Aproveitando uma promoção online daquelas imperdíveis, comprei a coleção de Calvin e Haroldo, dando um tiro no escuro. Na verdade, sempre quis ler, mas, o preço realmente me mantinha distante e, com a promoção, valeu a pena tentar e saber se me agradaria ou não.
A idéia era inicial era fazer um MdQ para cada volume que foi comprado, mas, quando dei por mim, já tinha lido três volumes! E então optei por fazer um post que falasse não de cada tirinha especifica, mas do espírito, do clima, talvez até da magia que esses dois personagens estão inseridos.
O autor, Bill Watterson, não faz apenas rir, ou mesmo refletir sobre a sociedade, como normalmente as boas tirinhas já fazem. Calvin e Haroldo traz uma nostalgia de um modelo de infância que está deixando de existir – o que não quer dizer que era melhor ou pior – o fato é que ninguém mais brinca na rua, com aqueles jogos ao ar livre, raramente chegando em casa sujo o suficiente para a mão ficar aterrorizada!
Além disso, por conta da imaginação, o ato de esperar no carro, para Calvin, pode ser o cenário perfeito para uma guerra entre aviões; tomar banho na banheira pode ser facilmente um maremoto; o lanche da escola pode se tornar uma guerra contra uma geléia alienígena! O Aliás, o horário de almoço, é o cenário perfeito para as frases mais nojentas sobre sua própria comida. Calvin é também um herói do espaço, um dinossauro, um detetive ao estilo “noir”, um homem que argumenta com o pai sobre pesquisas de popularidade paternas, as quais apontam que, provavelmente, o pai deve perder o cargo na próxima eleição…
E o traço é maravilhoso! Claro, expressivo, encantador! Lindamente simples, você nem percebe o grande conhecimento do autor/desenhista nessa arte, simplesmente vai lendo, uma página atrás da outra e, quando dá por si, já terminou alguns volumes.
O grande defeito de Calvin e Haroldo é o pequeno número de publicações no Brasil. Assim como Peanuts, para mim, é uma série de primeira categoria, comparável à grandes gênios nessa forma de arte. No Brasil, foi publicada de forma elitizada, mais adulta, ou seja, menos acessível (financeiramente): não como Garfield, por exemplo, que saiu em diversas edições, seja as da LPM, por cerca de R$11,00, ou um apanhado de cerca de R$80.
Bom, na verdade esse não é um “defeito” de Calvin e Haroldo. O tal problema a que me refiro é a vontade de querer ler mais, de conhecer mais, de colocar Calvin e Haroldo como Wallpaper, de comprar o action figure… Bill Watterson criou esse universo, sem tanto estresse, sem tanta responsabilidade, feliz, tenro, um universo de sonho, afinal, o qual você quer ficar inserido sempre, viciado em seus personagens, na alegria que proporcionam, viciado em estar feliz, puramente feliz.