Fim de ano é a maior correria, e como não tenho uma moto de luz para acelerar as coisas, só pude assistir TRON – O Legado agora. Uma continuação de um filme (hoje) cult que já era esperada há tempos. Quase 30 anos se passaram desde que TRON – Uma Odisséia Eletrônica encantou uma geração inteira. E esse foi um dos mais importantes componentes que formaram o hype para a continuação que apresenta o universo de Tron para uma novíssima geração.
A pergunta que não quer calar é: valeu a pena essa espera?
Como fã de Tron, a minha resposta é sim. E esse hiato entre o primeiro filme e sua sequência adicionou um tempero delicioso. Afinal, Tron é sobre tecnologia, algo que sofreu uma evolução gigantesca nos últimos 30 anos. Pense naqueles velhos computadores de telas monocromáticas, comparando com os computadores de hoje que possuem tela de toque. A diferença entre o próprio jogo de Tron do Atari para o jogo de Tron – O Legado para PlayStation 3. É uma evolução, contínua e sem limites.
Essa evolução que aconteceu em nosso mundo foi fantástica. E no mundo digital de Tron, as coisas não poderiam ser diferentes. Quem assistiu ao primeiro filme lembra como o mundo dele, conhecido como Grid, era basicamente simples e geométrico, com poucas cores e cenários repetitivos. E quando surge o mundo atual de Tron, tudo está diferente. Aconteceu uma melhora substancial naquele mundo. Novamente, é algo como ter jogado o Atari, desbravando cenários “quadradões”, e atualmente perambular pelos mundos quase realistas do PlayStation 3. Se o visual do atual Grid 2.0 impressiona os novatos, os fãs de longa data ficam maravilhados.
Esse upgrade que o mundo de Tron recebeu é uma das melhores coisas de Tron O Legado. Foi uma sacaba genial, ainda que óbvia, claro. Pois assim como o primeiro filme, a história, a trama em si, é bastante simples. Entendo que O Legado contenha muitos elementos interessantes nas entrelinhas dos acontecimentos, mas isso se é evidenciado se você for atrás. O Legado é feito de uma maneira que o espectador simplesmente sente na poltrona e passe alguns minutos imerso em outra realidade, tendo assim uma proposta parecida com a de Avatar. A profundidade dos dois filmes está lá, escondida. Em O Legado, é quase como um easter-egg. Aliás, é bem divertido ficar achando as referências feitas ao primeiro filme, experimente! Pena que as atuações do elenco não são muito boas. Sam e Quorra não foram um casal com o mesmo nível de química do que por exemplo, possuem Sam e Mikela (Transformers).
Tron – O Legado não é um filme tão ambicioso quanto seu antecessor. Mas é muito, mas muito competente em sua produção. A música (que é bom lembrar, conta com Daft Punk) combina magistralmente com as cenas, uma raridade no cinema moderno. O som quer nos envolver, nos embalar somado com o deslumbre visual, proporcionado por um efeito 3D que preza a profundidade, e não a superficialidade. Nada de coisas explodindo na sua cara, tem a ver mais com imersão mesmo. Lógico que como todo filme de aventura moderno, há cenas “forçadas”, especialmente aquelas que são protagonizadas por Sam, mas o público gosta, infelizmente. E deixo registrado meu fascínio pelo design do mundo e dos veículos do filme, foram reestilizados e continuam com um visual incrível.
E falando em visual, a tecnologia que permite Jeff Bridges atuar como se ainda fosse o Bridges de 1982 é sensacional, e promete no futuro resolver sérios problemas em continuações de filmes. Imagine só, agora poderemos ver no futuro um Indiana Jones estrelado por Harrison Ford sem rugas e pancinha! Arrisco dizer que poderia ser um feito um filme inclusive com os rostos de atores já mortos. Demorou para usarem o rosto do Christopher Reeve no vindouro filme do Superman. Já vimos coisas parecidas com as versões jovens de Charles Xavier e Magneto em X-Men 3, mas agora a tecnologia é realmente convincente. Esse legado que Tron – O Legado está deixando para o cinema ainda vai dar o que falar, ou melhor, o que mostrar, já que o final do filme deixa claro que ainda há muito espaço para novas aventuras; embora eu sinceramente iria odiar esperar mais 30 anos…