Rá! Finalmente Claymore aqui no Portallos (já haviamos tratado do anime aqui, mas não do mangá), a Panini iniciou sua publicação já faz um tempo, porém na época, a última coisa que eu queria era comprar mangá, então perdi várias coisas, mas com algum esforço consegui correr atrás dos volumes mais antigos, acabei pagando mais pelo primeiro volume, em função da distribuição meia boca da Panini, mas consegui todos as 9 edições, é um mangá que vale o registro aqui nos nossos MdQ ‘s certo? Então vamos lá, sem mais delongas logo após o continue.
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Claymore é um mangá de Norihiro Yagi, sua publicação deu-se início em 2001 na Monthly Shonen Jump, migrando tempos depois para Jump Square, a obra continua em andamento no Japão até hoje, o mangá aqui no Brasil já conta com 09 edições, se aproximando cada vez mais do original, com publicação bimestral ao preço de 9,90.
A trama conta a história das Claymores, conhecidas também pela alcunha de bruxas dos olhos prateados, apesar de sempre dizerem que a denominação “Claymore” nunca foi adotada por elas, é assim que irei chamá-las aqui, as Claymores na verdade são espadas escocesas do século XV, tinham 2 gumes e eram extremamente longas e pesadas fazendo quem as empunhasse abrir mão de escudos para se proteger em batalha, são exatamente estas espadas que essas guerreiras empunham para limpar as diferentes cidades ameaçadas pelos Yomas, criaturas que mais se assemelham a demônios que vivem da carne humana, mais precisamente das vísceras de suas vítimas, são criaturas ardilosas que podem até mesmo se disfarçar entre os humanos e viver tranquilamente. Para o extermínio destes seres, existe a organização que criou as Claymores (é isso mesmo, não tem nome, pelo menos por enquanto), garotas com parte do corpo modificado, que são tanto Yomas quanto humanas, podendo lutar de igual para igual sem perder a sanidade.
Em Claymore, os Yomas são divididos em classes, os comuns que… o próprio nome já diz, eles são comuns, tendo apenas alguma força a mais que os humanos, em seguida temos os despertados, (também chamado de devorador voraz) geralmente seres híbridos (junção de 2 seres em um) como as Claymores, que por algum motivo se descontrolaram em algum momento de sua vida, convertendo-se em Yoma, nos volumes 6 e 7 temos exemplos disso. Ainda há a classe dos seres abissais, estes tornam-se despertados mas adquirem um poder incomum, podendo até mesmo voltar a sua antiga forma humana, até então só existem 3 registros de casos assim, todos ex-membros habilidosos da própria organização, que até hoje não foram detidos.
Dito isto, começa a nossa história, e passamos a conhecer Clare, uma das garotas da organização peregrinando de uma cidade a outra, cumprindo ordens de execução. O mangá começou um pouco chato para mim, porque já havia visto os 3 primeiros episódios da série animada a tempos atrás (e não passei dai), então ver a Clare matando e matando Yomas a cada página quase deu sono, e a primeira pergunta que me veio a mente foi se as garotas da organização sofriam alguma espécie de lavagem cerebral, afinal, me baseando de início na Clare, diria que todas as guerreiras eram muito frias, completos robôs. Porém até o fim da primeira edição, pude constatar que era exatamente o contrário.
Cada Claymore tem uma história, muitas vezes por perder seus parentes vitimados pelos Yomas e sem rumo, as garotas de alguma forma entram para organização, por vingança ou por medo, enfim, fato é que elas continuam sendo humanas em sua essência, porém sem uma perspectiva de uma vida feliz. Talvez seja por isso que Clare tenha se afeiçoado tanto a Raki, o garoto devolveu a ela um motivo para existir, uma razão para viver, sentimento do qual ela havia abrido mão, mas que ainda carregava consigo, é um detalhe bacana que aumentou meu interesse pela protagonista, afinal, que graça tem um herói, (heroína no caso) se ele não possui suas fraquezas, seus medos, seus sentimentos, tudo isso conta na hora de amar ou odiar esse ou aquele personagem, não concordam? Com exceção de Clare, o único personagem que merece destaque é o próprio Raki, que como eu acabei de dizer, mudou a forma como a protagonista via o mundo, é um garoto chorão, porém valente, eu só me pergunto se ele vai sempre alternar entre ficar de escanteio e participar dos maiores fatos da história, ele tem coragem, tem espírito, mas ao mesmo tempo é muito frágil físicamente, não é nenhum ser extraordinário que possa bater de frente com Yomas, é aquele tipo de personagem que se não for bem administrado, pode acabar sendo mal aproveitado, quero ver como o autor lida com isso e em que situações ele deve aparecer.
Bom, os primeiros volumes tratam de nos apresentar como é o dia a dia das Claymores, até ai nada que me chamasse a atenção, o que eu gostei mesmo foi do flashback sobre a história de Tereza e Clare, explicando o porque da personagem ter ingressado na organização e o que ela busca atualmente. Agora sim, pensei eu, com os meus botões, o personagem principal tem um objetivo na trama e é mais do que apenas um ser sem graça que sai matando a torto e a direito, neste mesmo flashback, nos deparamos com algumas das regras impostas as guerreiras pela organização e também descobrimos quem pode vir a ser a grande vilã da história num futuro não muito distante
Também descobrimos que a organização que criou as Claymores, é a mesma que criou as bestas mais temidas do tempo atual, na trama conta-se que somente as mulheres resistem ao se converter em metade Yoma, é descrito que tal processo seria comparável ao do orgasmo e que os homens não conseguem se conter, perdendo rapidamente a sanidade, mas ao que tudo indica, a organização não soube limpar a sujeira como deveria e alguns despertados atravessaram gerações e ainda vivem aterrorizando os humanos sem chance de serem detidos. Achei legal a idéia, a organização responsável pela criação das guerreiras é bastante severa, extremamente rígida, mas tem seu lado podre, algo nos bastidores parece não cheirar muito bem, refletindo sobre os acontecimentos que se seguem, parece que a organização tem como regra também, dar fim a Claymores que por algum motivo quase despertaram como Yomas, mas que de alguma forma voltaram, não posso deixar de comparar isso com o que os nossos governantes fazem atualmente não é mesmo? Fez porcaria? Volte lá e jogue tudo para debaixo do tapete antes que alguém veja, o mesmo ocorre na trama, a organização é vista como um órgão a serviço da população, que vem para protegê-los, se de algum jeito descobrirem que eles também estão por atrás das catástrofes que assolam a população, não serão mais respeitados.
Clare acaba incluída nesta regra depois de quase despertar lá atrás no volume 3, dai em diante a organização passa a visá-la, mandando-a a missões praticamente suicidas, na intenção de se livrar de um possível despertar por parte da moça, ao longo da história ela descobre que não é a única nesta situação, e a partir de então, começa uma jornada em busca da realização de seu maior objetivo, bem como um modo de não se tornar mais uma peça descartada pela organização.
Bem, agora paro para falar do traço deste mangá, que me pareceu nem muito simplório e nem muito extraordinário, não ouso comparar com o traço dos meus mangakás preferidos (Kentaro Miura e Takehiko Inoue), para mim ficou no meio termo, Norihiro Yagi parece gostar de alternar entre um traçado realista e um mais convencional, são poucos os quadros de se encher os olhos e se impressionar, mas há outros pontos a se elogiar, como por exemplo, adoro ver a criatividade dos autores para desenhar demônios e afins, e se tratando de Claymore fico sempre curioso para ver como ficará a estética dos próximos despertados ou abissais que estão por vir (já que os Yomas comuns são sempre todos iguais, tudo farinha do mesmo saco XD). Outra coisa na qual fico curioso, é quanto as feições e cabelos das Claymores mais novas que vão aparecendo, todas são loiras e tem olhos completamente iguais, então de início, logo fiquei imaginando se não iria ver clones e mais clones aparecendo, mas até momento o mangá mostra que o autor tira isso de letra, variando bastante o visual dos cabelos, o que falta mesmo é uma Claymore careca só para radicalizar. XD
Adorei também os momentos de superação e tensão pelos quais passa a personagem principal, quando iniciei a leitura (ah, quantas vezes vou dizer isso?) da obra, achei que não os veria, tamanha era a frieza da protagonista logo no início da trama, apesar de alguns destes momentos seguirem um esquema meio que já conhecido nos shonens, mas enfim, estamos falando de um mangá da Jump, então, nada mais natural.
A edição de número 9 termina com o reencontro das semi-despertadas em uma missão para caçar despertados no norte, território onde já sabemos que se encontra dominado por um abissal, recordando os fatos passados, tudo indica que é mais uma tentativa da organização de se livrar das semi-despertadas. Fica a expectativa para saber o que elas vão encontrar e quero saber também mais sobre esse passado nebuloso da organização, então, muita coisa interessante deve estar por vir. O mangá se encontra num momento muito interessante, onde a narrativa da história está entrando nos trilhos, vilões estão sendo definidos e tudo indica que Clare ainda tem um longo caminho a percorrer para se fortalecer em vista do que pode estar por vir, contanto que não vire Dragon Ball ou coisa parecida, mantendo essa excelente trama em solo firme, com certeza estarei empolgado para saber o que o futuro reserva as Claymores (minto, só quero saber o que vai acontecer com a Clare) XD .
Continuem atentos, assim que a edição de número 10 chegar as bancas, estarei aqui dividindo as minhas impressões com vocês, até lá.
Ah, só para encerrar, vou finalizando este MdQ com mais uma cena de beijo (pura coincidência, juro), a propósito, quando a Clare vai reencontrar o Raki hein? Com certeza ele será envolvido nesta batalha que está começando.