Seguindo esse raciocínio, vou recomendar uma nova mini-série que está sendo publicada pela Panini: Coleção DC 75 anos.
Composta por 4 edições, o primeiro volume já está nas bancas e livrarias, e aborda a chamada “ERA DE OURO”, apresentando histórias clássicas de personagens da DC, editadas do final da década de 30 até o o início dos anos 40. Vamos conhecer elas?
Essa edição começa com a primeira história do Superman, precisa dizer mais? Action Comics #1 foi publicada em junho 1938. É sobre Kal-El lutando contra o tempo para salvar uma mulher inocente de ser eletrocutada, interrompendo o espancamento que está sendo feito por um marido em sua própria esposa, salvando Lois de um rapto pela primeira vez, e acabando com os planos corruptos de um político. Puxa, como o Super logo de cara tem tanto trabalho a ser feito, não? Ainda assim, a maioria das situações são resolvidas em poucas páginas, e claro, de maneira bem simples. E os adversários do Super são pessoas normais, nada de super-vilões e tramas rocambolescas. O tom de aventura impera, e quando você percebe, lá se foi a primeira história.
Logo em seguida, é a vez de conferirmos a estréia do Batman, que ocorreu em maio de 1939 na revista Detective Comics #27. Assim como Superman, Batman é apresentado de maneira misteriosa. Para as pessoas daquela época época, isso era muito atraente, e quebravam a cabeça imaginando como os heróis conseguiam realizar tais proezas. Um importante empresário é assassinado. Bruce Wayne está com o comissário Gordon, e os dois vão até o local do crime para investigar o caso. Logo, Bruce Wayne sai de cena e dá lugar ao soturno Batman, que passa a investigar sozinha, e acaba por descobrir quem está por trás do assassinato. Nessa estréia, já podemos notar muitos elementos que continuam presentes nas aventuras atuais do Batman. Justamente o contrário do que aconteceu com o Super. Inclusive, essa história é de certa forma atual em seu cerne, o que é muito satisfatório, mostrando que o Batman já nasceu um bom personagem.
Rapidamente vamos passar para a terceira história da revista, que por sinal é sobre a origem do Flash. O primeiro Flash, Jay Garrick, mais parece um típico nerd derrotado, que vai bem nos estudos, mas se dá com as garotas e nos esportes. Durante uma de suas experiências científicas, ele inventa de fumar (era outros tempos) e causa um acidente, e ao inalar os vapores do composto químico que está pesquisando, desmaia e passa semanas entre a vida e a morte. Quando desperta, descobre que possui supervelocidade. Detalhe que as pessoas não se assustam com isso, ele usa seus poderes em público numa boa, e em benefício próprio! Até que Jay decide intervir em um caso em que criminosos escaparam da cadeia. Jay leva-os de volta para cadeia, e gostou de ser útil á sociedade, e passa a agir como Flash, já com uniforme e tudo. É uma história curiosa, que hoje em dia não faz quase nenhum sentido, mas fica o interessante registro de sua origem, publicada em janeiro de 1940 na revista Flash Comics #1.
Continuando, temos então a quarta história, onde descobrimos a origem do mortal mais poderoso da Terra, Capitão Marvel! É sobre um garoto abandonado pelo tio, que é convidado por um homem misterioso a conhecer o mago Shazam. O mago acompanhou a vida toda de Billy Batson, nosso garoto, escolhido pelo mago para ser seu sucessor e defender a humanidade. É uma história que também funciona nos dias de hoje, apenas são necessários ajustes. A estréia do garoto que queria ser grande e conseguiu foi na revista Whiz Comics #2 de fevereiro de 1940. É muito bacana para os leitores jovens, pensar que podem se transformar em alguém poderoso, mais ou menos como temos atualmente o Ben 10. É um personagem que pode render muito, mas na minha opinião, não poderia estar na DC. O personagem sempre parece que tem que ficar um passo atrás do Superman. Deve ser o trauma causado pelo medo que a DC sofreu quando o Capitão Marvel, em seu início de carreira, chegou a tirar um pedaço da participação da revista do azulão.
E tome mais Batman, agora apresentando a história que saiu na primeira revista que ostentou o nome Batman, publicada na primavera de 1940 na revista Batman #1. E para começar bem, a edição marca a estréia do maior adversário do detetive encapuzado, o Coringa! O vilão é retrato como uma pessoa cruel (para a época), fazendo com que suas vítimas depois de mortas carreguem um tenebro sorriso macabro na face. O Coringa quer roubar valiosas jóias preciosas de milionários. Batman, claro, resolve acabar com a palhaçada do palhaço do crime. E pasmen, quando os dois se encontram, Batman leva uma surra bat-fenomenal do Coringa, acreditem se quiserem, no melhor estilo Adam West… E o Robin? Sim, ele nessa época já andava coladinho com o morcego velho e resolve ir atrás do Coringa sozinho, mas é claro, acaba capturado. O morcegão aparece vivo no último segundo, salva o menino-prodígio e soca o Coringa, soltando uma frase de efeito bizarra, dizendo que “você pode ser o Coringa, mas eu sou o Rei de Paus“! É SÉRIO! E tem outras piadinhas do mesmo naipe, se é que me entendem…
Ainda bem que a próxima história não tem o Batman, pois nela vemos a Sociedade da Justiça da América. Formada por Flash, Senhor Destino, Sandman, Lanterna Verde, Espectro, Gavião Negro, Homem-Hora e Átomo. Muitos desses heróis citados hoje ou mudaram radicalmente ou foram sucedidos por outros que mantiveram seus nomes. A reunião desses heróis que aconteceu na revista All-Star Comics #3, publicada no fim de 1940, possui dialógos e situações que, lidas hoje, soam bem engraçadas, pitorescas até, mas é interessante. Cada herói acaba contando a experiência mais empolgante que já tiveram. É a história mais longa dese primeiro volume da coleção, e de longe, a que deve chamar mais a atenção dos novos leitores. A idéia reunir vários heróis em uma só revista foi um marco para aquele período, e ajudou muito para que os comics ganhassem muitos leitores. Uma prática que ainda hoje é muito utilizada, e bem desenvolvida é capaz de render aventuras memoráveis.
Voltando aos heróis solitários, temos uma história do Arqueiro Verde. Bem, não tão solitário, já que o herói conta com o auxílio do side-kick Roy. Ou melhor, Ricardito! Meu Deus, os tradutores daquela época eram uns brincalhões, colocavam cada nome nome bizarro nos personagens… Se bem que, bizarro por bizarro, nessa história publicada em novembro de 1941 na revista More Fun Comics #73 nós nos deparamos com o Flecha-Móvel, que óbvio, é uma espécie de Bat-Móvel do ArqueiroVerde. O Arqueiro sai queimando borracha com o curioso veículo em busca de um assassino serial, que matava somente pessoas cujos nomes eram homônimos de pessoas famosas. Uma história curtinha, o que vale mesmo é ver o Arqueiro prendendo as pessoas na parede com suas flechas. Se eu fosse um arqueiro, eu ia querer fazer isso também, parece sr bem divertido, e a cara das pessoas presas pelas flechas é de rachar de rir!
Ei, vocês estão sentindo falta de alguém? Não? Bem, nem é culpa de vocês, mas a história que fecha esse primeiro volume é da Mulher-Maravilha. História que mostra a origem da amazona, publicada na All-Star Comics #8 no início de 1942. Hoje, a personagem é considerada como integrante da “trindade” da DC, juntamente com o Batman e Superman, mas na prática ela recebe menos atenção por parte da DC, que parece não saber muito bem o que fazer com a personagem. Mas naquela época em que foi publicada a revista, a Mulher-Maravilha rapidamente caiu nas graças do público, mostrando uma sociedade formada só por mulheres, todas belas e fortes. Vemos o capitão Steve Trevor, que cai acidentalmente na Ilha Paraíso, lar das amazonas reclusas. Ferido, é cuidado por elas, e Diana, a filha da rainha Hipólita, acaba por se apaixonar por ele. Porém, Steve precisa voltar para a América, e um torneio entre as amazonas é feito para que a mais forte dentre elas o acompanha na viagem de retorno. Contrariando sua mãe, Diana veste uma máscara e vence o torneio, e assim vai para a América com seu amado, mas não mais como Diana, e sim como a embaixadora daquele reino secreto, e assim ela se torna a Mulher-Maravilha! Se isso funciona nos dias de hoje. Bem, assista a animação da Mulher-Maravilha que foi lançada recentemente. Eu mudaria algumas coisinhas, mas é uma história original, isso posso afirmar sem precisar preso no laço mágico da Diana!
Bem, para finalizar, são 48 páginas muito nostálgicas, que valem a pena serem descobertas, apresentando uma época mais romântica, inocente até, com os heróis enfrentando ameaças em sua maioria bem comuns. Uma época onde os feitos heróicos pareciam estar a um passo de nós, e tudo era mais possível.