Faz dias que estou tentando encontrar a forma correta de escrever este post, mas acho que não existe meio correto de fazer. Quanto se tem que criticar, o negócio é enfiar o dedo na ferida, deixar rolar as reclamações e na melhor das hipóteses, torcer para que na próxima, algumas das críticas acabem sendo construtivam e evitem que certos erros se repitam. Mas foi bom dar alguns dias para que os almanaques chegassem nas bancas e o pessoal das comunidades sobres quadrinhos Disney que visito e frequento pudessem também dar suas próprias opiniões sobre a qualidade física da revista, coisa que eu acabei sendo um dos primeiro a reclamar e depois percebi que não fui o único a notar certos problemas. Fiquei aliviado, pois tem certas coisas que sempre me deixam com aquela impressão de “é só eu que acho isso?“.
Enfim, os novos almanaques de personagens Disney chegaram as bancas e estão a venda deste a semana do dia 20 de dezembro. Alguns chegaram mais rápidos, outros demoraram, tem locais que o pessoal (lá no Orkut) ainda reclama que nem todos chegaram, mas é assim mesmo. Quem esperava que não fosse rolar confusão com 10 revistas diferentes sendo lançadas basicamente ao mesmo tempo nas bancas de todo o país? Eu não. Mas não reclamo da distribuição, afinal, ela é assim mesmo, deficiente e problemática em várias editoras e não apenas na Abril.
Meu problema com os almanaques é com a qualidade física deles. Por “física” entenda o que é palpável como qualidade do papel, da lombada, da encadernação, da resolução das páginas etc. Numa revista em quadrinhos não basta as vezes analisar apenas a qualidade das histórias, como enredo e traço, mas a qualidade física dela também é importante, porque se ela deixa a desejar, não tem qualidade de material que salve a mesma. Vou colocar uma fotinho abaixo e após o continue, a crítica continua:
Já assustei alguns com a imagem acima, né? Na verdade eu me impressiono como a minha máquina digital é tão boa para tirar fotos de objetos. Tem certos detalhes que saem mais reais na foto do que no próprio objeto. Mas o fato é que eu tive sim problemas para encontrar o Almanaque do Donald em perfeitas condições. Só comprei essa edição assim mesmo, porque eu só estava dando meu apoio à idéia da Abril de relançar os almanaques depois de tanto tempo sem, pois como são republicações tenho basicamente 95% das histórias que sairam neles. Claro que uns se sairam melhores do que outros, como a do Mickey que tem uma raridade do Murry ou a ótima seleção de HQs da edição do Peninha. Mas não estou aqui hoje para falar das histórias. Isso a gente conversa numa futura oportunidade.
Na comunidade dos Quadrinhos Disney no Orkut, rolaram reclamações muito parecidas com a que eu faço neste momento em relação ao Almanaque do Donald. A edição está com a lombada com pouca cola ou mal colada (não sou especialista em gráfica pra dizer qual é o correto dizer) ao ponto de que é muito fácil a lombada quebrar, o que significa as páginas da revista soltarem. E no meu caso, das 4 edições que estavam na banca que frequento, 2 já estavam com a lombada quebrada e o almanaque basicamente estragado por conta disso, afinal, quem compra uma revista neste estado? Sem mencionar o medo que já dá ao ler a revista, achando que ela vai quebrar a qualquer momento (alguns almanaques até estralam ao folhear).
Revista de lombada quadrada é uma faca de dois gumes. Por um ladro é bonitinho empilhar elas na estante, pois encaixam perfeitamente, enquanto as de grampo sempre fica um lado da pilha maior do que o outro. Mas a desvantagem é que se esse tipo de encadernação não for feito com atenção e técnica, resulta numa revista frágil, que estraga facilmente com pouco uso, isso quando já não quebra na primeira manuseada.
Pelo que notei no Orkut, lá na comunidade, é que a edição do Donald foi realmente o maior alvo de reclamações quanto a lombada com problemas. Os outros almanaques não tiveram o mesmo problema, não nessa intensidade. Mas uma reclamação que faz muito sentido e que também compartilho da mesma opinião é quanto a finura dos almanaques e o quão molengas eles ficaram. Bancas costumam judiar das revistas em quadrinhos, isso é fato. Salvo uma ou outra, que preserva corretamente as revistas, muitas bancas recebem tantas revistas, tantos jornais, tanta coisa, que acaba tudo ficando extramente espremido para venda. E eu visitei três bancas antes de reafirmar essa opinião, e todas judiaram dos almanaques.
Como eles são finos e molengas, é fácil amassar a lombada. Como assim? É difícil expressar com palavras, mas imagine que a lombada destas revistas é como uma régua. Se você ficar envergando uma régua, eventualmente ela quebra não? Só que a régua é de plástico (em geral), se você para de fazer força, ela volta ao seu estado normal, retinha. Uma revista de lombada jamais deve ser envergada, pois a cola usada nesse tipo de revista quebra, e isso destroi a lombada, amassando a revista de uma forma que, ao contrário da régua, ela não volta a ficar retinha. Fica um calombo, pequeno e quase impercepitível, mas fica. Veja a primeira foto em foco lá em cima, repare que a lombada fica meio envergada. E o que tem de banca por aí que espreme e enverga revistas por culpa da falta de espaço para colocar tudo a venda.
Isso não acontece com uma Disney BIG porque a revista tem 300 páginas, é uma revistona grossa. Não é fácil envergar uma revista assim. Haja força e pressão. O mesmo é válido para a época de revistas como Almanaque Disney ou Disney Especial. Estas publicações eram grossas, de mais de 100 páginas. Não é mole envergar revistas assim. Mas quanto mais fina, mais fácil. Soma a este ponto as capas de gramaturas finas e envernizadas que compõem o almanaque e o que sresultado disso é uma revista frágil. Nesse sentido é importante o papel da capa, pois ele é como se fosse a espinha dorsal da lombada, se o papel é fino e molenga demais, ele não sustenta direito a revista. Sem mencionar que por ser fino demais, a capa envernizada se ficar exposta ao ar e sua umidade ela começa a dobrar nas extremidade se não ouver nada fazendo pressão. Deixei a minha pilha de almanaques um dia em cima da mesa e o almanaque que ficou no topo, no final do dia, estava com as pontas dobradas. Esse detalhe até não é um problema, pois eu guardo as revistas em sacos plásticos, então depois de ensacadas, eles não ficam mais sujeitas a umidade desta forma.
Pois é, viu a foto acima? Eu penei a acreditar, mas o Almanaque do Donald e do Peninha são um pouquinho maiores na altura do que o restante. Talvez seja apenas estas duas revistas que comprei, talvez seja um lote que tenha sido cortado um pouco maior do que os demais. Mas certos detalhes são importantes para a qualidade final de um produto. A Abril aparece na mídia toda orgulhosa de que publica os quadrinhos da Disney por mais de 60 anos, mas se com 60 anos de prática, estes problemas ainda acontecem, qual é a impressão que o consumidor e leitor fica da editora? Tudo bem que é uma diferença de menos de meio centímetro dos demais almanaques (dá a impressão de ser maior na imagem, mas é menos de meio centrimeto mesmo). Mas é algo que eu percebi no momento em que bati os almanaques na minha mesa para empilha-los. Sou perfeccionista? Não sou, mas não estou mostrando apenas um mínimo detalhe estou? É todo o conjunto de pequenos detalhes que chateiam.
E aí eu tenho a pergunta que abre o post. A Abril lançou estes almanaques com o custo baixo para competir com os almanaques da Mônica da Panini, que custam um pouco mais (R$ 4,50) e tem a mesma finura (não sei quanto a qualidade física, pois não comprei nenhum, mas na banca não havia um danificado ou com capa dobrada devido a gramatura/envernizamento). Legal a iniciativa, mas novamente eu deixo pra vocês a pergunta que exatamente me levou a criar aquela enquete sobre histórias inéditas e a ideia de que o leitor paga sim mais por algo melhor (que ainda não desisti de ser levada mais a sério): Vale a pena ficar pagando menos por um material que poderia ser melhor se custasse um ou duas moedinhas a mais? Me lembro que lá no Orkut, a galera estava palpitando que os almanaques com lombada quadrada seriam vendidos a R$ 6 antes de anunciarem o preço verdadeiro. Antes fosse nesse valor, se a qualidade física melhorasse.
Talvez alguns considerem revistas em quadrinhos como um produto descartável. Você lê algumas vezes, depois dá uma para um sobrinho, pro irmão menor, enfia numa gaveta, joga em algum canto do quarto e esquece que ela existe. Eu não sou assim. Eu gosto de guardar, reler, de colecionar. Não dá pra comprar tudo? Não compro. Mas o que compro, espero um mínimo de tratamento e capricho da editora. História com qualidade são super importantes, mas a qualidade do papel e da integridade física da revista também são importantes. Esse negócio de imprimir histórias em baixa resolução (como aconteceu em um dos volumes de Clássicos da Literatura Disney numa pagina de uma história do Don Rosa) ou de páginas onde o preenchimento das cores dos quadrinhos “vaza” pelas linhas pretas dos desenhos, não pode ficar acontecendo com a frequencia. que atualmente ocorre. Por sinal, a primeira história do Almanaque do Pluto sofre com esse problema de cores mal preenchidas e vazadas. Para com isso! Eu fui assinante da Panini/DC por três anos e nunca vi algo assim acontecer por lá. Não estou dizendo que a Panini é perfeita ou não erra, pois é claro que erra, mas se tem uma coisa que eles prezam muito, é a qualidade da impressão dos quadrinhos. Linhas perfeitas e cores preenchidas sem vazar por fora da linha. Coisa que é muito comum nos quadrinhos Disney (qualquer dia faço uma matéria só com fotos desse erro de impressão, deixa só me irritar um pouco mais com isso).
Estes detalhes são justificados pelo preço baixo das revistas? Não sou eu quem pode responder isso. Só a Editora Abril sabe dizer. Se a reposta for sim, cabe ao leitor/consumidor/fã reclamar e se posicionar nesse argumento de que precisa melhorar, mesmo que isso custe alguns centavos a mais numa revista. Não estou dizendo que as revistas devem aumentar o preço delas. Cuidado com isso! O que estou dizendo que é o custo de venda dela tem que estar equilibrado com a qualidade gráfica das mesmas. Se você está satisfeito, ótimo. Eu não digo que estou farto, pois continuo comprando, mas tem hora que isso me incomoda e pra valer. E com você?
Bônus Track: Almanaque do Pato Donald 1997 vs Almanaque do Pato Donald 2010
O último Almanaque do Pato Donald, antes deste novos almanaques. Número 25, 164 páginas por R$ 4 (link do Inducks). Só com repuplicações também, tal qual o novo formato, neste ponto são identicos, mas é difícil pegar ambos em mãos e não ficar olhando e se perguntar qual é o melhor no formato. Não vou reclamar quanto ao preço, pois é até injusto comentar nesse ponto. R$ 4 em 1997, a mais de uma década atrás, não dá pra pedir por um mesmo almanaque no mesmo formato e no mesmo preço. Um almanaque assim hoje em dia provavelmente custaria o mesmo preço de um Minnie Pocket Love (R$ 7,95).
O que me impressiona mesmo é a lombada desse almanaque de 1997. Passado 13 anos, e ainda intacto, firme e forte:
Tudo bem que as páginas amarelaram com o tempo, isso é normal para esse tipo de papel na qual os quadrinhos são publicados. Mas ainda assim, você percebe pelas fotos que a lombada é sólida, robusta e de qualidade. Até a cola é perceptível. E por ser um almanaque mais grosso, pelo numero de páginas, a lombada não enverga com a mesma facilidade que este novo almanaque de 80 páginas.
E mais dois pequenos detalhes do almanaque de 97:
Sumário (ou índice, chame como quiser), que por sinal achei um tremendo pecado não ter sido feito nestes novos almanaques, sendo que até Pura Risada com o Mickey tem sumário. Almanaque tem que ter sumário, assim como outros dados, como data que a história foi produzida, quando saiu no Brasil pela última vez e os roteiristas e desenhistas das histórias. É verdade que no almanaque de 97 só havia o título das histórias, mas ainda assim é uma preocupação que se tinha na época. Hoje ainda que a Abril tenha incluido o roteirista e desenhista de cada história, ainda peca por não informar na revista o ano em que determinada história foi produzida. Enfim, o segundo detalhe é a tirinha na última pagina da revista. Antigamente todas as revistas Disney possuiam tirinhas no final da edição. Sempre achei que o uso da tirinha no final da revista dava um toque especial, sabem? Como se fosse a conclusão perfeita para a leitura. Deixando aquele gostinho de “mal posso esperar pela próxima edição“. Não sei porque isso foi limado e continua sumido até hoje.
Por fim, uma última imagem só pra fazer polêmica:
Muita gente lá na comunidade do Orkut reclama do fato das revistas atuais da Disney não terem expressamente a data de lançamento. Por exemplo, adquiri esse almanaque 25 do Donald, se eu for na última página, do expediente da revista, vou encontrar em letrinhas pequenas os dizeres da imagem acima. Ótimo, eu sei que esta é uma revista de 1997, lançada em julho e de que na época, o almanaque do Donald era semestral. São informações importantes para colecionadores. Claro eu posso pegar no Inducks isso, mas e se um dia o Inducks sumir? Imagina que daqui 15 anos, você passe num sebo e ache este Almanaque do Pato Donald 1 de 2010. Como você vai saber quando é que esse almanaque saiu? Qual era a periodicidade? Não que essa informação lhe prive de curtir a revista, mas ainda assim, para o colecionador isso importa. E o que a Abril perde não colocando estes dados? Me digam. É para vocês pensarem. Lá no Orkut a galera quebra o maior pau por causa disso. XD
Enfim pessoal, é isso. Hoje não quis ficar soltando elogios, acho que uma critica de vez em quando faz bem. Não fiquei falando de história, mas de um outro aspecto para quem compra e coleciona. Sei que é uma matéria que leva as coisas meio pro lado negativo, mas de vez em quando é bom reclamar e acreditar que são de situações assim, que os responsáveis correm atrás de soluções para não darem a mesma mancada na próxima. Continuo comprando, apoiando, curtindo, mas isso não quer dizer que também não fique frustado com certas coisas, pois é claro que fico. E peço que vocês comentem, pois é um assunto bacana de se conhecer a opinião de outros fãs/leitores.