Filhos de Galagah | História de fé e coragem com muito do universo do RPG! (Impressões)
Mais um Livroteca sobre literatura fantástica nacional! Dessa vez um livro com ambientação medieval e fortes influências de RPG. Os Filhos de Galagah (2008), escrito pelo Leandro Reis, é o primeiro volume da da trilogia Legado Goldshine. Série esta composta ainda, respectivamente, pelos títulos O Senhor das Sombras (2010) e Enelock (2011).
Prepare-se para conhecer Grinmelken, um mundo repleto de magia e aventuras, onde você poderá esbarrar com um ser estranho em cada esquina. Onde elfos, vampiros, orcs, magos, cavaleiros, bruxas e outros seres fantásticos se reunem para formar uma mistura no mínimo interessante.
Resumo:
É chegada a hora em que Airon Goldshine, rei de Galagah, irá indicar o novo cavaleiro que receberá o título de Campeão Sagrado de Radrak. Como manda a tradição o seu herdeiro deveria ser o novo Campeão Sagrado, mas o príncipe Thomas não consegue atingir o nível de Campeão, fazendo a espada reluzir em representação de sua fé. É uma grande surpresa quando Galatea brande a grande espada do rei e a faz brilhar com grande intensidade, tamanha a sua fé no deus Radrak, sinal de que ela é uma verdadeira Campeã Sagrada. Logo depois Galatea é nomeada Guardiã da Vida, praticamente um level up, digamos assim.
Com sua nova posição Galatea recebe novas responsabilidades e, mesmo contra a vontade do pai, parte em uma jornada em busca de três crianças que possuem runas sagradas. Em sua viagem ela irá encontrar companhia e auxilio em dois elfos, Gawyn e Sephiros e conhecer a misteriosa Iallanara, a Bruxa Vermelha. Agora, Galatea precisa salvar o seu irmão de um destino trágico, preparar-se para a grande guerra que se aproxima e o provável duelo contra o temido Enelock.
Ser Guardião da Vida, acima de tudo, é amar e acreditar nela, não somente na dos humanos, mas, sim, na de qualquer ser que nasça, cresça e morra. Cada vida ceifada antes do tempo é uma ferida em Radrak, e a missão dos Guardiões é impedir que ele seja ferido.
Título: Filhos de Galagah
Editora: Idea
Autor: Leandro Reis
Tradução: –
Edição: 1
Ano: 2008
Páginas: 344
Coleção/Série: Legado Goldshine
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
Site: Link
Opinião:
Bruxas, cavaleiros, elfos, magos e orcs. Parece uma fórmula mágica do clichê, não é mesmo? Pois bem, realmente é, mas o autor conseguiu fazer uma mistura muito interessante com esses personagens tão batidos em histórias de fantasia. Ele não tentou reinventar a roda, pouco há para se diferenciar os elfos dos humanos, por exemplo, além das orelhas pontudas dos nossos amigos elfos. Ou seja, grande mérito do Leandro foi não perder muito tempo caracterizando as raças, ele focou mais na aventura e isso é evidente desde o início do livro.
Mas, infelizmente, essa falta de caracterização também chegou aos personagens, a maioria deles parece velhos estereótipos que já cansamos de ver nas histórias de fantasia medieval, personagens sem passado e sem motivação convincente, a única exceção, talvez, seja mesmo Iallanara, a Bruxa Vermelha, o personagem mais bem construído do livro. Enquanto que o maior exemplo de personagens inexpressivos foi, ironicamente, a própria protagonista.
Galatea, além de ser protagonista da história, foi o personagem que mais odiei do livro. Uma menina mimada que nasceu em berço de ouro (literalmente), princesa do reino, sempre andando na liteira pra lá e pra cá, não fazia força para nada, passou a vida toda só rezando e brincando com o bobo da corte. Mas quando ela é nomeada Campeã Sagrada eu pensei “Agora sim, agora Galatea vai mostrar a que veio, vai passar espada em todo mundo!”, mas não, não passou. Logo em sua primeira luta ela deixa a espada cair. Apesar de andar sempre de armadura, escudo e espada, Galatea parecia que não conseguia derrotar o mais simples dos adversários, sempre precisava da ajuda de algum amigo ou recorria a fé no deus Radrak para resolver os problemas.
Galatea está mais próxima de Radrak que qualquer ser vivente desta era.
Desisti de Galatea e passei a prestar mais atenção na bruxa Iallanara. De longe o personagem mais interessante do livro. Totalmente envolta em mistério, foi quem me despertou mais curiosidade na história, justamente por ser uma incógnita ao longo da trama, possuir um passado sombrio e intenções ocultas. Eu achei que o autor poderia ter explorado muito mais essa personagem, eu estava na expectativa para conhecer algo mais sobre o passado misterioso dela, mas infelizmente isso ficou faltando no livro. Quanto a Sephiros e Gawyn, foram apenas personagens de suporte, e também eram os que lutavam de fato, porque se dependessem de Galatea…
Agora, se você é um fã de RPG vai identificar muitas referências a esse universo. Primeiro ponto que me lembrou bastante uma partida de RPG foi a formação do grupo, digamos, do elenco principal. Quase todo Single RPG tem isso, você está caminhado sozinho e aparece um sujeito se oferecendo seus serviços. Teve também a chegada à Lemurian, a cidade flutuante, o momento em que eu mais gostei do livro. Além disso, há poções de cura e diversos outros elementos que nos fazem lembrar o universo do RPG.
Conclusão:
Os Filhos de Galagah foi uma boa leitura, leve e tranquila. Terminei o livro rapidinho e recomendo como uma boa aventura. Mais ainda para os amantes de RPG, que verão presente no livro muitas referências. Apenas dois pontos foram fatais para que eu não gostasse mais ainda do livro.
O primeiro, Galatea como protagonista e heroína, algo que me desempolgou completamente. Não me agrada isso de ter um herói movido cegamente pela fé. Se fosse para ser um cavaleiro que ele se portasse como tal. Galatea seria muito mais convincente se não andasse com uma espada na mão e fosse uma espécie de sacerdotisa. Pelo menos ela é melhor usando heal (poder de cura) que manejando uma espada.
Segundo, muitas coisas ficaram em aberto, muitas mesmo. Várias respostas importantes não vieram no primeiro volume. E também alguns personagens foram esquecidos ao longo da trama. Algumas respostas estão nos contos que foram publicados no site. Eu até li alguns, mas a verdade é que fica desagradável ter que ler no computador. Uma pena esses contos não terem sidos publicados no livro.
Lembrando que essas foram as minhas impressões sobre o livro, o importante é que você que você leia, aprecie a leitura, e forme a sua própria opinião. Afinal a visão de cada um tem sobre uma obra pode ser completamente diferente. Recomento que dê um pulinho no site Grinmelken.com.br e leia alguns contos que estão lá. Depois disso você pode conferir o prólogo (link) e o primeiro capítulo (link) desse primeiro volume.