionais: não conseguem ultrapassar a barreira de serem apenas filmes. Não chegam ao ponto de levar o público à uma reflexão maior e essa é, para mim, a marca de um filme excepcional, aquele que você carrega no pensamento por semanas após assistí-lo. Por exemplo: Mary & Max, Dançando No Escuro, Apenas Uma Vez, Um Sonho de Liberdade e A Origem. Daí você me pergunta, como pode um simples filme de assalto (que no fundo ele é) ser tão poderoso assim?
Porque tudo funciona como deveria funcionar. Parece uma resposta simplória, mas não consigo elaborar uma melhor maneira de descrever todo o trabalho do Christopher Nolan. Todas as escolhas do diretor foram corretíssimas, ele conseguiu encontrar as pessoas certas para os trabalhos certos. Aliás, o próprio Nolan é o grande acerto do filme. Dono de uma carreira curta mas invejável (Amnésia, Insônia, Batman Begins, O Grande Truque e O Cavaleiro das Trevas) ele é um diretor que será sempre lembrado quando, no futuro, comentarem sobre grandes nomes do cinema. O trabalho em dobro que ele teve em A Origem (afinal além de diretor ele também é roteirista) é simplismente de tirar o fôlego. Não duvido nada que ele ganhe duas indicações ao Oscar, por Melhor Diretor e por Roteiro Original. Se fosse por mim, além dessas duas categorias, A Origem, ainda seria indicado para outras nove: Melhor Filme, Melhor Ator (Leonardo DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Joseph Gordon-Levitt), Melhor Direção de Arte, Melhor Edição, Melhor Efeitos Visuais, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Se no ano passado tivemos duas indicações de filmes de ficção-científica para Melhor Filme as chances para que A Origem ganhe a estatueta é muito grande.
Aproveitando que citei dois atores ali em cima, já vamos partir pro invejável trabalho do elenco. Leonardo DiCaprio está no melhor ano da sua carreira e nos entrega outro trabalho fantástico. Apesar de existir algumas similaridades (ambos os personagens carregam o peso da culpa) entre o personagem de Teddy Daniels, de a Ilha do Medo, e o Dom Cobb de A Origem, Dicaprio parece estar muito mais seguro de seu talento como ator neste filme. É claro que o roteiro de Nolan o ajuda a levar a sua atuação a um outro nível, mas ainda assim é impressionante ver o amadurecimento do ator. Mas quem rouba a cena são os atores Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy. Seus personagens não são lá muito profundos e não possuem motivações heróicas, mas a simplicidade com que os atores encarnam cada um deles é deliciosa! A cena onde Gordon-Levitt se movimenta dentro de um hotel sem gravidade é um presente para o espectador! O restante do elenco, Ken Watanabe, Cillian Murphy, Marion Cotillard e Ellen Page fazem o bom trabalho habitual. O filme até joga uma ponta especial para Michael Caine, em algumas rápidas mas importantes aparições.
É impossível falar de A Origem e não comentar do trabalho de Lee Smith como editor do filme. Nolan escreveu um roteiro tão complexo e com múltiplas camadas (um sonho dentro de um sonho dentro de um sonho… E cada sonho possui uma passagem de tempo diferente.) que seria fácil para qualquer um ficar confuso no final do filme. Mas Smith consegue realizar o trabalho hercúleo de organizar essas idéias na tela, facilitando e muito o entedimento do filme. Não se engane, o filme não é para todos. Pois mesmo com a edição que digere a história para o público, o roteiro de Nolan não perde tempo tentando explicar os acontecimentos ou situando o espectador mais perdido. O filme possui um ritmo frenético, cenas de ação épicas e um drama muito bem construido. Desde já nomeio A Origem como o melhor filme do ano de 2010.
A partir daqui irei revelar vários spoilers da trama.
Só continue se já tiver visto o filme.
Estamos entrando no inconsciente de quem, mesmo?
Como eu disse ali em cima, A Origem não é um filme assim tão complicado mas ele ainda exige bastante do público. E ainda por se tratar de uma história com várias camadas (um sonho dentro de um sonho dentro de um sonho…) e com passagens de tempo diferentes em cada camada, acabamos ficando sobrecarregados com tanta informação e pouco tempo para digeri-la. Vamos começar do início, conhecendo os personagens.
Cobb é o líder da equipe. O filme sugere que foi seu ex-sogro Miles (Michael Caine) que o ensina a penetrar nos sonhos das pessoas. Cobb e a filha de Miles, Mal, foram casados e tiveram dois filhos. Após a morte de Mal, a qual Cobb acredita ser culpa dele, ele é afastado de seus filhos e obrigado a fugir dos EUA por ser apontado como principal suspeito. Logo no começo do filme vemos Cobb tentando conseguir informações da mente de Kaito. Essa cena ficou meio vaga no filme mas para quem leu a HQ The Cobol Job, que foi lançada online como um prelúdio para o filme, sabe que Cobb está atrás de detalhes sobre os planos de expansão da empresa de Kaito. A missão falha, mas Kaito contrata Cobb para que ele implante uma idéia no seu concorrente.
Mal é a esposa de Cobb e juntos eles passavam horas compartilhando sonhos e criando cidades perfeitas. Eles passaram tanto tempo compartilhando sonhos que Mal começou a perder a noção de realidade e acreditava que o sonho era a vida real. Com a noção da realidade cada vez mais deturpada Mal não queria mais sair do sonho e coube a Cobb a decisão de trazê-la de volta. Para isso ele implantou uma idéia na mente de Mal de que aquilo onde estavam vivendo não era a realidade. Deu certo até demais, mesmo após já estarem no mundo real ela continua a crer que ainda estava vivendo em um sonho e queria sair de toda a forma levando Cobb junto. Para isso ela tentou chantageá-lo escrevendo cartas denunciando um suposto abuso do marido para o seu advogado, se Cobb não se suicidasse com ela, a carta seria entregue. Cobb não conseguiu salvá-la e por conta disso ele carrega uma culpa enorme. Essa culpa, no mundo dos sonhos, toma a forma de Mal e invade os sonhos onde Cobb se encontra. Uma curiosidade: a música que eles usam no filme para sincronizar os chutes é “Non, Je Ne Regrette Rien” da cantora francesa Edith Piaf, que a atriz Marion Cotillard interpretou no filme Piaf – Um Hino Ao Amor.
No filme, o arquiteto é o responsável por criar – literalmente – o mundo dos sonhos. Esse é talvez um dos trabalhos mais importantes da equipe, pois o mundo dos sonhos tem que ser real o suficiente para que o subconsciente não estranhe nada ali. E pior: nada que será criado no mundo dos sonhos pode ser uma recriação das construções vistas em sua memória. Isso é utilizado como uma forma de proteção, pois dessa maneira você não confunde o sonho com a realidade. Aliás, a personagem não deve ter recebido esse nome a toa. Na mitologia grega Ariadne é a filha de Minos, o rei de Creta, e é ela quem ajuda Teseu a retornar a Atenas após enfrentar o labirinto construído por Dédalo. No filme ela faz a mesma coisa com Cobb, é ela quem o ajuda a superar a culpa pela morte de sua esposa e o situar no sonho.
O filme não explica muito sobre o passado do personagem, mas por estar presente desde a HQ The Cobal Job, até a tentativa de extrair segredos de Kaito, fica-se subentendido de que ele seja o braço direito de Cobb. Ele é o responsável por fazer com que tudo saia de acordo com os planos, levantando informações sobre o Alvo e se certificando de todos os detalhes do plano.
Pouco se sabe sobre o passado de Eames, mas o seu trabalho de falsificador é de vital importância para o andamento do plano. Ele é capaz de estudar (na vida real) todos os trejeitos e modo de falar de uma pessoa e reproduzí-los no sonho, assumindo a aparência da pessoa estudade. No filme ele assume o papel de Peter Browning, tio do Alvo – Robert Fischer. Assumindo esse papel de confiança, ele pôde tentar extrair informações de Fischer e mais tarde (após o plano não dar muito certo) serviu como bode espiatório da acusação de estar querendo roubar a empresa do sobrinho.
Robert é filho de Maurice Fischer, um mega-empresário dono de uma corporação da indústria de eletricidade. Apesar de suas qualidades como empresário, ele sempre viveu na sombra do sucesso do pai o que tornou a relação entre os dois bem complicada. Com a morte de seu pai, Robert irá herdar todo o império da família Fischer que está prestes a se tornar ainda maior por conta de um contrato milionário que estão prestes a fechar. Kaito, o Turista, é dono de uma outra empresa que também está de olho nesse contrato e contrata Cobb para que implante uma idéia na mente de Robert: vender metade de suas ações, dividindo o império do pai e, assim, abrindo espaço para que as empresas de Kaito ganhem uma parte do contrato.
Saito é quem contrata Cobb para implantar a idéia n’O Alvo. A princípio Cobb estava relutante em aceitar a oferta apenas pelo dinheiro, mas Saito o convence dizendo que ele pode retirá-lo da lista de suspeitos na morte de Mal possibilitando a sua volta aos EUA e o reencontro com seus filhos. O restante da equipe se refere a ele como O Turista por ele não possuir experiência em invadir o mundo dos sonhos ele só consegue fazer parte da equipe porque ele quer ver com os próprios olhos o resultado do trabalho de Cobb.
Agora que relembramos as motivações dos personagens, vamos nos aprofundar e tentar entender os cincos níveis de realidade/sonho que Nolan nos apresenta. Tenham em mente de que essa é a minha interpretação sobre os acontecimentos do filme, não quer dizer que seja uma verdade absoluta já que o roteiro nos apresenta várias pistas que nos levam a diferentes interpretações.
Nível 1 – A realidade
Sonhado por: Ninguém (eu acho).
Quem está aqui: Cobb, Arthur, Ariadne, Eames, Saito, Yusuf e Robert Fischer.
Porque estão aqui: Para realizar uma emboscada em Robert Fischer e levá-lo para o mundo dos sonhos.
O Chute: Não existe um. A contagem da máquina termina e o efeito do sedativo passa.
Nível 2 – Perseguição na van
Sonhado por: Yusuf
Quem está aqui: Cobb, Arthur, Ariadne, Eames, Saito, Yusuf e Robert Fischer.
Porque estão aqui: É a primeira parte do plano, eles conseguem sequestrar Robert Fischer que é forçado a dar números aleatórios que serão usados mais tarde no plano. Também começam a implantar a idéia de que o pai dele quer que ele divida o império da família.
O Chute: Yusuf joga a van fora da ponte, esse é o primeiro Chute mas eles o perdem. O segundo Chute acontece quando a van atinge a água.
Nível 3 – O quarto de hotel
Sonhado por: Arthur
Quem está aqui: Cobb, Arthur, Ariadne, Eames, Saito e Robert Fischer. (Yusuf ficou ‘acordado’ no nível anterior para garantir a sincronia dos Chutes.)
Porque estão aqui: Cobb se apresenta a Robert como um dos seguranças do seu subconsciente e convence o rapaz de que seu tio, Browning, é um traidor. Robert se junta a equipe para entrar no próximo sonho e tentar descobrir o porque da suposta traição do tio.
O Chute: Após perder o primeiro Chute (que seria o impacto da van no nível anterior), eles estão em queda livre o que deixa essa realidade com gravidade zero. Arthur então tem que improvisar uma sensação de queda. Ele faz isso explodindo o elevador simulando uma queda livre.
Nível 4 – A fortaleza
Sonhado por: Eames
Quem está aqui: Cobb, Ariadne, Eames, Saito e Robert Fischer. (Arthur ficou ‘acordado’ no nível anterior para garantir a sincronia dos Chutes.)
Porque estão aqui: Dentro da fortaleza existe um cofre que é onde a idéia que eles querem implantar se encontra. Eles devem levar Robert Fischer lá.
O Chute: Eames explode a fundação da fortaleza criando assim a sensação de queda.
Nível 5 – O limbo
Sonhado por: Ninguém, é um estado compartilhado. Aqui é onde a coisa fica complicada, pois o limbo é um lugar onde os ‘sonhadores’ vão se eles começam a ter noções deturpadas da realidade. É um lugar onde o tempo passa muito rápido. Cobb e Mal chegaram a passar muito tempo neste lugar e agora, após a morte dela, ela começa a ‘assombrar’ esse nível. Durante o filme nos é dito que se você for morto em um sonho, você acorda. Mas devido a forte influência do sedativo na realidade, eles não irão acordar e são levados para o Limbo.
Quem está aqui: Cobb, Ariadne, Saito, Robert Fischer e a projeção de Mal.
Porque estão aqui: Para resgatar Robert e Saito, que morreu após ser atingido por uma bala no segundo nível.
O Chute: Ariadne e Robert se jogam de um prédio. Saito e Cobb se matam.
Isso é um resumo bem grosseiro dos acontecimentos do filme, relendo dessa forma parece simples o bastante. Mas lembre-se que tudo isso ocorre ao mesmo tempo, enquanto a van está caindo da ponte no nível dois todos os outros níveis começam a acontecer, com tempos diferentes, mas todos acontecem ao mesmo tempo. Mas digo novamente, essa é a minha teoria, alguns acreditam que o filme todo é um sonho de Cobb outros de que no final eles acabaram presos no limbo. Aliás, o final em aberto do filme é uma das coisas mais fantásticas que já vi.
Após conseguirem implantar a idéia em Robert, tudo ocorre como o planejado: eles desembarcam no aeroporto e Saito consegue retirar as acusações de Cobb, que finalmente consegue reencontrar com seus filhos. Mas para ter certeza de que não se trata de um sonho, ele gira o pião (o seu totem). Mas tomado pela emoção do reencontro ele vai abraçar os filhos, enquanto a câmera foca no pião girando. Ele começa a perder o equilíbrio e o filme acaba com o pião ainda em pé. Pra quem não se lembra um totem é um objeto que a pessoa que irá invadir um sonho deve carregar consigo. As reais dimensões desse objeto só pode ser conhecido por esta pessoa, pois o totem é o responsável por fazer o discernimento do que é real e o que é um sonho. O pião de Cobb (que na verdade pertencia a sua esposa) gira continuamente no mundo dos sonhos e no mundo real é apenas um pião comum.
Com o corte do filme ainda com o pião rodando, mas perdendo o equilíbrio, muitos acreditam que Cobb não conseguiu sair do limbo. O que tornaria toda a sequência final, com o desembarque do avião e o reencontro com seus filhos, ainda parte de um sonho. Eu não acredito nessa teoria, pra mim eles conseguiram implantar a idéia em Robert e o que vamos ali é sim a realidade. Uma prova é que sempre que vemos Cobb no mundo dos sonhos ele usa a sua aliança de casamento. Notem que no avião, antes de serem sedados, a câmera dá um close na mão dele e não vemos a aliança. Nas cenas seguintes, dentro do sonho, podemos notar que ele está usando o anel. Outra prova é pelo fato de que ele finalmente pôde ver os rostos dos filhos.
Inception: The Cobol Job
The Cobol Job é um história em quadrinhos, publicada online e lançada antes da estréia do filme e que funciona como uma espécie de prelúdio. Foi escrita por Jordan Goldberg e com desenhos de Long Vo, Joe Ng e Crystal Reid. A HQ não é fundamental para o entedimento do filme, ela apenas explica porque Cobb está tentando extrair informações de Saito. Você pode ler a HQ online por este link (apenas em Inglês).
Nolan plagiando a Disney?
Logo após a estréia do filme, começaram a surgir na Internet notícias de que Nolan teria plagiado o argumento de A Origem de uma história do Tio Patinhas publicada em 2002! “The Dream of a Lifetime”, criada por Don Rosa, os Irmãos Metralha roubam uma engenhoca do Professor Pardal que permite com que se penetre nos sonhos das pessoas. Eles usam essa máquina para penetrar no sonho do Tio Patinhas e tentar descobrir a senha da Caixa-Forte. Leia essa história aqui. É bem interessante notar que realmente algumas coisas são parecidas, mas existem alguns pontos cruciais que diferenciam a HQ do filme. Por exemplo, no filme eles usam criam o mundo dos sonhos, utilizando a figura do Arquiteto e evitam ao máximo recriar construções vistas no mundo real. Eles acreditam que fazendo isso eles facilmente perderiam a noção do que é real e o que é sonho. Acho que essa é a principal diferença entre as duas histórias. O fato de que o Donald conseguir se comunicar, mesmo dormindo, com o mundo real também é algo que só vemos na HQ. Outro fato que aparece no filme e não na HQ (talvez para não complicar demais, afinal se trata de uma história infantil) é de que o subconsciente possui defesas próprias contra invasores externos. Portanto roubar uma idéia não é tão fácil quanto a HQ faz parecer. Mas apesar das diferenças é divertido perceber como são semelhantes as idéias entre as duas histórias, como o fato de que elementos externos podem influenciar o mundo dos sonhos. Recomendo ler a HQ e tentar imaginar o Leonardo DiCaprio no papel do Donald.