The Walking Dead: Episódio 3 da 1ª temporada foi exibido nos EUA dia 14 de Outubro de 2010: “Tell It to the Frogs“
Enquanto isso no Brasil: O episódio foi exibido no dia 16 de Novembro de 2010 no canal Fox!
Aviso: Continue lendo apenas se você já assistiu o episódio 1×03 (“Tell It to the Frogs”) de The Walking Dead. Haverão spoilers!
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1×03: “Tell It to the Frogs”
Um sofrimento que os mortos tentam extinguir: sobrevivência!
Este post está um pouco atrasado (desculpem por isso), mas ainda vamos a tempo de refletir um pouco sobre os últimos acontecimentos que tiveram a sua relevância em The Walking Dead – não foram poucos, embora a atmosfera do episódio tenha sido maioritariamente monótona, de certa forma – não me interpretem mal.
A série dos mortos-vivos desde o início tem um foco bem definido: dramas e entranhas humanas – sim, o ponto forte desta série é não se limitar a explorar as entranhas infecciosas dos zumbis e ir mais além. Mas isso já falei em outras ocasiões. A luta pela sobrevivência é um tema que já está ficando saturado, mas ainda pode dar certo se for bem elaborado. Acho que The Walking Dead cada vez mais confirma isso. O melhor é a sensação de que mesmo que os conflitos e os dramas humanos nos pareçam sérios e relevantes, a Natureza simplesmente os ignora, como se nossas preocupações fossem um fardo sem significância para todo o resto.
Violência Física contra Dor Psicológica Crescente!
Na história original, não houve uma grande incidência no machismo e na violência contra mulheres mas mesmo sendo fiel à HQ em primeiro lugar, gostei extremamente do aproveitamento da adaptação para tornar essa vertente um tema de importância no desenvolvimento da “Tribo” de sobreviventes. Que raiva que senti com a atitude do Ed! E, claro, não esperava por aquilo (e também não esperava por uma Carol quase careca) o que só torna a situação ainda melhor. Foi uma boa interpretação. E como todas personagens agem de acordo com transformações internas e traumas psicológicos emergentes, foi inteligente utilizarem um confronto entre Shane e Ed para mostrar também um pouco da revolta do melhor amigo de Rick face ao pedido – talvez devesse dizer ordem – de Lori: “A partir de agora, a minha família está fora do seu alcance”.
Outro detalhe que notei foi a força de Lori na série. Primeiro, vemos uma Lori mais atirada (episódio 1×02) e agora uma Lori mais decidida e impiedosa – definitivamente, fizeram mudanças significativas na personagem. Que Shane vá conversar com os sapos! Não digo que ela devesse ficar com Shane após Rick voltar, mas a forma como ela cortou relações com Shane foi um tanto agressiva e desnecessária, até mesmo o afastamento de Carl perante Shane – parece que quando a consciência pesa, a mente fica mesmo um pouco cega. Neste aspecto não posso criticar muito o desenvolvimento da personagem porque de fato até está bom.
Sem delírios, uma mão pode significar uma vida!
Entretanto, vamos voltar um pouco na cronologia. As divagações de Merle Dixon no início foram brilhantes e terminaram de forma esplêndida se considerarmos o objetivo da série. Mesmo ele tendo estado perturbado e agressivo, deixá-lo algemado no teto foi uma crueldade enorme – provavelmente, crueldade seja um termo ingênuo para ser utilizado pois podemos ao menos imaginar que o instinto de sobrevivência seja forte de mais para resistirmos a ele e o caso em questão era Merle ser salvo ou o seu salvador e Merle serem mortos.
Naquele momento, o fim do 2º episódio, sentimos a dor de Merle, só que essa dor ganhou outra dimensão quando conhecemos o seu irmão Deryl. Tal Merle, tal Deryl, verdade seja dita. Porém, por favor, eles continuam sendo humanos! Os zumbis quase entrando no telhdo foi tenso, muito tenso, mas o mais angustiante é aquilo que eu já estava prevendo e esperando: a chegada do momento em que o auge do desespero levaria Merle a amputar a própria mão!
Deduzi pelo desfecho do episódio que Merle estava delirando dado que não havia nenhum zumbi ou nenhum corpo de zumbi morto no chão ou nas escadas – a tragédia se torna ainda maior! Aliás, isso faria sentido considerando a exposição solar a qual ele ficou exposto. E digo tragédia porque estou bastante convencido de que Merle estava morto no chão (mesmo que a câmera não tenha mostrado isso, uma mão amputada levaria a uma perda enorme de sangue e o grito de Deryl deve se expressar por si só…). Por outro lado, não ficaremos sem a personalidade de Merle no acampamento – Deryl fará um ótimo trabalho na ausência do irmão, sem dúvida. Espero algo positivo disso, mesmo que não haja nada assim na HQ – talvez a série televisiva sirva para isso. explorar aquilo que a HQ não explorou tanto.
Reencontro Familiar de Rick é a ruína de Shane!
Rick Grimes, o protagonista, a personagem central, teve, sem dúvidas, envolvimentos e avanços na sua caracterização. Aos poucos já se sente a ascensão de Rick à liderança e o crescimento da tensão entre Rick e Shane. O conflito entre Rick e Deryl foi menos trágico do que esperava, acho que isso não foi muito bom, mas como não tenho certeza do que esperava (queria apenas algo mais trágico e inesperado) considerei o conflito aceitável. E já que estamos lembrando disso, por trás de tudo que aconteceu no episódio ficou um eco, uma questão sem resposta que penso ter contribuído essencialmente para a base de um clima interessante – Merle estava em desespero, quase sendo devorado por zumbis no começo e depois ficamos sem saber o que havia acontecido e ainda fomos provocados pela decisão de Deryl e Rick em ir resgatar Merle – a curiosidade quase que mata!
Um dos momentos que mais ansiava por ver representado foi o reencontro de Rick com Lori e Carl. Na HQ conseguiram fazer o reencontro funcionar bem, mas não tinha certeza de como fariam esta cena na série dado que ela implicaria muita emoção. Felizmente, souberam interpretar com maestria o reencontro. Aqueles que esperavam que a busca de Rick pela família fosse ser um objectivo sem resposta durante bastante tempo, como um longínquo objetivo, já perceberam que isso foi evitado – confesso ter pensado algo semelhante quando comecei a ler a HQ pela primeira vez. Mas isso seria limitar muito uma história tão abrangente na área humana. Contudo, isso é mérito de Robert Kirkman e não da série em si.
Em Geral…
O fato é que o regresso do melhor amigo de Shane lhe custou caro e assim surgiu mais um dos esperados conflitos internos centrais de The Walking Dead – perturbações, medos, ansiedades, desejos e sobrevivência podem realmente interferir na amizade de duas pessoas? Amizade talvez seja apenas um preço que pagamos, uma criação humana, para criar uma atmosfera de paz, de convivência – algo que se faz sentir ao extremo quando sobrevivência é a única coisa que resta. Sinceramente, por enquanto acho que está sendo feito um excelente trabalho de adaptação desde que consigam introduzir mais reviravoltas por episódio com o passar do tempo e com o amadurecimento do núcleo da história. Afirmo isso porque por melhor que estejam os primeiros episódios, ainda não consegui sentir a mesma sensação de apego e carisma da HQ; há algo muito parado, lento na série para além dos zumbis.
Enfim, o episódio “Tell It to the Frogs” foi razoável, gostei do rumo tomado pela série, da formação sólida das personagens, do enquadramento inicial de Rick no acampamento, do reencontro de Rick com a sua família, da dor de Deryl e principalmente do trágico fim – imagina a repercussão da morte de Merle em Rick, em Deryl e em T-Dog que uma certa euforia já poderá ser sentida. Dado que este post já está atrasado, estamos bem perto do próximo episódio, episódio 1×04 (“Vatos”). Parece que mais uma pessoa está começando a delirar, Jim – resta pensarmos qual será o motivo disso e como Shane lidará com a situação – ou será que Rick irá se destacar mais uma vez? Até Domingo, ficamos com o Sneak Peek.