Buso Renkin Vol. 4 | Boas piadas e o clímax da saga, mas só eu acho que podia ser melhor?

Vou ter que bater na mesma tecla: Buso Renkin é muito divertido quando é isso que o autor quer que ele seja, mas falha feio quando a proposta é emocionar ou empolgar o leitor. Podem não concordar, obviamente, e eu mesma, desde o primeiro MdQ, digo que a série poderia seguir dois caminhos, um deles se tornando um ótimo shonen, mas depois do quarto volume começo a me conformar que vai ser isso mesmo e que só vou acompanhar até o fim porque nunca paro nada no meio do caminho, senão fico com aquela vontade de querer saber que fim todo mundo levou eternamente.

Bom, depois do continue vou tentar me focar no que gostei do volume, mas também podemos conversar sobre o que poderia ser diferente (talvez melhor?).

Comparações de tamanho! Hahaha, não é todo mangá que faz esse tipo de piada, ou ao menos de forma assim mais debochada do que subjetiva, e eu curti! Ri bastante das cenas no banheiro público, principalmente da aparição do Papillon. Aliás – e eu sei que já disse isso – gosto cada vez mais desse personagem! Acho que é o verdadeiro rival do Kazuki, não sei ainda se vilão, mas com certeza é alguém que nosso protagonista terá que enfrentar novamente. Seu design é horroroso, principalmente a máscara de borboleta, mas todas as cenas com ele ficam interessantes, parece que o autor realmente sabe o que fazer com o personagem. Me divirto. Aliás! [2] Muito boa a tirada com Kazuki e Shusui aparecendo um atrás do outro em loop infinito, sempre me perguntava quando alguém ia fazer piada com isso!

Bacana também foi a forma como os irmãos se revelaram, atacando de surpresa logo após serem salvos, e não tenho o que criticar nas lutas em si fora a “falta de impacto” de sempre. No sentido literal mesmo, não um impacto ao leitor, mas físico entre armas ou objetos; sempre acho que Watsuki não consegue demonstrar isso direito, fica parecendo que as coisas estão só se encostando. Mas tem melhorado, tem melhorado.

A pena foi mesmo o que o autor comentou num dos freetalks, sobre ter desistido da ideia inicial de a luta entre eles ser dois a dois. Teria fugido do que vimos até agora no mangá, e como é mais difícil pensar em algo assim, normalmente surgem situações interessantes. (Porque acredito na teoria de que temas babacas geram redações medíocres e temas complexos, que nos forçam a pensar em algo coeso e opinativo, geram redações de qualidade; o princípio é o mesmo.) Tá certo que foi porque ele não estava se sentindo muito bem, mas teria sido bacana, sim.

Ainda sobre eles, o passado dos gêmeos me surpreendeu com a revelação da falsa maternidade, e o olhar distorcido do Shusui mais pro final conseguiu transmitir bem o sentimento, mas apesar de o autor comentar que achou bem pesada a história, não fiquei tão assim… aí não sei se é a forma como ele escreve/desenha ou se sou eu que não consigo entrar direito na narrativa de Buso Renkin. Watsuki sempre tenta, por exemplo, mostrar como a Tokiko é fria e objetiva (o que rendeu várias cenas engraçadas com aquele serzinho rosa da Ohka), e é sempre nítido os momentos em que reforça essa personalidade (seu ataque ao Kazuki, que queria proteger os gêmeos, pra citar um momento), mas é só isso… “nítido”. Nunca acho que é realmente convincente, digo, eu, leitora, não fico com a impressão de que ela é assim, apenas de que o autor quer passar essa ideia. Não sei se estou sendo confusa pra explicar…? É diferente de, digamos, Clare de Claymore ou mesmo a Rukia de Bleach, não acham? Quando ela fala “Espalhe suas entranhas.” dá quase vontade de rir, sério… é como ver uma peça de escola, sei lá, parece tudo meio encenado ou como se não se encaixasse perfeitamente. Quando o Hibari fala “I’ll bite you to death.” em Reborn! o efeito é outro, por exemplo.

E eu já tinha citado essa coisa de “não me convencer” no MdQ passado, quando comentei sobre o choro do Kazuki naquele quadro enorme com ele se perguntando se era mesmo um hipócrita. Complicado isso.

E agora tenho que me desculpar com os fãs do Capitão Bravo! De fato, o personagem é legal, ainda bem que minha impressão negativa foi só inicial. Aparecer chutando o Moon Face e depois na invasão do esconderijo… gostei. E falando da invasão, ri muito da Tokiko ter que fazer a pose e no fim não servir pra nada hahahahahaha, e depois o autor ainda explicou que era a de Sailor Moon! Rachei mais ainda. É nesse tipo de situação que o mangá fica gostoso de ler, Watsuki trabalha muito bem com o humor de Buso Renkin. E, por fim, a LEX já sabia que sua sede seria invadida e por isso se antecipou e cercou o colégio… bem forçado isso, mas tudo bem. Digo, Karakura, em Bleach, é especialmente abundante em energia espiritual, então se justifica essa predileção dos hollows pelo lugar, mas aqui não há qualquer motivo para os homúnculos se focarem tanto na cidade do Kazuki, né? Ah, e só pra fechar com um elogio, acho demais o Kazuki conseguir voar usando a faixa de energia da lança dele, é como um foguete portátil!

Acho que era isso… MdQs cada vez mais curtos porque acabo não tendo muito o que dizer sem me repetir mais do que já me repito. Teve um comentário recente lá no MdQ passado com um leitor falando que depois de ler até aqui, desistiu da série. É sempre triste né, eu mesma tento nunca abandonar nada, mesmo que nem ache tão legal. Mais alguém pulou do barco?

Nota sobre a edição nacional: me incomodou mais do que de costume, nesse volume, algumas traduções literais que a JBC costuma usar em seus mangás. Substituir “senpai” por “veterano(a)” aparentemente não machuca ninguém, mas tem que se levar em conta que isso é usado como sufixo no Japão, ninguém, no Brasil, chama os alunos de 3º ano de “veterano João” ou “veterana Maria”. Nesse volume 4 o Kazuki gritou/falou tantas vezes os nomes dos gêmeos que me deu um pouco nos nervos a repetição exagerada dessa palavra. Fica forçado, o que é a pior coisa numa tradução, cujo objetivo máximo é não ser percebida. Enfim, apenas um adendo.

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