O Homem-Aranha, sem sobra de dúvidas, é o super heroi mais pop que existe. Não há quem não o conheça, mesmo não sendo interado no universo quadrinhístico. E talvez por isso ele seja o “desbravador de mídias” principal da Marvel. Foi assim quando foi lançado primeira revista da linha Ultimate, que foi o precurssor do sucesso da linha atual da Marvel, e assim foi feito com a peça da Broadway. o Spider tem tanto carisma que por mais que as suas empreitadas possam ser ruins, o seu alcance acaba suprimindo isso e trazendo multidões em direção ao que é produzido ao seu respeito.
Pra quem não sabe, a Broadway é famosa por seus musicais, sendo o mais famoso deles o icônico “Fantasma da Ópera”, que acredito todos já terem ouvido falar alguma vez. Já houveram inúmeras outras adaptações de coisas como filmes da Disney para os teatros, mas a empreitada de transpôr um heroi para os palcos não era nada fácil.
Herois como o cabeça de teia, por definição, involvem muitas sequências rápidas e complexas de luta, saltos, e golpes, e claro os seus poderes que desafiam a realidade. No cinema tudo é mais simples, existe um computador para editar a cena, uma tela verde para inserir o que quiser no cenário, e custos de produção gigantes para confeccção de aparatos e objetos que deem verossimilhança a toda história. No teatro tudo que temos são coisas físicas, truques de luz, e imaginação. O esforço de tentar fazer com que o público acredite que um cabo de aço é definitivamente a teia do super-heroi é herculeo. Eu acreditei.
A história começa com a velha origem do personagem. A mesma ladainha de sempre, Parker sendo chacota dos valentões, Mary Jane dando bola pra ele e ele acha que é invenção dele, até os dois pontos cruciais da história: a apresentação na sala de aula sobre a deusa Archeos, e a ida ao laboratório. Duas músicas fracas envolvendo o colégio, mas a esta altura eu estava me acostumando com toda ambientação, estilo dos cenários, algo crucial para o melhor aproveitamento do espectáculo.
Tentarei passar um pouco de como são. É como se realmente a nossa perspectiva fosse a usada, mas a perspectiva de vermos os acontecimentos frontamente, e não “de cima”, “de lado”, enfim, com a visão do seu assento. O ponto de vista é sempre o que o cenário te direciona para, e não aquele que você está. Por isso os elementos curvados, e até meio “modernistas” em termos de proporções. A escolha foi acertada e voltada para cena mais importante da peça, logo foi um acerto na minha opinião.
Existe uma música logo no início, que conta com a voz da própria Archeos, e a performance de suas, bem suas alguma coisa, já que a peça não se dá muito o trabalho de falar o que são ou eu que não lembro mesmo. Bem a performance envolve fitas na vertical e na horizontal que se entrelaçam no desenrolar da música, se assemelhando muito, ao meu ver, a um número do cirque du soleil. Bem legal eu diria, mesmo não tendo muito nexo.
Esta foi uma das partes mais dúbias pra mim da peça inteira. Archeos é inserida no universo como se fosse algo que conversasse com Parker e até chega a lhe dar conselhos em certo ponto da história. E apesar de dar um clima interessante, como se fosse a reflexão do heroi com ele mesmo, acaba também por esbarrar na falta de explicação sobre, o que acarreta em momentos literalmente WTF. Não gostei da personagem, mentretanto gostei de suas cenas, vai entender.
A cena de Peter no laboratório cumpre seu papel. Apresenta Norman Osborn, e sua esposa que a auxilia nas pesquisas (sim ele é um cientista). Depois da aquisição dos poderes as cenas que se secedem conseguem manter-se entre o ponto alto da peça. Peter pulando no seu quarto e finalmente pulando por NY, derrotando o crime, e salvando a todos. As primeiras cenas de voo são muito boas, minto todas são, e esse é o principal motivo para ir à peça. São 8 dublês mais o ator principal aparecendo em todo canto, e quando eu digo em todo canto eu incluo do seu lado nos corredores dos assentos, pulando da parte superior dos assentos no teatro para o palco e vice-versa. A sensação do aranha estar ali mesmo é tanta, que os dublês responderam sempre as chamadas das crianças (e demais pessoas) com movimentos característicos do personagem. Muito bom.
Tio Ben morreu, MJ e Tia May correm perigo. Nem mesmo com o Duende Verde a peça passou de um regular para bom. O Duende não está com a roupa ruim, mas achei especialmemente bizarro ele ser o monstro ao invés de vistir a armadura. Também podia voar por conta própria, mas isso provelmente foi feito para facilitar a cena final.
O duende cria 6 seguidores: Kraven (que é um homem com cabeça de Leão), o Lagarto (que parece um dinossauro), Swarm (o homem abelha), Swiss Mis (a mulher lâmina), Carneficina e Electro. Não gostei nem um pouco de nada desses daí. As fantasias eram toscas, e no final só serviram para aumentar a duração da peça e a expectativa para a luta final, pois foram derrotasdos em poucos minutos pelo Aranha.
Duende ainda tem lá o seu momento solo, e faz uso do seu lado cômico com algumas improvisações com a platéia enquanto canta sua música, o que fez sucesso entre o público. Eu gostei, o Duende já tava meio avacalhado mesmo, e o seu ator conseguiu dar uma personalidade, uma vida a este personagem.
Pulando para batalha final, e as últimas cenas. Confesso que tudo o que vi antes (meio chato, cansativo, e com poucos acertos) valeu a pena por isto. O cenário nos mostra o topo de um prédio, aonde rola a clássica conversa heroi-vilão. Após, o cenário muda para uma perspectiva de cima do prédio, aonde podemos ver sua parte lateral na vertical.
No geral a peça foi bem mediana, intercalou vários baixos, com alguns altos, cenas românticas demais, e essa sensação de demais pode ser por serem fraquinhas, emocionando vez ou outra, e um primeiro ato lento, arrastado. O segundo ato mostra uma progressão mais rápida já que já é focado no HA, com suas cenas de voo. Mas repito: a cena final é que me fez vibrar, virar crinça mais uma vez e torcer pelo aranha, lembrar de como era assistir aquele desenho dos anos 90. Lá está a essêcia do super-heroi captada e transmitida de forma genial. No fim o que salvou tudo foi isso, inclusive uma sensação de perda de tempo, sentimento inexistente após o final.
Fiquem com as duas versões de Rise Above, a com a participação de BBono e The Edge, e a da peça: