Jack Sparrow está recrutando uma tripulação… É o que dizem!
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas demorou muito para sair, mas valeu a espera. Após quase 4 anos, Jack Sparrow está de volta e tenho que dizer que trouxe mais do que eu esperava. Há filmes bons e outros épicos. O 4º da franquia não se contentou em ser bom. Tentou ser melhor e conseguiu. Então, se ainda não assistiu o filme, vá agora ao cinema e compre um ingresso para a sessão mais próxima (temporalmente).
Logo que estreou o filme, fui correndo comprar os ingressos para a versão 3D, afinal admiro Piratas do Caribe desde que saiu o primeiro filme. E isso se justifica por muitas razões ainda válidas e melhoradas: humor genial, atuação perfeita, roteiro cativante e elenco notável. O trailer sozinho já denuncia a genialidade do filme. Assista abaixo o trailer e depois continuaremos a analisar o que ficou melhor em Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides.
Se ainda não assistiu o filme: compre um ingresso, assista o filme e depois continue lendo!
He’s a Pirate: Humor e Genialidade em Alto Mar!
Sempre apreciei mitologia, ficção e histórias de piratas. Acredito que ninguém dispense um verdadeiro sentido de humor. Então, se misturarmos tudo, há poucas coisas que podem dar errado. Para mim, Piratas do Caribe consegue se superar por ser um exemplo dessa combinação e ainda incluir uma atuação perfeita e uma banda sonora épica. Só de ouvir He’s a Pirate, já fico mais bem-humorado.
“I thought I should give you warning. We’re taking the ship. It’s nothing personal.” – Jack Sparrow.
Adorava o Holandês Voador mas ele agora é “passado”. Contudo, essa é outra característica da franquia que me conquista: personificar mitos reais, histórias e fatos relatados e preservados. Outro detalhe empolgante de Piratas do Caribe é a introdução de novas personagens, tentar renovar sempre que pode sendo fiel à proposta inicial. Quem diria, o lendário Barba Negra, pirata real, teve a sua participação! De alguma forma, o cinema faz tais mitos e fatos relatados parecerem mais reais, mais sólidos – e muitas vezes os cria. E até o momento, Piratas do Caribe solidificou mitos, personagens e histórias muito bem selecionados – a direção não deixou a franquia naufragar. E sem dúvida que foi de propósito – ou terá sido um acaso que deu certo? Não, não acredito.
E sobre o mais recente filme, digamos que a Disney acertou em cheio mais uma vez. Introduziram sereias, um missionário, o Barba Negra e, para tornar tudo ainda melhor, adicionaram ao filme a sua filha representada por Penélope Cruz. O humor essencial também esteve presente nos cinemas. Ri muitas vezes. Enfim, provavelmente Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas foi o melhor da franquia por enquanto. Entretanto, vamos partir desde o início da rota que nos levou à fonte da juventude.
Piratas! Ergam as Velas e Prossigam a Expansão Marítma!
Primeiro, conhecemos Jack. Depois, veio uma frota de personagens excelentes para acrescentar ao sucesso ainda mais qualidade. E o universo da franquia continua em expansão marítma! Certo, alguns não retornam ao filme, mas, por incrível que pareça, não fizeram falta. Sim, estou falando, por exemplo, do Will Turner e da Elizabeth Swann. Felizmente, outros vieram para compensar. Aliás, confesso que nunca tive muita confiança na adição de Penélope Cruz ao elenco. Não que tenha algo contra a atriz, apenas estava com dificuldade em vê-la como uma pirata. Terrível engano meu!
Os primeiros minutos não surpreenderam muito. Parecia que estava vendo mais uma típica fuga de Jack Sparrow como já vira em todos outros filmes. Não estou dizendo que foi desagradável, apenas previsível. Mesmo assim, toda fuga tem os seus momentos únicos e o seu próprio sentido de humor. O maldito “bolo” complicou um pouco a saída, mas se fecham uma porta, uma janela se abre… ou então abrimos à força mesmo!
Bem, a nova jornada do Capitão Jack Sparrow apostou mais no humor mas também muito mais no traço traiçoeiro de cada pirata. Praticamente todos tiveram momentos de mudança de planos, inclusive o Barbossa. Para começo de história, a primeira vez que Barbossa aparece como um corsário é hilária. Ele tinha as roupas e o cargo, mas continuava sendo um verdadeiro pirata: se aproveitando dos outros e da situação para atingir um fim próprio. E a captura do Jack deve ter sido quase tão engraçada quanto o momento em que ele encontra o dito corsário que deve estar apto a chegar à Fonte da Juventude.
E quantas vidas tem Jack Sparrow? Incrível a quantidade de problemas em que já se meteu e como sempre saiu com aquele estilo próprio que melhora a cada filme que é feito. Quando soube que Johnny Depp estava cogitando não fazer mais filmes como Jack Sparrow, fiquei revoltado. Ele melhora a atuação e a personagem continuamente! Há ainda muito combustível para queimar nos setes mares.
Angelica: That’s hardly appropriate for the first mate.
Jack: Was I the first?
Algo comum é usarem uma frase ou uma imagem que represente bem o espírito de um filme, de um livro ou de um videogame. Nesse filme, eles não cansaram de dizer sempre “Ouvi dizer que Jack Sparrow está recrutando uma nova tripulação…” e a partir de um instante, isso criou uma atmosfera de comédia excelente para que o resto viesse. E Angelica, uma das melhores adições.
Primeiro, a relação dela com o Jack foi perfeita ao longo de todo o filme – nada meloso, algo bem pirata e ao mesmo tempo não declarado por nenhum deles. Cada um tinha o seu próprio interesse. E Penélope Cruz soube mostrar a prioridade dos interesses de Angelica acima de Jack Sparrow. Aliás, a incrível atuação de Penélope Cruz começou logo com a imitação que fez de Jack Sparrow. Quase 100% perfeita!
Mutiny… Hang! O Melhor das Personagens
E depois teve o Barba Negra! Chegamos na melhor parte. Um pirata psicopata, cruel, com sentido de humor, ambicioso e poderoso, claro. Tudo relacionado com ele foi bem realizado.
Jack: Captain, I wish to report a mutiny. I can name fingers and point names.
Blackbeard: Perfect.
Ian McShane fez o papel dele com bastante cuidado e perfeição. As expressões, as entoações e a linguagem corporal, estava tudo muito bem trabalhado. Diria que os momentos mais fortes da personagem foram a punição com as cordas no Queen Anne’s Revenge, o jogo com as armas envolvendo a forte possibilidade de matar Angelica, a sua própria filha, e a sua morte.
Não duvido que Barba Negra e Angelica tenham sido as melhores adições, concordo com isso inteiramente, mas as personagens que mais me surpreenderam foram aquelas que menos considerei logo de início: Philip Swift, o missionário, e Syrena, a sereia. Acho que deve ser normal pensar que Sam Claflin representaria apenas um bom missionário, defendendo a bondade e a justiça de Deus. E mais normal ainda é julgarmos que as sereias são todas iguais: sedutoras e fatais, cruéis. Mas aparentemente, o normal é as coisas serem anormais no dia-a-dia. E surpreender é a melhor estratégia, sempre foi e sempre será.
Sereias, Missionário e Piratas!
Quem consegue não gostar das sereias? E a cena do barco? É difícil. Um bando de piratas num barco pequeno, cantando na escuridão e à espera das sereias mortíferas. Só uma palavra: épico. Em seguida, uma guerra entre sereias e humanos, sendo uma capturada pelo missionário que a salvará. Ou seria ela a salvar o missionário? Na verdade, os dois resultam no mesmo.
E aqui ficou um fato interessante. Qual terá sido o destino de Philip? Particularmente, se ela encenou tudo, ele provavelmente foi morto. Caso contrário, não consigo ver uma solução. Ele se tornar um “sereio” é um pouco esquisito! Entretanto, quem sabe… O melhor disso é ter a confirmação de que mais um filme tem que ser produzido! E vão ser produzidos dois! Melhor ainda.
O “corsário” Barbossa parecia algo bem paralelo a todo o filme. E por isso foi interessante notar como ele teve uma função essencial no desencadear da história. E dois universos se encontram: os espanhóis e os ingleses de um lado, de outro os piratas. Ainda bem que o Barbossa não resolveu ficar do lado dos ingleses. Isso também seria incoerente. Uma vez pirata, sempre pirata.
3D: Necessário ou Acessório?
Já é quase mania das produtoras aderir ao 3D apenas para dar vulto ao filme. É como se um bom filme tivesse que ter 3D. Acredito que na realidade, isso não devesse ser bem assim. O 3D tem as suas vantagens, mas nem todo filme precisa dele. Claro que dificilmente isso estragará um filme, mas acaba sendo um trabalho e uma despesa muitas vezes desnecessários. Às vezes, o investimento do 3D possa ser convertido em outros aperfeiçoamentos do filme. Enfim, não sou contra, mas também não sou a favor da generalização. Vem Avatar e o resto segue o estilo.
No caso de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas, o 3D não foi um total desperdício. Teve cenas em que foi bem apropriado, pois simplesmente não seriam as mesmas sem uma terceira dimensão. Um desses momentos foi a entrada na Fonte da Juventude. Espaço amplo, muito vazio e o que interessa abandonado no meio: Aqua de Vida.
Os ambientes estiveram todos adequados e bem interessantes. A própria localização da história teve uma diversificação interessante. A disputa entre Jack Sparrow e Barbossa no navio de Ponce de León foi insubstituível. E tivemos zombies, sereias, o Barba Negra, a Fonte da Juventude e o Queen Anne’s Revenge! E ainda ficou melhor. O aparecimento do pai do Jack, a morte do inglês ao nomear o terreno da Aqua de Vida como propriedade e o armário com os navios capturados por Blackbeard em garrafas foram únicos.
Afinal o que falhou em Piratas do Caribe 4?
Os efeitos especiais também não falharam. Devia até começar a pensar no que realmente falhou. E mesmo pensando agora nisso, não consigo encontrar nada. É raro um filme assim, mas acontece. Ah! Uma personagem que cativou muito foi o Gibbs. Quase uma revelação. Quer dizer, ele costumava ser alguém secundário. Nesse ele foi muito mais. Se não fosse por ele, muito do que aconteceu, não teria acontecido.
E a parte da Fonte da Juventude foi o ponto culminante. Eles juntaram tudo! Espanhóis, Ingleses e Piratas. Que bela confusão! Por alguns instantes pensei que Jack Sparrow estivesse interessado na Aqua de Vida, mas não foi bem isso que se revelou no fim. Foi tenso quando a fonte foi destruída, o Barba Negra ferido mortalmente e o missionário quase morto. Mais tenso do que isso só o Jack usando os cálices, a lágrima de Syrena e o pouco da água que restara na fonte.
Cálices, Aqua de Vida, uma lágrima de sereia e o sacrifício de uma vida!
Por um lado é uma pena que o Barba Negra tenha morrido, por outro foi incrivelmente boa aquela reviravolta traçoeira final. Durante todo o filme ficou um clima misterioso de dúvida. Não dava para perceber se havia realmente algo entre Jack Sparrow e Angelica e quando ele salva a vida dela, a duvida se intensifica. Ele poderia salvá-la para se livrar do Barba Negra ou por consideração a ela (ou pelos dois, por que não?) mas até ali não se compreende muito bem. E mesmo quando ele a abandona na ilha, fica uma conclusão um pouco incompleta mas bem clara se analisarmos objetivamente: primeiro ele e depois ela ou os outros. Então, pára o momento do beijo, pára a música romântica e entra no barco! O Black Pearl aguarda!
Ficha Técnica
Título Original: Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides
Diretor: Rob Marshall
Roteiro: Ted Elliott e Terry Rossio
Gênero: Ação/Aventura/Fantasia
Elenco: Johnny Depp, Penelope Cruz, Ian McShane, Geoffrey Rush, Judi Dench
Estréia nacional: 20/05/2011
Duração: 140 minutos
Em geral, Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides foi um filme interessante pela qualidade gradual. Começou muito normal, apresentou novas personagens e o humor foi aumentando. O roteiro ganhou uma dimensão cada vez maior e terminou epicamente em todos os sentidos. E no fim só se pode dizer que esse deve ter sido o melhor da franquia até agora.
É uma tarefa extremamente complicada, nem sei se possível, escolher uma melhor cena para esse filme. Porém, diria que uma delas, senão a melhor, foi o discurso de Jack Sparrow, o Capitão, com Gibbs e o seu adorado Black Pearl bem engarrafado – logo no fim mesmo. E para quem ficou até o fim dos créditos, Jack vai sofrer! Melhor voltar a ilha ou não durará muito nas mãos de Angelica, literalmente. Uma ponte de continuação genial deixada pela última cena e por outras anteriores. E que venha Piratas do Caribe 5!