Você, atual leitor do Portallos, já nem deve saber do que se trata esta coluna chamada “Patópolis em Quadrinhos“. O blog cresceu muito nos últimos meses e esta é uma coluna que não dou continuidade há mais de um ano! A última edição dela foi em outubro de 2009. Não foi má vontade de continuar não, na verdade foi apenas falta de tempo para vasculhar meu enorme armário de revistas e escolher o tema e a história certa, até porque não trata-se apenas de disponibilizar uma HQ completa para download, mas de apresentar com maiores detalhes o universo da Disney na qual muita gente não conhece ou que esqueceu.
Quando comecei esta coluna os quadrinhos Disney no Brasil não estavam com toda essa corda atual. Com novas revistas chegando regularmente nas bancas, com coleções de luxo sendo estudadas, e assinaturas era um sonho impossível. Existia apenas as revistinhas básicas e fazia muito tempo que elas não chamavam a atenção. O objetivo da coluna era realmente colocar brilho no universo da Disney pela internet. Inicialmente a idéia surgiu de uma matéria que fiz chamada “Brasil, Quadrinhos Disney e a Era Digital” lá do comecinho de 2009. Alias vale a pena ler esse antigo texto e ver como mudou esse cenário negro dos quadrinhos Disney no Brasil desde então.
2010 está sendo um grande ano para os fãs e colecionadores. Mas ainda há muito que se fazer para melhorar nossas revistas nacionais. Mais conteúdo inédito por mês é uma das minhas constantes reivindicações. E não apenas inéditas do período atual dos estúdios internacionais, mas também conteúdo antigo, que não saiu no Brasil. Sagas, séries e personagens que merecem uma chance por aqui, para que os fãs conheçam. Que traga-se maior diversidade nas histórias.
É por isso, que decidi retornar com Patópolis em Quadrinhos. Por que apesar do crescimento de leitores e revistas aqui no Brasil, ainda tem muita coisa bacana que as pessoas precisam conhecer e entender. E muitos que ainda olham para Disney com careta podem vir a ter a chance de mudar de idéia. Por fim, apesar do retorno da coluna, não pretendo torná-la regular. Sai quando achar que deve sair uma edição. Tenho outra história pronta já para uma próxima edição, mas ela só sairá em 2011, quando estiver perto da entrega do Oscar. Por que? Bem… não conto. Será uma surpresa.
Para os curiosos de plantão, segue os links das primeiras edições desta coluna:
- PeQ #1 (Mar/09): Série P.I.A. [Patinhas Intelligence Agency]
- PeQ #2 (Abr/09): Mickey e Pateta e a Fantasia nas HQs!
- PeQ #3 (Jun/09): Tio Patinhas e a Escócia!
- peQ #4 (Out/09): Série Máquina do Tempo com Mickey e Pateta!
E nesta edição o tema será, finalmente, o Indiana Pateta! MAS ESPERE! Não estou falando deste personagem que o pessoal andou lendo nestas últimas histórias que a Editora Abril andou publicando por aqui nos últimos meses. Estou me referindo ao formato mais original nas histórias com este personagem. Depois do continue explico em maiores detalhes, mas já quero dizer que é DESTE Indiana Pateta que sou tão fã. Gosto também das histórias atuais que a Abril trouxe recentemente, mas pra mim, as antigas não tem nem comparação em termos de qualidade com as atuais. E uma curiosidade, mas em 2008, já havia feito uma matéria aqui no Portallos especialmente sobre o personagem e as raríssimas HQs dele no Brasil (link). Quer saber mais e conferir a história “Indiana Pateta e a Raposa Dourada”? É só continuar!
Patópolis em Quadrinhos #05
Indiana Pateta nos anos 90!
Download – Indiana Pateta e a Raposa Dourada (12MB)
Para ler a história, recomendo o programa CDisplay. (Saiba mais sobre o programa aqui)
Revista: Mickey, nº 555
Publicado no Brasil em Fevereiro de 1996
História: Indiana Pateta e a Raposa Dourada [32 págs]
Inducks: Clique Aqui!
Roteiro: Giuseppe Ramello
Desenhos: Alessia Martusciello
História originalmente publicada na Itália em 28 de Março de 1995
Aos que acompanharam esta coluna ano passado talvez se lembrem de alguns comentários meu, onde dizia que iria trazer para cá a história Indiana Pateta e o Vale dos Sete Sóis (Inducks). Eu tinha mesmo a intenção de que esta fosse a história que iria reinaugurar o Patópolis em Quadrinhos, mas com a criação de Disney Big pela Editora Abril, ando quase que implorando e chorando ao Paulo Maffia que republique este clássico na revista, por isso, resolvi deixar de mostrar ela por aqui. Seria muita sacangem colocá-la para download e depois ficar torrando a Abril para republica-la. Na minha opinião, esta é a melhor história do Indiana Pateta que já foi publicada no Brasil.
Outra HQ que ando pedindo para ser republicada é a história Indiana Pateta e a Cidade de Gelo (Inducks). Mas neste caso estou pedindo que ela apareça em Minnie Pocket Love, pois é uma história onde Minnie e Clarabela se juntam ao Mickey e Indy numa incrível e criativa aventura pelo gelado Nepal (Himalaia). É uma das primeiras histórias do personagem, então é nesta que ele é apresentado, pelo Mickey, às garotas, e não é que o Indy fica todo “cheio de graça” perto da Clarabela? É muito engraçado estes momentos dele com a Clara e combina perfeitamente com a idéia do projeto de Minnie Pocket Love. Por isso, acabei descartando também tal história de aparecer por aqui.
Sobrou a minha terceira opção, A Raposa Dourada, que apesar de não ser uma história da dupla Bruno Sarda e Massimo De Vita, a dupla que fez as melhores histórias do personage, ela tem todos os elementos básicos de criação do Indiana. E isso leva a questão principal desta matéria: Qual o problema com o Indiana Pateta atual?
O personagem ficou tão famoso na Itália que muitos artistas trabalham com Indy hoje em dia, ao contrário das histórias mais antigas, que você percebia a influência e as regras nas estruturas da histórias criadas pelo Sarda. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, bom porque permite que os fãs o vejam em mais histórias e ruim porque nem todo mundo consegue trabalhar com o mesmo de forma tão bacana e com isso o personagem perde qualidade. Um exemplo disso foi este ano com a história O Fantasma de Cleópata, do Casty, publicada em Mickey 812, que é fraquíssima se comparada com os clássicos do personagem. A história do Casty não segue com piadas clássicas, e não usa o personagem de forma sábia. O Indy não é o Pateta, não adianta apenas inserí-lo numa história e para fazer o papel do Pateta. Nesta história do Casty não existe motivo algum para ser com a participação do Indiana e é neste ponto que você percebe que nem todo roteirista entende o personagem.
E falando em Pateta, as histórias mais aventureiras com o Indiana publicadas no Brasil não contam com a presença do melhor amigo do Mickey. Talvez seja isso um dos pontos pelo qual os leitores de hoje em dia não gostarem tanto do Indy. Em algumas mais antigas, o Pateta aparece no começo das histórias, saudando o primo e depois some, mas existe um motivo para isso. E não é uma regra. Existem muitas histórias onde Indy, Pateta e Mickey atuam em conjunto, mas são mais raras e basicamente inéditas no Brasil. Quanto a razão disso acontecer é porque nas histórias do personagem, a personalidade do Mickey muda tanto, que ele passa a quase fazer o papel do Pateta. Mickey deixa de ser o protagonista e herói das HQs, ele perde um pouco daquela idéia de o personagem perfeitinho, que não erra, que não tem medo, que nunca hesita. O Indy mexe muito com o Mickey nestas histórias, porque, como já disse, ele é como o Tio Patinhas. Nunca volta atrás, não tem medo do perigo, porém ainda matém certas características da família dos Patetas, como ser meio abobalhado e sempre é muito simpatico com todos. É meio atrapalhado, porém é mais inteligente que o Pateta. E Mickey vira o Donald: Quando alguém tem que se machucar ou pegar o trabalho mais pesado sobra pra ele.
Outros clichês clássicos com o Indiana: O seu vício com balas de alcaçuz, por exemplo. Eu nunca provei, mas nos quadrinhos todos os personagens odeiam. Não sei se é realmente alcaçuz lá fora, pois não tenho acesso ao material original, mas ainda assim a idéia é de que é uma bala que só o Indy adora. Me lembro de uma história antiga onde ele acaba ficando sem balas, que são enviadas para ele de uma tribo não me lembro de onde, e ele acaba arrastando o Mickey para ver o que está acontecendo, e durante a HQ inteira ele fica todo deprê pela falta de consumo das balas. E essa é uma das marcas das primeiras história, ele sempre tem um momento onde mastiga uma balinha e oferece a um personagem. O jipe do Indy também é marca registrada. Já foi tema de várias histórias, e muitas cenas de ação e perseguição, além de possuir certos apetrechos de aventureios, que lembra um pouco o 313 do Donald, quando está equipado com as bugigangas do Superpato. Kranz é outro personagem que está sempre presente nas suas história, e funciona como o arqui-inimigo do Indiana. Ambos são arqueólogos, mas enquanto o Indy é o politicamente correto, honesto e que sai em buscas de tesouros apenas pelo prazer de desventar um mito e lenda, Kranz sempre espera lucrar com isso, e está sempre atrás do Indy, já que ele mesmo não tem capacidade de desvendar tantos mistérios quanto a dupla Indy e Mickey. É o antagonista perfeito para este tipo de história. Numa comparação com as histórias dos patos, Kranz seria o McMônei das histórias do Tio Patinhas.
A história “A Raposa Dourada” tem muito destes elementos que citei. Temos as balas de alcaçuz, temos o jipe, temos Kranz e temos uma aventura. Mickey na história está como coadjuvante e ainda é aquela fase onde fica meio desconfortável na presença do Indy. Ele toma uns tapões, faz papel de bobo, um dos personagens da trama nunca acerta seu nome e enquanto o Indy está todo confortável com a situação, Mickey as vezes fica rabugento como o Donald fica com o Tio Patinhas (em menor escala, afinal, o Donald é único). O Pluto também tem um papel importante na história e tem seus bons momentos. Como disse no começo, a história não é do Bruno Sarda, porém o roteirista Giuseppe Ramello segue fielmente os elementos do Sarda. Se não fosse por isso, não teria escolhido esta história.
Sobre o roteirista e desenhista!
A Número Um… Bis!” que saiu na Tio Patinhas 383 de 1997. Para ser sincero, tenho esta história também, mas puxando assim da memória, não lembro dela direito. Enão não chega a ser uma história tão marcante, ao menos pra mim pelo visto. Uma que me chamou bastante atenção olhando pelo Inducks é a história “Topolino e il mistero della piattaforma” (página ao lado), com o Mickey e com 54 páginas, produzida em 1994. Gostaria que ela fosse publicada no Brasil. Participam dela o Mickey, Pluto e o Comissário Joca. Ela chegou a ser publicada em 8 países.
(Roteiro): Não chega a ser um roteirista que marcou história nos quadrinhos Disney. Na verdade Giuseppe tem pouquíssimos trabalhos listados no Inducks. Não chegando nem a ter 40 histórias no site. Trabalhou com vários personagens entre 1994 até 2002. No Brasil teve apenas duas histórias publicadas, esta do Indy e uma outra do Tio Patinhas chamada “Alessia Martusciello (Desenhos): Salvo equívoco, já que não é tão raro me confundir com nomes estrangeiros, Alessia é um nome feminino, não? Ela ficou na casa Disney um pouco mais tempo que o Giuseppe, mas para quadrinhos Disney da turma de Patópolis também não tem muita coisa no Inducks. Ela participou muito das ilustrações da revista Witch desde 2000 e em 2009 fez uma história do universo da Sininho (hoje, Tinker Bell), com uma fadinha chamada “Fawn”. Em todo caso, eu gosto muito dos traços da história que trago a vocês. Quadros com bonitos angulos (como a da primeira página, com o quintal do Mickey) e o traço redondinho do estilo italiano. E o traço realmente faz jus ao talento, tanto é que assim de cara no Inducks, vi cerca de 10 histórias que sairam aqui no Brasil, são elas: – Donald, O Meu Campeão, – Persistente Demais, – Um Milhão De Azares (Com o Gastão! Podia ser republicada!), – Amigos Pra Cachorro, – As Duas Moedinhas Número 1, – O Espírito Do Artista (Parece uma boa para Minnie Pocket Love), – Um Dia Como Outro Qualquer, – A Ciência Segundo Pardal (Esta também merecia uma republicação), – As Sacolas Do Tempo (Essa não faz tanto tempo que saiu por aqui, em 2007).
Como de costume da coluna, termino-a com as três primeiras páginas da história que estou disponibilizando, para “abrir o apetite”!
Obs: Se nada der errado ou não mudar de ideia, no próximo Patópolis em Quadrinhos, que não sei quando sairá, devo mostrar aqui uma das séries dos anos 90 que mais gosto: Era uma vez na América. Mas isso é uma conversa para o futuro…