Excelente jogo! Entretanto…
Após os fantásticos games de Call of Duty: Modern Warfare da Infinity Ward (review de Modern Warfare 2 aqui) , chegou a vez da Treyarch preparar o terreno e fornecer a munição. E eles conseguiram produzir um bom jogo? Sim, mas para mim essa questão é um pouco mais complicada. Pessoalmente, acho que eles fizeram um bom FPS e nada mais. Treyarch, mission accomplished.
“A lie is a lie. Just because they write it down and call it history doesn’t make it truth.We live in a world where seeing is not believing.Only a few know what really happened. We live in a world where everything we know is wrong.”
Terminei há poucas semanas o jogo cuja abreviatura Black Ops introduz uma campanha com black operations, isto é, operações não-oficiais que a história da humanidade mantém escondidas em mentiras bem escritas e bem divulgadas. E há muito para ser dito sobre o game em si.
Então vamos ao Call of Duty: Black Ops propriamente dito. Não se preocupem com spoilers – avisarei antecipadamente quando houver algum se aproximando (caso haja algum). Após o “continue”, conversamos mais sobre o jogo.
Campanha: Números sem Significado? Não!
A história começa numa sala de interrogatório na qual somos confrontados com vários números cujo significado deveríamos saber – embora não saibamos, claramente. E a partir daí, o modo campanha se desenvolve através de fragmentos de memória que nos leva aos mais variados ambientes e situações enquanto executamos operações secretas (black operations) e desvendamos o mistério dos números. A premissa da história é muito interessante e realmente ganha um forte destaque, mas para ser sincero a premissa promete mais do que é capaz de oferecer no futuro. O fim do modo campanha é bem desanimador, simples, sem elementos de surpresa. Lamentavelmente, temos mais uma história de missões, operações militares e as suas implicações de sempre.
Por outro lado, muitos nem sequer jogam a campanha e outros a jogam sem prestar atenção na história – verdade seja dita, o importante para muitos jogadores é a jogabilidade e as missões independentemente do resto. Se esse for o seu estilo gamer para FPS, no caso Call of Duty, então o Black Ops não decepciona. Ao longo das missões, haverá telhados para pular, helicópteros para pilotar, barcos para conduzir, equipes de soldados para comandar, tanques para dirigir e até torturas para fazer. A variedade de ambientes é uma realidade do jogo, felizmente. Quanto às armas, senti um certo desconforto com algumas mas a experiência não fica comprometida.
Há uma comparação que preciso fazer entre Call of Duty: Modern Warfare 2 e Call of Duty: Black Ops. A campanha do Modern Warfare 2 me agradou muito mais do a campanha do Black Ops! Não levem a mal essa comparação, a campanha do Black Ops é ótima, mas não chegou a atingir a excelência que experimentei em Modern Warfare 2. Não digo isso baseado apenas num elemento em particular, mas no modo campanha em geral. Em Modern Warfare tudo parecia conectado, tudo surpreendia, a história era ótima e o fim foi “épico”. No Black Ops, gostei da visão cheia de números, dos momentos finais mas quando chegou ao fim só havia um pensamento na minha mente: “É isso? Acabou?”
Relativamente aos gráficos, não notei nenhuma grande diferença – obviamente eles são bons. Todavia, perdi a conta dos bugs que encontrei ao longo do game. Talvez o bug mais bizarro tenha sido o desaparecimento do helicóptero – ele simplesmente sumiu e depois voltou a aparecer do meu outro lado, como se a sua imagem tivesse piscado lentamente enquanto ele se movia. Para todos os efeitos, os bugs não interferem significativamente no jogo, apenas trazem umas anomalias como a arma desaparecer por pouco tempo, ficando visível apenas a mira. Porém, se a pessoa não for muito observadora, a maioria destes bugs deverá passar despercebida. Não é um fator que desencoraja a compra do game.
Zombies: os vivos estão mortos mas os mortos ainda estão vivos!
O primeiro modo de jogo que joguei foi o modo Zombies que é extremamente viciante e divertido. Na verdade, não tive a oportunidade de jogar Call of Duty: World At War para detonar alguns mortos-vivos e desde então tenho uma certa curiosidade. Mesmo o modo Zombies sendo diferente, devo ter ficado uma semana fazendo headshots quase exclusivamente em zombies. Os dois mapas disponíveis envolvem uma atmosfera bem apropriada, bem trabalhada e escolhida. Todavia, a atmosfera do modo Zombies de World At War parece ser melhor quando analisada exclusivamente por vídeo.
No entanto, a minha curiosidade era maior no que diz respeito ao jogo arcade desbloqueável – excelente extra para o jogo. Definitivamente, o Dead Ops é um fiel arcade game com os simples controles, uma câmera de topo (perspectiva) e uma arma de direção analógica. Quem já jogou, deve concordar que o mini-jogo foi bem executado – Treyarch merecia um troféu por pensar nisso e executar no jogo. Enfim, passando ao modo online, não recomendo jogar Zombies Mode com outros jogadores em rede (talvez só para experimentar) – pelo que joguei, a experiência é melhor quando se joga sozinho.
Mesmo que jogar contra zombies online não tenha sido tão gratificante, jogar multiplayer offline é bastante recomendável. Facilita o progresso de avanço de rounds e permite o reviving através do apoio do outro jogador ao invés do Revive. Só lamento terem incluído apenas dois mapas neste modo de jogo – poderiam ter posto cinco mapas para dar uma maior variedade porque depois de algum tempo, os mapas se tornam um pouco cansativos. Em geral, sobreviver aos mortos-vivos não é tão fácil e depois do round 9, começa a ficar difícil de escapar à morte. Por isso, o mais aconselhável é encontrar certos pontos estratégicos que forneçam maior segurança e controle de visão e de terreno – sim, cada mapa tem pontos estratégicos excelentes.
Ah, e para quem ainda não sabe do Dead Ops, segue a dica de como desbloqueá-lo (não leia caso queira descobrir sozinho e passe para o próximo parágrafo): no menu do jogo, pressione L2 e R2 alternativamente até você se soltar da cadeira e quando estiver de pé, procura por um computador pequeno. Quando encontrar, aparecerá para pressionar um botão e assim você já poderá introduzir o código de desbloqueio que é “DOA”.
Modo Multiplayer Online: Contracts, Classes e Killstreaks
E agora vamos conversar sobre o tão aclamado Modo Multiplayer Online. Este modo de jogo que comentarei a seguir pode ser resumido em apenas uma palavra: genial. Sim, jogar online já era extremamente viciante e gratificante nos anteriores jogos da franquia Call of Duty – no Black Ops a experiência se intensifica e a qualidade aumenta com a adição de algumas melhorias. Desta vez, jogar online é quase se tornar um verdadeiro soldado – há contratos para assinarmos, pontos para gastarmos com a personalização, armas e acessórios para comprarmos com os pontos que ganhamos com a experiência e uma personalização mais detalhada.
Os contratos implicam determinadas missões/objetivos para cumprirmos ao longo de cada jogo. Como recompensa, ganhamos pontos. As armas iniciais são horríveis, pelo menos eu achei. Não sou tão bom no modo online, confesso, mas as minhas primeiras mortes deveram-se com certeza às armas. No entanto, com alguma paciência conseguimos experiência e pontos suficientes para comprarmos armas bem melhores. Ademais, podemos sempre equipar nossas armas e até mesmo personalizar a nossa mira (cor ou/e forma) e pintar o rosto.
Poderia escrever sobre mais alguns detalhes de personalização como os emblemas, mas acho que o resto não necessita de nenhuma apresentação ou referência. Já o modo online cooperativo merece este parágrafo pela conveniência da sua existência. Jogar com (contra) um amigo ou parente costuma ser divertido, então se adicionarmos a componente online, a proximidade da perfeição se torna quase palpável! É verdade, há suporte para dois jogadores online num mesmo Playstation 3 (no meu caso) e a jogabilidade é bastante satisfatória. Mas nem tudo é bom. Há um certo lag quando se joga cooperativamente online e a divisão da tela incomoda um pouco (como sempre).
Conforme se ganha experiência, se evolui de rank, armas são desbloqueadas e Killstreaks podem ser adquiridos. Os mapas de jogo são diversificados e alguns incluem uma interação entre o ambiente e os jogadores, com painéis de controle para fechar e abrir compartimentos. Devo dizer que o mapa que mais gosto é o Nuketown – apenas pelo fato de ser pequeno, permitindo encontros sucessivos e frequentes com maior número de mortes. E pelo que tenho percebido, a maioria adora este mapa, então acho que não sou o único a ter esta preferência. Os modos de jogo online são tantos e tão variados que não há como ficar sem escolha. Há inclusive o Wager Match que revela uma boa originalidade e alguns desafios, como por exemplo jogar online com uma arma que tem apenas uma bala. Outro detalhe sobre os modos de jogo é que precisamos evoluir de rank/nível para podermos jogar novos tipos de jogo online (Free-For-All, Team Deathmatch, entre outros). Quanto aos troféus, certamente nem preciso comentar. Há suporte para troféus. Aparentemente, Call of Duty: Black Ops é um jogo de longa duração na totalidade.
Conclusão: Em poucas palavras…
Não concordo em pontuar games para os outros, mas segundo o impacto que teve em mim, eu daria 8.5/9.0 para toda a experiência. Deve haver muitos que discordam de mim, porém o problema dos FPS’s para mim, mesmo os melhores que tanto adoro, é a perda de criatividade e de imersibilidade virtual que, cada vez mais, sinto nos games.
Resumidamente, gostei da história embora tenha ficado insatisfeito com o fim da campanha, fiz muitos headshots em zumbis e também no modo multiplayer online, mas depois de jogar tudo senti que tinha sido apenas mais um bom FPS – parecia que algo se repetia mais uma vez. E, se pensarmos bem nos outros jogos da franquia, muita coisa se repete inevitavelmente. É como conversarmos sempre com a mesma pessoa mudando apenas o seu nome, a sua aparência e a construção do seu discurso. Porém, para os apreciadores de FPS e da franquia, Call of Duty: Black Ops é um ótimo jogo com escolhas de música (soundtrack) interessantes e uma boa relação entre a apresentação e a jogabilidade.