Antes de qualquer coisa, eu não estou fazendo uma crítica: tanto faz se é ou se não é, na verdade…
Mas, eu realmente preferiria que não fosse, assim como gostaria que as pessoas fossem ao cinema apenas para assistir o filme (e não conversar), fossem a shows para curtir a música (e não só pelo “evento” e a “pegação”), etc.
Esse post é então uma constatação de uma realidade que vejo pelo menos em 12 capitais do país, nos maiores eventos desse nosso Brasil, em todos os anos de trabalho em minhas constantes viagens.
Evento de anime tem suas panelinhas, seus pequenos grupos, “tribos”, digamos assim: tem o pessoal que vai curtir os shows e nem passam pelos estandes de vendas, tem o pessoal que só vai para comprar mesmo (completar suas coleções etc.), tem o pessoal que vai se divertir aleatoriamente (os “cospobres” – mega divertidos!, a galera que leva instrumentos, sai por aí com plaquinhas, entre outros), tem o pessoal que vai curtir os dubladores, as atrações diversas que hoje abrangem desde batalhas campais, exibição de animes, games, concursos… e tem o pessoal que vai para conseguir uns beijos! E é nessa galera que eu me foco para comparar com o carnaval.
Claro que tem gente que mistura isso tudo, todos esses gostos! Só fiz essa divisão de forma mais “didática”, digamos assim…
Mas, voltando à galera do beijo: quantos otakus, nerds, geeks e essa nova classe que mistura todos esses gostos costumam ser “os beijadores” das escolas, faculdades, enfim?
Seria então “O Evento”, a chance de ficar com alguém (ou váááários “alguéns”)?
Eu acredito que sim! Perco as contas de quantos casais vejo se pegando e se largando em minutos, saindo com sorrisos nos rostos com espinhas (hihi), meninos com meninas, meninas com meninas e meninos com meninos também.
É realmente um carnaval – período de liberdade, em que tudo é aceitável, vestir roupas estranhas, engraçadas, lindas, ou, simplesmente, sexy! Sair dos padrões diários, curtir uma máscara diferente, longe dos pais que, sabendo que o evento tem um caráter juvenil, sentem-se super seguros em deixar os filhos passarem o dia nessas lugares.
Quantas otakus não saem adorando o fato de, ao fazerem cosplayers de ícones mais sexyes dos animes, são chamadas de todos aqueles nomes “simpáticos”…
Eu acredito que o evento de anime, principalmente o evento de grande porte, é um momento de libertação: onde se gasta muito, consome muito, se experimenta tudo, tudo mesmo, menos a cultura Otaku!
Grande parte só conhece Naruto, Bleach, Death Note e One Piece (fora os que passaram em TV aberta com maior projeção como DBZ, por exemplo) .
Claro, claro, claro (pra enfatizar bem) que temos exceções: pessoas que conhecem as novidades, se apaixonam por qualquer novidade do animê preferido da ocasião, de poder “ver” a voz dos personagens prediletos, enfim, aquele fã –que vai pagar para passar o dia e ver as atrações, afinal.
Mas, duvido muito que nesse perfil se encaixe aquele que chega na fila às 7h da manhã. E mais ainda naquele que leva bebida alcoólica misturada com refrigerante, dentro de uma garrafa pet, para disfarçar e beber no evento…
E são esses pontos, daqueles que se aproveitam da liberdade que o evento em si proporciona, para fazerem coisas que se faz em um carnaval, que me fazem sentir um pouco decepcionado…
Não censuro: adolescente tem que fazer de tudo um pouco mesmo! Sair beijando quem der e contando (contabilizando), tudo bem.
Mas, apesar de não me opor, me deixa triste de que tudo atualmente gire em torno de uma empolgação maior e o apelo inicial, que era reunir uma galera que gostava de cultura pop japonesa, games, etc., tenha se perdido nesse ínterim.
Assim, de um evento médio/grande porte, que tem média de 5 mil pessoas, dá para constatar que 80% (ou até mais) vai pelo carnaval, pela zoeira, pela liberdade de ser o que quiser naquele momento, se pegar, gritar uma coisa qualquer no meio do nada, bater palmas aleatoriamente e aproveitar um cosplay qualquer de Mr Satan para gritar mais ainda! (hehe)
Mas, devo ressaltar ainda que, apesar de a razão inicial de fazer uma reunião de fãs de anime ter se perdido, tornando-se uma fábrica de dinheiro para organizadores que não sabem nada do assunto, por exemplo), apesar de a maioria nem se importar com o motivo de estar ali, lados negativos, como confusões, brigas, empurrões ainda não são vistos com freqüência…
Embora esse lado sombrio do carnaval (e hoje predominante) já esteja pegando alguns grupos, como em um evento em São Paulo, em janeiro desse ano, onde soltaram bombas de pimenta no meio do público (o próprio público fez isso – um grupinho de mau caráter).
Além daqueles que vão em quadrilha, aproveitando o grande movimento e estrutura frágil das lojas para roubarem…
Ou seja: já que é para tornar tudo um carnaval, que pelo menos fiquemos com a parte boa da festa. Embora eu ache que a tendência do ser humano é cavar para baixo, cada vez mais.