Com certeza a imensa maioria das pessoas conheceu o robozinho azul através dos games de ação. Talvez desde os antigões no qual o inimigo ainda era o Willy, na versão X com Sigma, ou nos mais “novos” como as versões Zero e ZX. Seja como for, poucas pessoas devem ter começado a jogar Megaman a partir de suas versões RPGísticas Battlet Network ou Star Force.
A princípio eu não era muito simpatizante por esse spin-off da saga principal, e nem era por causa do desenho que passava na TV, até porque eu mal assistia ele. Mas como não poderia deixar de ser, resolvi jogar o Battle Network e minhas impressões você acompanha a seguir.
Megaman Battle Network teve seis “números” lançados para o Game Boy Advance. Os dois primeiros eram títulos únicos, e a partir do terceiro começaram as bifurcações ao melhor estilo pokémon: Blue e White, Blue Moon e Red Sun, Team Colonel e Team Protoman, Cybeast Falzar e Cybeast Gregar, que possuem por exemplo algumas diferenças sutis entre si, como a existência de um determinado Navi em uma versão e em outra não.
Um NetNavi nada mais é que um avatar online que pode ser usado para explorar o interior eletrônico da rede, e controlado por um operador. Lan Hikari é o personagem principal da série, um operador com seu Navi chamado de Megaman. A história se passa no século 21, e mostra a humanidade totalmente dependente da internet (ou Net) para qualquer coisa do cotidiano (bem parecido com o que o nosso mundo real vêm se tornando). A rede é usada tanto para comércio, transporte, fornecimento de energia como para atividades criminosas, como a do grupo denominado WWW.
Primeiramente, Lan e Megaman se vêem envolvidos na solução de vários problemas aparentemente cotidianos na cidade que descobre-se estarem envolvendo Navis que estavam sendo usados para o mal. Logo eles acham a ligação de seus operadores com a chamada organização WWW.
A premissa é simples e o jogo parece bem infantil à primeira vista, inclusive pelos gráficos. E isso pode fazer várias pessoas torcerem o nariz sem nem ao menos disparar o Buster do Megaman.
O jogo é sim, bastante linear, e isso tem seus pontos ruins e bons. A sensação ao jogar Battle Network é de estar participando de um anime, ou algo do tipo. As situações por qual Lan e Megaman passam são implicitamente apresentadas como episódios, sem uma aparente ligação, mas que depois conforme você for jogando, percebe que as peças vão se encaixando aqui e acolá, e a história vai ficando cada vez mais interessante.
E a história de Battle Network é boa, apesar de não parecer a primeira vista. Não é lá um grande enredo, mas é divertido e totalmente jogável. As situações cotidianas dos personagens, a exploração da Net (exceto a do primeiro jogo, por favor), e claro os Navi vilões.
Ah, e o que seria de um herói sem vilões? Os Navi aqui são versões dos robôs lá do Megaman Clássico! Genial! Uma grande idéia para aproveitar eles e mostrá-los de uma forma totalmente diferente, mesmo que em um mundo diferente. Poxa, é muito legal ver Navis como Iceman, Cutman, Stoneman, todos em ação novamente e alguns com uma roupagem remodelada e bem estilosa.
Outro ponto alto do jogo é o sistema de batalha que é inovador e bastante estratégico. De um lado temos o Megaman que pode disparar tiros de seu buster e mesmo carregar, porém isso as vezes não é suficiente para lidar com os vírus da Net e os poderosos Navis adversários. Por isso de outro lado, temos os Chips que são espécies de “cartas” que podem ser usadas durante o combate, podendo variar desde espadas, canhões de energia, chips de monstros, onde você de certa forma usa os seus ataques, como o Dash que vêm de uma espécie de pássaro-vírus-verde que fica voando, até mesmo chips de Navis já derrotados, como o forte Gutsman que atinge todos os tiles do oponente, causando dano e deixando o chão quebrado.
As batalhas acontecem nesses chamados “tiles” que representam casas por onde o Megaman e os oponentes podem se movimentar. São 18 tiles, distribuidos inicialmente entre 9 para cada lado, podendo mudar durante o curso da batalha. Batalhas estas que se vencidas de forma bonita (vencendo rapidamente ou perdendo pouco hp) podem gerar boas somas de ouro ou mesmo os chips dos virus derrotados que podem ser adicionados ao seu deck para uso posterior. Muito legal colecionar eles e ver cada efeito diferente nas batalhas. Outro grande ponto positivo essa diversidade.
O ambiente do jogo se divide entre o mundo real e o mundo virtual. O real é bem genérico, um quase-vilarejo chamado de ACDC (vai entender o porquê desse nome), uma usina de energia e outros tantos lugares maiores (ou menores) que vão aparecendo no decorrer de todos os games. A grande maioria deles é simples. É lá que ocorre toda a ação envolvendo o Lan Hikari, seus amigos do colégio e outros personagens. No mundo real também localizam-se, evidentemente, os aparelhos eletrônicos onde o operador pode dar “jack in” no seu Navi, fazendo com que ele possa navegar na rede.
Por sua vez o mundo virtual é bem interessante, com a exceção do primeiro jogo, onde tudo é tão genérico, repetitivo e tão confuso que mais parece um labirinto. Que bom que melhoraram isso nos jogos subsequentes. A exploração, diga-se de passagem, é um fator forte aqui, já que Megaman pode achar vários itens espalhados pela Internet e até mesmo entrar no computador dos amigos. O mundo virtual se assemelha bastante aos rpgs eletronicos famosos pela batalha aleatória que as vezes tira a paciência quando precisa-se bastante de concentração para resolver certos puzzles. No mais, depois de uma batalha concluída, o Megaman restaura todo seu HP. Achou fácil? Espere até enfrentar as armaduras de espadas.
A música do jogo é bem repetitiva, normal para games do GBA, algumas faixas são bem legais até, com devida menção à música-título, que é muito legal. Ela está na abertura do post, para os que não viram. Os personagens em sua maioria são os Controladores. Você pode simpatizar por alguns, gostar menos de outros. Não há muito o que falar aqui, já que depende muito do jogador. De certa forma, os personagens estão dentro do padrão do jogo, dada à devida menção à Lan e Chaud.
Megaman Battle Network é bom? É sim, bastante! Do jeito dele é um jogo muito divertido e que vale a pena ser jogado, seja pela inovadora jogabilidade, pelo enredo ou pela possibilidade de curtir o design de cada Navi. Pode não ser aquele RPG a qual você está acostumado, mas o seu jeito único de jogar cativa facilmente o jogador. É uma pena, apenas, que muitos vejam este jogo de forma um pouco preconceituosa, pois a série tem um potencial e tanto. Mas não foi o primeiro e ainda haverão muitos outros jogos a serem encaradas do mesmo jeito. Ah, e se estiver pensando em começar a jogar também, aconselho começar pelo primeiro mesmo! Boa diversão!