Antes tarde do que nunca, vamos comentar sobre a investida mais do que interessante do Brasil nos autores nacionais. Para começar a conversa vamos as notícias. Foi anunciado, há algumas semanas atrás, o projeto ambiciosa da “Ação Magazine”. O que seria a revista? Uma publicação ao melhor estilo Shonen Jump, ou quase. O Thiago falou tempos atrás que uma das coisas que faltavam ao mercado brasileiro de quadrinhos era interação com leitor, o que na minha opinião é falho em nosso país, principalmente se levarmos em conta as publicações japonesas.
Os volumes que compramos mensalmente, bimestralmente, são na verdade como muitos devem saber, a segunda fase de comercialização de uma obra no Japão. Primeiro, os capítulos de um mangá são publicados em revistas mensais ou semanais, na maioria dos casos, juntos com outras séries e depois compilados e lançados nos chamados “encadernados”. Nestas revistas, principalmente as semanais, esses mangás são julgados a cada novo capítulo pelos votos do leitores que são enviados à editora. Como funcionará? Bem a Shonen Jump eu expliquei como funciona aqui e acredito que a Ação funcionará no minímo de forma semelhante.
E depois de ser a primeira revista brasileira de capítulos de mangá brasileiro, pelo que eu saiba, a Ação Magazine vem com essa proposta. Ainda não foi divulgado como isso será feito, por cartas ou pelo site ou ainda outra forma. Não foi comentado também qual a periodicidade, mas meu chute é que seja mensal, até por ser o formato que o público está acostumado.
Quem ficou a cargo de editor é o conhecedor profundo do assunto Alexandre Lancaster, que escreve no blog Maximum Cosmo, e assina algumas matérias na Neo Tokyo. Conheço o cara pelo Maximum Cosmo, um dos melhores blogs sobre o assunto, com textos muito críticos e informativos, recomendo que acompanhem, e até leia algumas matérias antigas de lá.
Foi lançado um preview que pode ser conferido aqui com algumas páginas dos mangás. Por ele dá pra ver que a revista vai ter páginas coloridas, já famosas nas revistas do Japão e que até chegaram a ocorrer por aqui no fatídico Bleach #19 lançado pela editora Panini. Também percebe-se que o sentido de leitura é ocidental.
Os títulos na edição de lançamento serão:
Rapsódia, de Fábio Satoshi Sakuda e Carlos Sneak
Primeira coisa que me chamou a atenção é que o português coloquial foi utilizado como recurso da fala do gigante e não em todo o mangá. Gostei muito disso, principalmente após o traumático volume um de Fairy Tail. Sobre a temático, quando li que era sobre gigantes pensei em Shingeki no Kyogin, mas sabia que não seria porque o mesmo é sombrio demais para uma revista shonen, que parece ser a proposta da Ação. No final das contas fiquei com Claymore feelings, raça especial, uma transformação que deixa mais forte, e um bicho que aterroriza uma vila… Só faltou o teor meio sembrio que deu espaço a uma narrativa mais leve.
Expresso, de Alexandre Lancaster
Olhei pro cara de óculos e na hora veio Ozamu Tezuka na mente. Achei o traço muito parecido, principalmente por Astro Boy. Achei meio estranho os semi-mechas, ou melhor, os trajes de batalha, e senti uma ponta de que a história da rixa entre a guarda nacional e o exército vai ter futuro. Com essas poucas páginas fiquei meio que boiando, então não tem como tirar muitas conclusões. E fiquei curioso pra saber o que são os raios que caem do céu.
Madenka, de Will Walber
Madenka aparentemente é Shonen de luta, mas a primeira vista pensei que fosse gag (comédia), até pelo traço dos personagens e principalmente do heroi. Não muito o que comentar também, só que acho interessante a ideia das figuras mitológica brasileiras.
Jairo, de Michele Lys, Renato Csar e Altair Messias
Bem, mangá de boxe não tem como não pensar no clássico Hajime No Hippo. Eu achei o protagonista bem parecido com ele, e estranhei o traço no último quadro.
Arcabuz, de Márcio Gonçalves e Roberta Pares Massenssini
POssivelmente o meu favorite dentro todos. Simpatizei com o traço e o design geral, gostei da ambientação da história que me lembrou em parte OP pelo tesoura, mas tem um toque de honra, e me lembrou Piratas Do Caribe. Aliás, espero que beba bastante da fonte mitológica e não fique só no “real”, que convenhamos às vezes mata aventuras e coisas interessantes que poderiam integrar o mangá.
Tunado, de Maurílio DNA e Victor Strang
Carros não são minha praia, bem nem tanto assim. Curto jogos como Burnout, NFS, e até uns Velozes e Furiosos eu curti, mas ler um mangá sobre isso? Não sei, mas aí varia do gosto pessoal né. Tem uma história de background interessante para gerar conflitos, e parece ser cheio de refrências reais do assunto.
Estou ainda incerto sobre o sucesso ou não da publicação, isso realmente eu não me arrisco a comentar. Mas as coisas parecem estar bem feitas, faltando como já mencionei, a periodicidade e a mecânica dos votos, além do número de páginas por capítulo, que muda totalmente o ritmo de um mangá. Desejo boa sorte aos autores e a empreitada do Lancaster, tomara que dê bons frutos e possamos ter no futuro o caminho inverso dos licenciamentos com o Japão.
O que vocês, leitores, acharam da iniciativa? Como andam as expectativas? Quais são os títulos que mais gostaram? Alguém pretende conferir nas bancas?