É com muito prazer que, no primeiro Livroteca do ano, escolhi comentar justamente sobre um dos maiores gênios da ficção científica Issac Asimov. O livro da vez é um dos maiores clássicos desse autor, nada menos que Eu, Robô. Livro que há alguns anos virou modinha depois de um filme lançado com o mesmo nome. Mas será que o filme faz jus ao livro? Será que é possível o convívio pacifico de humanos e robôs? Essas e outras perguntas serão respondidas logo mais.
Portanto, prepare-se para conhecer um mundo em que robôs têm que respeitar as leis, uma época em que máquinas ficam de porre, faz besteira se arrependem no dia seguinte, e conheça também o primeiro robô telepata da história!
- 1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
- 2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto se tais ordens contrariem a Primeira Lei.
- 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei.
Qual a importância das Três Leis? É que, antes de Asimov, as histórias de FC (ficção-científica) estavam dominadas pelo clichê de que os robôs (ou qualquer outra criatura) sempre acabavam se rebelando contra o domínio humano, o chamado “complexo de Frankenstein”. Portanto, as Três Leis surgiram como uma alternativa a esse clichê, apresentando uma nova forma de se fazer histórias, mudando de uma vez por todas o rumo da FC e servindo de inspiração para outros grandes autores e cineastas. O livro é composto por nove contos, todos com tramas focadas no relacionamento entre humanos e robôs. E, logicamente, as Leis da Robótica são parte fundamental, são a base de cada conto.
Resumo:
O livro começa com uma entrevista com Susan Calvin, uma psicóloga de robôs da U.S. Robôs, a empresa líder na fabricação dos autômatos. Como Susan está para se aposentar, ela começa a narrar algumas histórias interessantes que aconteceram ao longo de sua carreira, essas histórias são os nove contos. O interessante é que o livro começa com o inicio da robótica, da fabricação dos primeiros robôs domésticos, chegando aos modelos mais avançados. De um robô babá incapaz de falar a um mundo em que sociedades são completamente gerenciadas por máquinas.
Opinião:
— Agora olhe, vamos começar com as três leis fundamentais da robótica; as três leis que estão gravadas mais profundamente no cérebro positrônico de um robô.
Outro tema bastante abordado é a tecnofobia, ou seja, justamente o medo de uma rebelião das máquinas. Mesmo com as Três Leis sendo inquebráveis e todos os robôs saindo de fábrica com as Leis programadas, sempre há alguém inseguro. Isso é visto logo no primeiro conto quem tem o título Robbie, uma história simples, mas extremamente cativante. É quando os primeiros robôs domésticos são lançados e é mostrada uma mãe que não se sente segura em ter um robô como babá de sua filha e tenta se livrar do homem de lata a qualquer custo.
— Agora me escute, George. Eu não quero confiar minha filha a uma máquina. Não me importa o quão esperta seja. Ela não tem alma e ninguém sabe o que pode estar pensando, Uma criança não foi feita para ser guardada por uma coisa de metal.
— Eu passei os últimos dois dias numa introspecção concentrada, e os resultados foram muito interessantes. Eu comecei com o pressuposto que me permito considerar como correto. Eu existo, porque penso…
— Por Júpiter, um robô Descartes!
Não foi falar de cada conto, mas outro muito bom que eu gostaria de destacar é o Mentiroso!, com uma história que mostra um robô capaz de ler os pensamentos dos humanos devido a um erro em seu processo de fabricação. Uma história realmente interessante que trata de questões humanas, algo do tipo “cuidado com o que deseja”. Depois desse as histórias começam a focar em questões mais políticas e fica realmente um pouco chato.
Conclusão:
Torno a repetir que achei o livro excelente, tanto que devorei o livro e terminei em menos de uma semana. O que mais me agradou foram os diálogos, realmente interessantes. É verdade que as histórias não são tão ‘movimentadas’, mas Asimov conseguiu imaginar um mundo onde o convívio de homens e máquinas era possível, mas não ficou apenas nisso, ele abordou questão éticas, morais, religiosas e políticas, ou seja, sobre tudo questões humanas. Um grande autor que infelizmente não caiu no gosto popular e não é tão conhecido do grande público.
Essas foram as minhas considerações sobre essa obra, mas aprecie a leitura e forme a sua própria opinião. Mantenha a sua mente aberta, sabendo que é uma história de ficção, tenho certeza que assim a chance de você gostar, tanto quanto eu gostei, será absurdamente maior. É isso, deixo aqui mais essa recomendação e a certeza de que voltarei a comentar sobre Isaac Asimov mais algumas vezes por aqui.
Deixo você na companhia do mestre. Abaixo uma entrevista gravada em 1988 com Isaac Asimov falando sobre o impacto da tecnologia e sobre a mudança no consumo de informação devido a Internet. Eu já tinha postado esse vídeo aqui, mas não custa nada repetir.