Com o filme (que não assisti ainda) me empolguei para ler os livros…
Bom, eu leio qualquer coisa, basicamente! Então, vi que era um livro grande, porém com letras grandes: seria então para aquela leitura simples que se faz antes de dormir, sabe?
A Lenda dos Guardiões: A Captura é o primeiro livro da série escrita pela americana Kathryn Lasky. A autora sempre foi louca por corujas e o livro surgiu de observações, de uma grande pesquisa que ela fez sobre o comportamento desses animais, com a intenção de publicar um livro científico mesmo, com fotos ilustrativas do marido Christopher Knight.
Por conta da dificuldade na captação das imagens, ela mudou o foco para escrever um livro de ficção. Kathryn já sabia tudo sobre o comportamento das corujas: as espécies, como comem, dormem, voam, constroem ninhos etc. E aí criou uma história épica (com direito a mapa e tudo – como Senhor dos Anéis, por exemplo), na luta entre bem e mal que já conhecemos…
A grande questão é que, A Lenda dos Guardiões é muito mais do que isso: é um livro que trata de um tipo de cárcere nazista, com lavagem cerebral, tortura e tudo o que tem direito! Por essa você não esperava né? Nem eu!
O protagonista Soren começa assitindo sua irmã Eglantine sair do ovo logo no começo do livro. Todos os detalhes, da construção do ninho, a alimentação inicial até poder comer carne de verdade, a forma como os pais e irmãos se comportam quando vêm o nascimento, tudo é muito bem descrito. Eu achei que seria algo chato, meio que científico demais para alguém com interesse de entretenimento simples (porque ela apresentou características que seriam um livro descritivo, afinal)…
Contudo, o tal sonho de voar das corujas e como elas almejam tal coisa (até voarem de verdade, que é uma descrição muito bonita por sinal, em determinada parte do livro), além do super carismático protagonista – o inocente, ingênuo, porém, muito inteligente Soren prendem você: não tem jeito.
A história é a seguinte: corujas filhotes estão sendo raptadas e desaparecem por completo – ovos também. O nosso protagonista é raptado (claro, senão não teria história, né? É que nem se o Neo tivesse comido a pílula azul em Matrix) e levado até a Academia S. Aegolius para Corujas Órfãs e lá, meus amigos, é quando tudo aontece…
Personagens maravilhosos, como a corujinha Gylfie são introduzidos. Os vilões são “típicos vilões”, com a burrice e maldade entranhada! Não posso falar muito sobre o que é a Academia e sobre o que acontece lá, mas, é uma história inteligente com muita esperança e inocência no meio, em que corujas que sonhavam em serem corujas, em passar pelos rituais tradicionais de cada espécie e, principalmente, voar ficam perdidas em regras de comportamento que as privam de qualquer curiosidade (é proíbido perguntar ou mesmo ter o tom de voz questionador).
Mas, não posso deixar de mencionar, até para que tenha atenção dos leitores que não curtiram o tema “coruja”: a lavagem cerebral é extraordinária e a forma com que as corujas lidam com isso é igualmente original. Além disso, eles têm uma curiosidade perigosa e uma coragem infantil – não é como livros infantis em geral em que o grupinho protagonista enfrenta monstros em sã consciência, sabe?
Ciscar compassadamente, repetir o nome até se tornar algo tão banal que não se lembra e tornar-se um código qualquer… É um campo de concentração para ovos e filhotes.
Grandes heróis vão surgindo e desaparecendo (isso mesmo, com mortes até mesmo cruéis, posso adiantar, sem medo de interferir na história) o que me surpreendeu. Sabe aquele tipo de personagem que você fica torcendo para conseguir? Com aquele mega carisma? Então… A autora não tem piedade de ninguém!
Apesar do argumento clichê (as corujas passam a querer ir atrás da árvore de Ga Hoole, onde corujas guerreiras e justas poderiam ajudar naquela empreitada (nos outros livros você vai descobrindo sobre isso, o funcionamento da hierarquia da tal árvore – e se surpreende também!) a história se sustenta pela riqueza de detalhes, pelos personagens carismáticos (não mencionei a cobra criada a Senhora Plithiver – que é uma cobrinha idosa e cega que serve à familia de Soren) e pelas viradas inteligentes…
O livro acaba deixando saudade e a porta aberta para o segundo livro: A Jornada – que arrisco dizer, melhora ainda mais! E isso falo na semana que vem, pois já li os lançados no Brasil – que são três.
A boa notícia é que, como estou gostando muito da história, quanto mais melhor: ao todo, a coleção tem quinze livros! Isso mesmo: quinze livros! Só espero que sejam todos lançados no Brasil – vai depender da aceitação do público né? Porque a febre com o filme já tá passando…
Cada livro está custando em média R$28,00 em lojas virtuais ou físicas.
Se vale a pena? Eu gostei muito – achei inovador, interessante, despretensioso e sem a clara intenção de ser comercial, sabe? Pra mim, isso tudo conta muito! São 184 páginas (com letra grande, lembrem-se) que você devora rapidinho… Para ir dormir e sonhar em voar, quem sabe?
É como diz no livro: “está tudo em sua moela”!
Tenho que admitir que foi difícil me acostumar com essa, afinal! 🙂