Cinema: Deixe-Me Entrar – Eu Fui!

Deixe-Me Entrar

Cuidado! Risco de spoilers!
Se você é alérgico – ou ainda não viu o filme – se afaste!

Uma verdadeira homenagem ao filme original…

E passaram-se quase dois anos, desde a primeira vez que comentei aqui sobre o filme Deixe Ela Entrar. Eu e o Araphawake acompanhamos de perto a produção dessa refilmagem e estávamos com grandes esperanças de que o filme não fizesse feio na tela. E agora posso dizer com segurança que Deixe-me Entrar é ótimo! Tanto que até Stephen King, em sua tradicional lista de melhores filmes do ano, elegeu o título como o melhor filme de 2010. Se o Mestre do Suspense está dizendo, quem sou eu pra discordar, certo? Mas ainda que seja um ótimo filme, Deixe-Me Entrar sofre de algo comum das refilmagens: a comparação com o filme original.

A história continua a mesma: Owen (Kodi Smit-McPhee), é um garoto de 12 solitário e neglicendiado pelos pais e que também sofre com o abuso dos garotos mais velhos da escola. Owen passa os dias imaginando uma vingança e as noites espiando a sua vizinhança. Eis que em uma dessas noites aparece Abby (Chloe Moretz), uma menina que se muda para o apartamente ao lado com seu ‘pai’ (Richard Jenkins).O grande trunfo de Deixe-Me Entrar é também a sua perdição: em uma decisão ousada, Matt Reeves optou por refilmar praticamente quadro-a-quadro o filme original, apenas aparando algumas arestas e deixando o roteiro mais bem acabado. A sorte é que ele contou com a ajuda de John Ajvide Lindqvist, que roteirizou o filme original e que também é autor do livro Låt den rätte komma in do qual ambos os filmes são baseados.

Reeves conta também com uma equipe técnica (e um orçamento) extremamente competente. A fotografia do filme é de uma beleza ímpar, e a trilha sonora – que pra mim foi um dos pontos negativos do filme original – é usada de forma econômica e possui notas mais suaves e sombrias, que melhor condiz com todo o ambiente intimista do filme. Uma pena que o diretor erre a mão nas cenas em computação gráfica, deixando os movimentos extremamente artificiais. Outra grande diferença entre os filmes, é que na refilmagem norte-americana o fator gore é ainda maior, como na cena do túnel onde vemos Abby em seu primeiro ataque ou até mesmo na ‘transformação’ dela, Reeves escancara a aparência bestial da garota. Eu até gostei do resultado, pois aí temos um contraste ainda maior entre a aparência infantil de Abby e a sua real natureza, mas isso pode ser um fator negativo para alguns.

E o que dizer da atuação de Kodi Smit-McPhee e Chloe Moretz? Desde o início eu gostei da contratação dos atores para os papéis principais, a Moretz é uma das melhores atrizes mirins dos últimos tempos (rivalizando aí até com a Dakota Fanning), ela brilhou em (500) Dias Com Ela e roubou a cena em Kick-Ass. A minha surpresa foi vê-la tão, tão… feminina no papel de Abby. Arrisco a dizer que até feminina demais, pois uma cena crucial do filme original não está presente neste remake e era essa cena que tornava a androginia da atriz sueca muito mais válida. Mas enfim, Moretz realizou um trabalho impressionante, só que desta vez ela finalmente ficou ofuscada pela brilhante atuação de  Kodi Smit-McPhee. Sério, vou ficar de olho em qualquer filme em que esse garoto esteja envolvido de agora em diante. Confesso que senti um nó na garganta na cena em que ele fala com o pai ao telefone, com uma tristeza no olhar tão profunda, voz trêmula e uma só lágrima escorrendo pelo rosto… Atuação impecável!

Mas o grande problema mesmo de Deixe-Me Entrar é que, por ele ser um remake a fator surpresa é quase nulo. Mas isso só se foi um dos sortudos a ver o filme original. Se você está conhecendo agora a obra de John Ajvide Lindqvist, assista sem medo e surpreenda-se com um filme maduro e extremamente emocionante. Aliás, até se você já viu o Deixe Ela Entrar deve assitir este remake só pra conferir essa incrível história novamente…

Deixe-me EntrarFicha Técnica

Título Original: Let Me In
Dire
tor: Matt Reeves.
Roteiro: Matt Reeves, John Ajvide Lindqvist.
Gênero: Drama/Suspense
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Chloe Moretz, Richard Jenkins, Cara Buono e Elias Koteas.
Estréia nacional: 28/01/2011

Trailer:

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10 Comentários

  1. “Arrisco a dizer que até feminina demais, pois uma cena crucial do filme original não está presente neste remake e era essa cena que tornava a androginia da atriz sueca muito mais válida.”
    Cara, se vc está falando da cena que eu estou pensando (na casa do Owen, lá perto do fim, através da porta… estou tentando evitar spoiler), na boa: aquela cena não fez o menor sentido pra mim, sério mesmo, achei absolutamente desnecessária no contexto do filme. Talvez tenha algo a ver com a cultura daquele país, mas me causou estranhamento.

    1. É exatamente essa cena Link, que mostra as ‘partes íntimas’ de Eli e podemos ver o que ela realmente quis dizer com “eu não sou exatamente uma menina”.

      Nos filmes isso fica bem subentendido, mas nos livros isso é bem explicado:

      SPOILER

      Eli na verdade era um menino que foi castrado. Em certa parte do livro, ela/ele conta a uma futura vítima uma história de um menino nascido há 220 anos. Ele era o mais novo dos filhos de uma família bem pobre. Por ele ser pequeno e franzino, ele não podia ajudar nos trabalhos braçais e por isso foi vendido a um lorde. Esse mesmo lorde é quem transforma Eli, que na verdade se chama Elias.

      SPOILER

      Causa estranhamento sim, mas eu acho uma revelação bem bacana.

  2. já vi o filme original e achei excelente e admito que estava com medo de ver essa versão americana mais depois de ler o seu post acho que darei um chance a essa versão e uma pergunta sabe onde posso encontrar o livro que deu origem a esse filme?

        1. cara, fica frio, vc acha mesmo q com a chegada do filme ao Brasil, alguma editora não vai querer aproveitar pra capitalizar um pouco em cima do filme? Ainda mais se o filme for bom assim mesmo como vcs dizem e fizer sucesso por aqui.

  3. kodi smit-mcphee é uma perola, um dos maiores atores a surgir nos ultimos anos, nos transmite uma emoção, fragilidade, solidão e tristeza poucas vezes vistas num ator.

    Théo assita o filme “A Estrada”, aonde ele dá um verdadero show e o filme em que ele estreou chamado “Romulus meu pai”, aonde ele está espetacular, ganhou varios premios de ator mirim por esse filme.

    depois poste sua opnião sobre esses dois filmes e sobre a atuação desse talentoso e brilhante garoto.

    ps: ele ira dublar um filme chamado “Paranorman” da mesma produtora do “Coraline”.

  4. Posso dizer que não ficou ruim, mais achei o original melhor. No original tem mais inocência e tudo parece mais suave. Nesse eles jogaram mto na cara sei lá me pareceu mto estranho(Principalmente pelo final que achei muito rápido nesse, para mim funcionou melhor no original).
    Mais gostei da actuação das crianças e da fotografia claro.
    PS: Odiei a cena da piscina, pra que aquele exagero? Não gostei da cara dela ficou muito… falsa.

    1. Eu também tive essa impressão de que no original as coisas acontecem de forma mais calma, tem um desenvolvimento bem mais devagar do que esse remake…

      A cena da piscina eu gostei pra caramba. Em grande parte porque eu imaginava que iriam refazer totalmente a cena – assim como transformaram o ataque na escola no acidente de carro – coisa que não aconteceu.

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