Todo mundo já foi criança. E qual criança que nunca imaginou um mundo sem adultos dizendo o que deve ou não ser feito, sem um irmão mais velho para implicar com você ou uma professora chata passando exercício para casa? Essa á a história de Gone, o primeiro volume da série literária criada pelo autor americano Michael Grant (foto ao lado). A série já se encontra com em seu quarto volume (não sei se terminou no quarto), mas aqui no Brasil tivemos apenas o primeiro publicado, ainda. Os outros títulos, respectivamente, são: Hunger, Lies, Plague.
Prepare-se para conhecer um mundo habitado apenas por quem tiver menos de quinze anos, um mundo que passa bem longe de ser um paraíso infantil. Dor e medo são sentimentos constantes em mentes jovens, não existe mais Internet, telefone ou televisão. Nada além de escuridão e coisas estranhas acontecendo.
Resumo:
Tudo começa na pequena cidade de Praia Perdida, na escola. De repente, como um passe de mágica, todos os professores desaparecem. Do nada, assim, sem nenhum motivo ou explicação aparente. Muitas crianças festejam e comemoram, porém a euforia se transforma em medo. Elas percebem que, na verdade, todos os adultos desapareceram; o medo se transforma em pânico quando percebem que todos com mais de quinze anos desapareceram. Um mundo sem professores, sem pai e mãe, sem irmão mais velho, sem ninguém para mandar ir dormir cedo, sem ninguém pra lhe dizer o que fazer. A princípio parece o mundo dos sonhos da garotada, apenas parece. Os valentões tentam tomar o controle da situação pelo medo. Em um mundo, mesmo esse onde há apenas crianças, pessoas são machucadas, torturadas e até mesmo mortas. Não existe idade para se cobiçar o poder.
O pior que acontecia quando a gente ficava encrencado era receber uma suspensão, um zero ou algo assim. Sempre houve valentões, mas os adultos ainda estavam no comando. Agora? Agora os valentões comandam. É um jogo diferente, irmão, um jogo totalmente diferente. Agora jogamos pelas regras dos valentões.
Opinião:
Mesmo sendo um livro voltado mais para o público jovem, com uma linguagem mais simples, o autor conseguiu manter, de modo geral, um bom ritmo de história e abordar questões muito importantes, como o comportamento de massas (pessoas), a busca por domínio e poder, debates éticos e morais entre os personagens, e também uma visão bem convincente do ser humano como um ser facilmente corruptível. O bullying, claro, também é tratado na história, assim como o preconceito (há um personagem altista, inclusive).
Os postes se acenderam automaticamente, sem conseguir vencer a escuridão, lançando somente sombras profundas nos rostos apavorados. Quase cem crianças se espalhavam pela praça.
Respirou fundo várias vezes, lutando contra o terror. Tinha ouvido falar em gangrena. Era quando a carne morria ou a circulação era cortada. Seu braço estava morrendo. O cheiro era de carne humana apodrecendo.
Em meio ao caos surgem diversas perguntas. Mas ao termino desse primeiro volume muitas perguntas ainda permaneceram sem suas respectivas respostas, muitas perguntas importantes, inclusive. Claro que tem que ser mantido certo mistério, mas é que da última vez que me fizeram esperar tanto por algumas respostas a experiência não foi lá muito agradável no fim, visto o caso do final medíocre do seriado Lost. Por falar nisso, eu tive a impressão que a história do livro teve algumas influências de Lost. Alguns personagens se assemelham bastante com os do seriado. Bom, talvez seja apenas impressão mesmo, mas vai saber.
Agora a escola estava perigosa. Pessoas apavoradas faziam coisas apavorantes; às vezes, até crianças. Sam sabia disso por experiência própria: o medo podia ser perigoso. O medo podia fazer pessoas se machucarem. E não havia nada além do medo correndo enlouquecidamente pela escola.
Conclusão:
No final das contas Gone se fez um bom livro. Não sou muito fã de livros desse gênero, tanto que até hoje não li Harry Potter, mas em compensação li o primeiro volume de Percy Jackson, muito fraco por sinal. Enfim, o que eu quero dizer é que, mesmo eu, que não costumo gostar desse tipo de leitura, acabei gostando de Gone. A história foge da mesmice de ser apenas uma aventura entre amigos e explora um ângulo um pouco mais sombrio.
Claro que tem muita coisa aqui que estou omitindo, principalmente em relação ao desenrolar da história, até para não estragar a surpresa de quem for se aventurar na leitura. Mas tenha em mente que é uma história de ficção e coisas estranhas podem acontecer, apenas isso.