Recentemente estava eu olhando os dados divulgados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro sobre o hábito da leitura no Brasil. Uma pesquisa um tanto quanto interessante que me fez pensar em alguns aspectos. Claro que não vou passar a pesquisa na íntegra, mas separei alguns pontos interessantes para discutir aqui com vocês.
O objetivo da pesquisa foi traçar um perfil dos leitores no Brasil. Para isso foi considerado leitor quem declarou ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses. Aliás, você também se enquadraria como um leitor?
A seguir discutirei sobre como é abordada a literatura nas escolas do nosso querido país, o porquê das mulherada dominarem os livros, os benefícios de uma boa leitura e como você pode formar um futuro leitor para a sua nação. 😉
Literatura nas escolas:
A infância é o momento crucial para uma pessoa gostar ou não de ler. O incentivo deveria partir primeiramente dos pais. Mas como um pai pode incentivar um filho a ler sem nem ele mesmo tem esse hábito, ou pior, quando ele nem sabe ler? Ficaria, então, a cargo das escolas, certo? Deveria, mas infelizmente as escolas se limitam ao “arroz com feijão”, a ensinar ler e escrever, sem tornar a leitura um hábito frequente. Durante a adolescência isso piora, somos obrigados a ler apenas para conseguir nota. A pesquisa mostra que 43% dos leitores leem apenas por ser exigência escolar ou acadêmica. E na maioria das vezes ainda temos que ler o que não gostamos.
Não estou querendo dizer que na escola cada um deve ler o que bem quiser, claro que não. Até porque muitas das obras que somos obrigados a ler são importantes. Mas tudo tem seu tempo. E da maneira como é feito a maioria dos alunos levam para a sua fase adulta uma experiência ruim da leitura. Sabemos que todos nós temos interesses que mudam com a idade, isso é natural. Na juventude gostamos das coisas apenas pela diversão. Mas quando crescemos mudamos e nossos gostos mudam também. Claro que muita coisa se mantém, mas nós enxergamos o mundo de outra forma, adquirimos experiência.
Assim também deveria ser a literatura nas escolas. De acordo com os interesses dos alunos. Não usados apenas como um meio para conseguir nota ou ser aprovado eu no vestibular. Mas como forma de diversão, entretenimento e conhecimento. Eu não gostava dos livros que eram “indicados” no colégio, mas gostava de ler histórias que sempre me interessaram, como as histórias de fantasia e de ficção científica. Ou será que eu era o único?
Os livros são adotados nos colégios porque poderão estar no vestibular. Ou seja, somos treinados durante nossa juventude apenas para fazer uma maldita prova de vestibular! É isso que é educação? Terminando o colégio não precisamos mais de livros? Pois essa é a impressão que fica para muita gente. Lembro muito bem quando eu questionava com minha professora sobre não gostar dos livros que era obrigado a ler e não estar aprendendo nada com eles. A resposta era sempre a mesma: “Se quer passar no vestibular tem que ler, não tem jeito!”.
Resumo da ópera: não me lembro de nada de nenhum livro que li no colégio, o que ficou foi apenas a experiência ruim. Hoje em dia não tenho a menor vontade de ler um livro de Machado de Assis, José de Alencar e outros mais que sempre são visto nos colégios. Apenas por não ter tido contato com esse tipo de leitura no momento certo.
Mulheres leem mais e melhor:
De uma maneira geral sempre achei que as mulheres têm maior capacidade de concentração que os homens. Segundo a pesquisa, 55% dos leitores são mulheres. Além de serem maioria elas ainda são as maiores incentivadoras da leitura. É geralmente através da mãe que uma criança começa a se interessar em ler. Como se já não bastasse, as mulheres ainda leem mais. Média de 5 livros por ano para elas contra apenas 4 para eles. A pesquisa mostra que a mulherada realmente domina os livros, mas que pelo menos os homens ainda lideram a leitura em gêneros como História e Política.
Pesquisei por alguma coisa que de fato comprovasse isso. Acabei encontrando algo interessante. As mulheres têm melhor poder de abstração. Ou seja, a leitura seria algo mais natural para o sexo feminino. Elas conseguem imaginar em suas cabecinhas os cenários, os ambientes e personagens de um livro com muito mais facilidade que um marmanjão. Não enxergam apenas palavras escritas em uma página.
Benefícios da leitura:
Muitos pensam que ler é apenas necessidade ou então para quem quer posar de inteligente, cult. Mas não é. Ler frequentemente pode nos ajudar em diversos aspectos. Nós aprendemos mais, exercitamos a nossa imaginação, estimulamos nossa criatividade, aprendemos a falar corretamente, melhoramos a nossa escrita e compreendemos melhor os textos lidos. Não só livros, mas qualquer tipo de leitura deve ser apreciada. O importante é ler, pode ser revistas, quadrinho, mangá, a bíblia ou seja lá o que for.
Através da leitura estamos retendo informações, aprendendo. Além disso, ler estimula mais a nossa imaginação que outras formas de entretenimento. Ler é bom para o cérebro. O por quê disso? Porque lendo nós temos que abstrair nosso raciocínio , temos que imaginar como as coisas funcionam pensar em cenários, ambientes, características de personagens, enquanto que assistindo a televisão ou vendo um filme nós já recebemos toda a informação prontinha, temos apenas o trabalho de ver e ouvir. E o cérebro não gosta dessa comodidade. Mas apesar disso o brasileiro ainda prefere assistir TV em seu tempo livre, como visto no gráfico abaixo:
A leitura não trás apenas benefícios individuais, mas também coletivos. Países ricos possuem uma população leitora muito maior se compararmos com os países pobres.
Conclusões:
Por tudo isso visto acima se pode concluir que a leitura, além de conhecimento e é desenvolvimento. É fundamental que esse hábito comece em casa e continue nas escolas. Se você tem filho ou irmão mais novo, saiba que o que ele te ver fazendo hoje vai ter grande importância na vida dele no futuro. Ler para a criança também é outro meio interessante, além de estimular a prática ainda gera uma proximidade maior.
Quem ler regulamente desde a infância ter maiores chances de ser bem sucedido no futuro. O consumo de livros cresce conforme a classe social e a escolaridade. O número de leitores regulares é maior entre as classes alta e média. E também maior entre os que concluíram o ensino médio e os que possuem nível superior.
Eu não tive em casa esse tipo de incentivo e no colégio muito menos. Eu sempre gostei de histórias fantásticas e ficção científica, mas no colégio eu nunca encontrei esse tipo de leitura e acabei me afastando por muito tempo dos livros. Só depois de muito tempo tive a sorte de conhecer grandes autores que me fizeram compreender o prazer de uma boa leitura. Ler sobre o que gosta é o primeiro passo para gostar de ler. Ninguém assiste a filmes sobre assuntos que não gosta, então porque com os livros tem que ser diferente?
Claro que tudo exposto aqui são opiniões e interpretações minhas sobre a pesquisa do Instituto Pró-livro. Cada um é livre e bem-vindo para concordar ou discordar. E como sugestão do Tomah, nos comentários, segue abaixo o link da pesquisa completa.
Pesquisa completa: retratos da leitura no Brasil