The Walking Dead: Intervenções, novas confissões e… Davidson? (Edições #75-76)
As duas edições estão ótimas, mas não são as melhores entre as que já foram publicadas até o momento. Não estava certo se incluiria a edição #75 neste post, mas considerando que foi uma edição especial, mesmo sendo antiga merece algumas palavras de crítica e opinião. Essas duas últimas edições (#75 e #76) deram início aos confrontos dentro da comunidade perfeita, deram aos leitores (eu incluso) aquilo que eles estavam esperando: ação, atitude e novas informações sobre as personagens. Estava começando a ficar desanimado com a tranquilidade da comunidade acolhedora. É óbvio que há uma bomba em algum lugar pronta para explodir. E parece que tenho uma teoria para o maior vilão da HQ até o momento.
A edição #75 nomeada livremente “Intervenção” foi publicada em Julho de 2010 como uma edição especial de comemoração pelo sucesso da HQ e a edição 76# nomeada livremente “Passado de Mortes e Exílios” foi publicada em Agosto de 2010. A publicação destas edições no Brasil ainda não foi feita.
Se ainda não leu as edições #75 e #76, principalmente a edição #76, por favor não continue lendo para evitar os spoilers. Sigo a evolução da HQ de Kirkman online no site The Walking Dead Brasil que possui tanto scans traduzidas em português (demoram mais a ser disponibilizadas) como scans em inglês.
Intervenção e Confissões…
Sabe que há momentos em que precisamos intervir mas acabamos por esquecer que a forma como intervimos é tão significativa que pode alterar tudo e criar algo completamente novo, seja algo pior ou melhor. Qualquer detalhe que tenha acontecido, nada foi tão forte quanto alguns tantos outros momentos que lemos em The Walking Dead, como a morte de Tyresee pelas mãos sangrentas do Governador. Mas mesmo assim há novas informações interessantes e que me fizeram lembrar muito do Governador, aquele que ficou no passado da HQ após conquistar a prisão e a fama de maior vilão de The Walking Dead. Logo, falarei disso.
Desde que Rick e todos os outros do grupo chegaram na pequena cidade de sobreviventes liderada por Douglas, esperava que algo estranho e inesperado fosse ser revelado, mas fui surpreendido pela generosidade e estabilidade do local. Até agora, toda história tem tido um sucesso sustentado por surpresas, mortes, ataques, improvisações, enfim qualquer coisa diferente de estabilidade. Por isso, não perdi as esperanças e comecei a criar expectativas de que Douglas fosse se revelar uma pessoa diferente que talvez até escravizasse os “recrutas”.
Era óbvio que Rick não conseguiria mudar de comportamento tão rápido, embora aparentasse estar tendo um progresso rápido de adaptação à nova situação. Ninguém muda tão drasticamente e Carl foi o primeiro a mostrar que era resistente a voltar a ser “frágil”. A pura insegurança levou Rick a recuperar as armas e nesse momento Kirkman deixou claro que haveria uma revolução, algo como uma guerra civil comandada por Rick. Parece que Rick ainda conserva alguns comportamentos de liderança e sendo uma autoridade (policial) eles são facilmente preservados, mesmo que estejam escondidos.
A edição #75 começou com Gabriel, o padre traidor que mesmo tendo demonstrado arrependimento por pensar nele primeiro e só depois nos outros, voltou a julgar e acusar Rick e todos outros do grupo para o Douglas. Realmente, ele tinha um argumento, mas não era tão válido quando se trata de uma luta pela sobrevivência, a qual ele evitou ficando trancado naquela igreja enquanto fiéis morriam e gritavam. A hipocrisia é algo tão perigoso e tão falso que chega a dar raiva e juro que senti raiva de Gabriel naquele momento. E aqui temos mais uma crítica social, no caso uma crítica aos padres que pregam lições da bíblia mas não hesitam em as desrespeitar – quando se defende uma ideia, a prática da ideia defendida deve ser realizada ou então a pessoa não acredita de forma alguma naquilo que defende – apenas finge acreditar.
Não gostei tanto da busca por remédios de Heath e Glen em Washington, afinal foi tudo tão simples e básico que parecia ser apenas aqueles momentos que servem para preencher a história, sem acrescentar nada realmente apelativo. Porém, aproveitando o momento, foi mostrado um grupo de estranhos atirando um homem aos zumbis para distraí-los e então fugirem. Há nesse instante a introdução de novos personagens que devem voltar a aparecer, já que Heath e Glen conseguiram fugir sem serem pegos nem pelos zumbis, nem pelas pessoas desse grupo de seres humanos vivos, mas deixando serem notados ao saírem de Washington. Quem poderão ser eles? Perturbadores que tentarão invadir a comunidade ou até mesmo capangas do Governador explorando a área? Por mim o Governador poderia voltar, embora desejasse que surgissem situações com aspectos mais originais, claro.
E o melhor momento de todos foi a intervenção de Rick, na edição #76, ao confiar em seus instintos e desconfianças. O maior erro de Rick não foi tentar ajudar Jessie, mas atacar Pete. Se o objetivo era ajudar Jessie, talvez ele devesse ter apenas a convidado para morar em sua casa até ele providenciar uma nova morada para ela e Ron. Mesmo assim, o confronto provavelmente teria acontecido. Pete não aceitaria isso e tenho sérias dúvidas de que Jessie aceitasse a proposta de Rick. De qualquer forma, a intervenção agressiva do Rick agitou um pouco a história que estava começando a ficar parada. Não entendo porque não construíram uma cadeia. Sem punição e com proteção, como os direitos das pessoas poderão ser garantidos? Por ameaça de exílio? Isso seria cruel demais, seria uma sentença de morte – algo bem radical para casos mais simples.
Alexander Davidson estará vivo?
Por tocar nesse assunto, a conversa de Rick e Douglas na edição #76 foi a melhor parte e já revelou algo que desde a edição #75 era suspeito: o exílio do primeiro líder Alexander Davidson. Na edição #75, após a discussão de Rick e Douglas em que Rick menciona assassinato e exílio, aparece uma tábua (lápide) na qual está escrito Alexander Davidson (nome já mencionado na edição #70 quando Douglas aparece pela primeira vez). É bem provável que Davidson venha a causar algum impacto maior ou talvez o maior conflito acabe sendo uma guerra civil liderada por Rick (ou talvez outro grupo agressivo ataque a comunidade). Há muito que podemos especular.
O fato mais interessante do exílio narrado por Douglas é que Davidson não foi exatamente morto, ninguém o viu morrer. Ele foi apenas expulso da comunidade para fazer companhia para os zumbis. Duas possibilidades que surgiram quando li foram de que Davidson fosse o comandante daquele grupo que vimos em Washington (se preparando e se fortalecendo para tomar a comunidade Douglas) ou de que Davidson seja o Governador que embora tenha se identificado como Philip, o nome possa ser falso para preservar a sua verdadeira identidade.
A primeira hipótese sugere que talvez Davidson tenha estabelecido uma nova comunidade em Washington, em algum local seguro (algo difícil, mas que surpreenderia e Kirkman gosta de fazer isso). Ele estaria se fortalecendo e reunindo pessoas para um dia atacar a comunidade de Douglas e voltar a liderá-la. Pode até ser, mas não sei se Kirkman vai por esse caminho.
A segunda hipótese sugere que o Governador que ficou esquecido no passado da HQ (morto) possa ser Davidson que encontrou aquela fortaleza e se estabeleceu lá, dando início a uma nova comunidade que ele pudesse liderar. Há alguns presságios: Douglas diz que Davidson deixou o poder subir à cabeça, que ele estuprava mulheres (o Governador estuprou Michonne) e que só queria o bem da comunidade apesar de tudo. Isso encaixa muito bem com o perfil do Governador. Será que teremos uma referência a ele com a revelação de que ele era na verdade Davidson? São só ideias e hipóteses.
Seja como for, espero que haja alguma nova e grande reviravolta na edição #77. Algo que também nunca foi desvendado foi a origem daquele helicóptero caído que Rick encontrou antes de conhecer o Governador. Se isso terá alguma ligação com o grupo em Washington e com Davidson não sei, mas o helicóptero ainda é algo que me deixa curioso.
Finalizando o post que já está mais extenso do que havia planejado, o fim da edição #76 foi interessante, mas não tão surpreendente ou emocionante. O fato é que Rick, desde que encontrou o telefone cujo misterioso funcionamento ainda não foi explicado, falou com Lori poucas vezes. Isso é natural já que as páginas têm que ser aproveitadas para desenvolver mais a história. Mas uma nova conversa com Lori seria aceitável e talvez o telefone estabeleça ligação com outras pessoas mortas. Porém, considerando que tudo é fruto da consciência de Rick, Lori deve ser a única do outro lado da linha.
Uma versão futurista de The Walking Dead parecia interessante, mas depois de lermos, verificamos que a abordagem da HQ original está muito boa. Não apreciei tanto esse extra. Embora, o fato do Governador ter voltado a aparecer seja incrivelmente agradável. E chega por agora. Podem ler sobre o volume 1 aqui e sobre a obra em geral aqui. Brevemente, postarei sobre o volume 2 e sobre as personagens de The Walking Dead!