Houve um tempo em que os RPG’s japoneses do NES, do SNES e mesmo do Playstation reinavam soberanamente no mercado de games. Exemplos não faltam: Final Fantasy, Zelda, Chrono Trigger e entre tantos outros que conquistaram legiões de fãs pelo mundo afora, não se concentrando somente no Japão. Porém, recentemente, algumas séries foram perdendo fôlego, digo não do ponto de vista do mercado, mas sim do ponto de vista da popularidade. Um exemplo é Final Fantasy XIII que gerou variados tipos de opiniões e dividiu muito os fãs da franquia, onde alguns criticaram as mudanças extremas que a série levou no seu décimo-terceiro jogo. Mesmo assim isso não tirou da Famitsu a nota quase máxima, de 39, que lhe foi dado, gerando controvérsias.
A questão é que para muita gente os RPG’s japoneses(ou J-RPG’s) estão perdendo aquele charme que possuíam a 15, 20 anos atrás. Somado a isso, os RPG’s ocidentais levantaram-se fortemente como um concorrente ao estilo de game, não que isso seja ruim, muito pelo contrário, só quem tem a ganhar somos nós, os consumidores, ou melhor, gamers. Mas então afinal, o que está faltando aos J-RPG’s de hoje em dia?
Recentemente, o DS recebeu Dragon Quest IX, continuação da tradicional série japonesa de muito sucesso no Japão. Um novo J-RPG, correto? Errado! Pelo menos na opinião do produtor do game, Ryutaro Ichimura, que falou que não considera o jogo um J-RPG nas características que descrevem o termo. “Não reconhecemos Dragon Quest IX como parte do tão discutido gênero JRPG, a menos que você queira dizer que todos os RPGs criados no Japão sejam JRPGs,” disse Ichimura. E talvez possamos pensar um pouco sobre isso, pois o game adquiriu certos elementos de RPG’s ocidentais, como o grande foco no multi-player, os sistemas de missões, e também o aspecto visual nos personagens ao se equipar itens, sem falar do personagem principal que também é visualmente customizável.
E aí? Será que vocês concordam que Dragon Quest IX não pode ser considerado um J-RPG? É um assunto controverso, mas é interessante porque leva a outra questão, de como os RPG’s ocidentais estão influenciando o mercado de games japoneses. Isso é positivo ou negativo? De um lado, alguns acreditam que isso pode de certa forma suprimir uma parte da identidade cultural nos seus games, essa mistura de elementos que ocorre. Não há inovação, não há novas idéias, mas idéias gastas e já usadas. Por outro lado, podemos perceber do lado Gamer, que nós só temos a ganhar, pois estamos ao mesmo tempo experimentando uma sensação gamística de jogar um jogo com elementos japoneses e ao mesmo tempo com melhorias adaptadas de outros mercados.
Não me entendam errado, mas eu não gostei disso de customizar o personagem principal. Isso acabou de certa forma descaracterizando-o. Está certo que não posso falar muito sobre o jogo, pois não cheguei a jogá-lo muito, mas percebi que nas CG’s você não vê o seu personagem, isso não é um problema do jogo, é apenas uma limitação imaginável do console, pois se pensarmos nas várias possibilidades de combinação de cabelo, olhos e outros elementos ficaria um pouco pesado de se armazenar no game. Mas entendem o ponto? Essa é uma das desvantagens de ter um personagem customizável, você perder de certa forma a caracterização dele, não é a mesma coisa de você pegar um personagem já pronto e complexo como um Locke de Final Fantasy VI, ou um Zidane, de FF IX. As CG’s dos games ajudam a marcar certos momentos que ficam na memória de jogadores. Quem jogou FF VII, acho que vai lembrar de um grande momento. Ou mesmo vários.
Será que é isso que está faltando aos J-RPG’s hoje em dia? Caracterização? Talvez sim, talvez não. Final Fantasy XIII trouxe seus personagens já “prontos”. Mas pelo que eu andei lendo por aí, não foram personagens tão profundos como os que se esperam de uma série como Final Fantasy. Mas como não se julga um livro pela capa, prefiro não comentar muito sobre ele, pois mal o joguei.
Outro ponto interessante é a falta que um bom enredo está fazendo hoje em dia. Pelo menos, na minha opinião, um enredo conta e muito para um bom aproveitamento da experiência do J-RPG. Vemos uma pequena carência disso, claro que alguns games se salvam trazendo de volta, velhos estilos e/ou inovações aliadas a um bom enredo. Vide “The World Ends With You” que apresenta um enredo interessante e chamativo.
O que estou querendo dizer, em suma, é que na minha opinião, um pouco do que marcou a geração “Old School” dos J-RPG’s está faltando nos games atuais. O que será isso? A caracterização? Enredos profundos? Criatividade? Claro que é so uma questão de opinião do autor deste texto, e muitos podem não concordar com o meu ponto de vista, mas acredito que se o mercado japônes quiser se manter em frente ao crescente mercado ocidental, eles devem saber balancear e equilibrar aquela emoção que nos prendia em frente à tela das televisões nos anos 90, às inovações tecnológicas que vieram e muito facilitar(até mesmo negativamente) o jogo para os gamers. Comentem e digam também o que vocês acham!