Scott Pilgrim | Quando ser nerd virou moda, ele estava lá! E deu certo!

E enfim a saga de Scott Pilgrim termina! Sete ex-namorados do mal depois, um final para a história de amor, com premissa nerd, chega ao fim… Mas, valeu a pena esperar tanto?

Antes de continuarmos, podemos relembrar nos outros MdQs. Aqui e aqui. (afinal, faz tanto tempo desde que a primeira edição foi lançada, que vale a pena uma retrospectiva).

Alerta de Spoiler: não tem nenhum detalhe revelado, mas dá um apanhado geral. Se você é daqueles que gostam de ficar 100% em surpresa, leia a revista e depois volte para comentar! Caso contrário, seja bem vindo!

Pronto! Agora já pode continuar lendo!

Scott Pilgrim foi (e, de certa forma, ainda é) um fenômeno e tanto: uma revista de conteúdo despretensioso, simplório, com referências cômicas/gamer/nerd legais e um modo esquisito de escrever uma história de amor. Sim, porque, acima de tudo, acima de todos os floreios engraçadinhos, das tentativas de criar um universo non sense, após todas essas camadas, Scott Pilgrim é mesmo uma comédia romântica clichê.

Mas, antes que venham os defensores e os costumeiros comentários que de pessoas que leram até o final, eu me explico: isso não é para falar mal. Eu gostei de tudo o que li, achei bem interessante e divertido e cumpriu o papel proposto. Só me proponho a fazer ressalvas diante de todo o modismo gerado em torno disso, o qual, acredito eu, que é desmerecido. SP é um bom exemplo de como uma história (igual) pode ser contada de várias formas diferentes – e com êxito (que é exatamente o que penso: teve êxito!).

Tudo bem, eu adorei ver ele ganhando pontos extras, executando hits combos e faturando trófeus, como nos jogos.

Adorei as piadas com o amigo gay, a perseguição da adolescente carente, adorei tudo isso. Todas as histórias paralelas são ótimas e funcionaram bem.

Mas, o fato é que, no fim das contas, é apenas uma história de amor. E isso é ruim por acaso? Não, de forma nenhuma! Histórias de amor são legais, é um gênero light, digamos assim. E quando digo “apenas”, não é para desmerecer nada… Ésó para exemplificar que a base toda foi essa.

Eu acredito que o autor, Bryan Lee O’Malley, é também um cara de sorte. Não desmerecendo o talento, de forma alguma, mas, ele falou do assunto certo, na hora certa e da forma certa. Em uma época em que ser nerd é legal e quando qualquer pessoa que usa um twitter, de forma regular, se considera “parte da geração”. (mas isso é para outra hora), Bryan acertou em cheio e trouxe o assunto da forma cool que éabordada hoje.

De qualquer forma, o fato é que a conclusão da história teve o mesmo desfecho de todas as comédias românticas de Holywood: eles se separam, criando uma intriga, um momento de problema e então, lá no final, uma atitude desesperada de amor faz eles entre em acordo e lutarem um pelo outro, descobrindo que o amor vale a pena…!

De novo: não vejo problema nisso. Até porque o desfecho se dá dentro da cabeça de Ramona, com vãrias outras mulheres “congeladas” em um universo paralelo, totalmente esquisito, fruto de uma mente… bom, digamos assim, interessante. E eu particularmente adoro mentes “interessantes” que pensam coisas que te fazem dizer: “de onde ele tirou isso?”

Achei que essa edição dá uma enrolada boa nos fatos que estão por vir, ganhando tempo (páginas) que não ajudam em nada no conteúdo, ocasionando até uma certa lentidão… Mas, foi uma opção válida, que diminuiu o ritmo, para atacar no final, eu acho. Só questão de gosto mesmo.

E então, a pergunta fica: valeu a pena?. Valeu a pena pagar em média R$35,90 por cada edição nacional?. Valeu a pena esperar meses e meses entre um lançamento e outro, quase que tendo que reler a história, para não esquecer do que se tratava?. Scott Pilgrim merece estar em sua prateleira?

Eu acho que sim. Primeiro que adoro coisas malucas (cmo disse), com floreios sem noção (às vezes, sem noção até demais), segundo porque faz parte de um momento cultural interessante, que estamos vivendo atualmente e porque é uma história light, sem pretensão, que vez ou outra se mete a se aprofundar na mente humana (ao jeito Byan de pensar), mas, que funciona.

Embaixo dos floreios tem uma história simples de amor. Mas, os floreios fazem a diferença e fazem valer o tempo investido (embora a edição nacional tenha problemas de diagramação, como dito nas outras oportunidades).

O fato é que se não fosse toda a repercusão, Scott Pilgrim não teria vendido tão bem, porque a história não sustenta o sucesso que teve. Muita gente deve ter comprado a primeira edição e parado por ali. Coisa de consumo de momento…

Mas, muita gente foi em frente, com uma leitura tranquila, para ser feita “antes de dormir”, com risos legais, piadas interessantes, mas, nada além disso.

E precisava de ser algo “além disso”? Eu acho que tudo tem seu lugar e tempo, e essa é uma oba que veio no tempo certo, na hora certa, tapando um buraco satisfatório.

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