The Walking Dead: O 1º episódios da 2ª temporada foi exibido nos EUA dia 16 de Outubro de 2011, respectivamente:
2×01 – “What Lies Ahead“
Enquanto isso no Brasil: Exibida pela FOX, a segunda temporada estreou dia 18 de Outubro de 2011 no Brasil.
Aviso: Continue lendo apenas se você já assistiu o episódio 2×01 de The Walking Dead (e a 1ª temporada). Haverão spoilers!
“What Lies Ahead” atingiu um grau mais elevado de tensão do que havia sido experimentado até o fim da 1ª temporada. Acredita?
Não conhece o Papo de Série? Basta clicar aqui e ficar por dentro do projeto. Depois do “continue”, a gente conversa mais.
Segunda Temporada a Ritmo de Contagio!
Obrigado mortos e vivos.
Que série televisiva! Longos meses de espera foram decapitados. Nunca sentira mais do que desprezo pelo canal pago AMC por razões descomplicadas, nenhuma produção do canal norte-americano havia dominado o meu respeito – e tentei assistir Breaking Bad!
Então, fico espantado mas satisfeito, claro, com The Walking Dead porque a adaptação está sendo tão estupenda quanto a história original. E embora alguns possam achar isso relativamente fácil, creio que esse julgamento seja um engano. Eles [da produção] optaram firmemente por tratar o ambiente, os personagens e o percurso de sobrevivência de forma diferente, todavia, fiel a tudo aquilo que fez da obra de Robert Kirkman um sucesso.
Pequenas oportunidades. O discurso do Rick abre o episódio já satisfazendo aquelas infladas expectativas – deve saber do que estou escrevendo. É, fui pego desprevinido. Lembra a primeira temporada? Foi um enorme acerto e a segunda sinto murmurar ao meu ouvido que voltou para superar o passado e bater novos recordes. Analise já o primeiro indicador: a audiência de “What Lies Ahead” foi de 7.26 milhões de pessoas (U.S.)!
Atualmente, leio “reviews” e análises de filmes, séries e livros dando muita enfâse aos acontecimentos num estilo meio narrativo. E olha que reconheço que isso que pretendo apontar como um erro, também se encaixa no meu quadro de tentações. Ora, é quase impossível comentar algo sem descrever as situações. Zombies também são impossíveis e têm funcionado bem. Por isso, decidi tentar a omissão de narração ao máximo. Sim, “Challenge accepted”!
Episódio 2×01: “What Lies Ahead”
O enredo de The Walking Dead não dá luz a uma nova intriga, faz o contrário: recicla. A trama é trazida de vários túmulos, de várias épocas. A história é familiar, os mortos-vivos criaturas relatadas há séculos e o medo humano da morte e do desconhecido uma constante da humanidade. A fórmula para que tudo isso esteja funcionando é a genialidade como esses elementos estão sendo combinados, explorados e como estamos revivendo sentimentos mais primitivos do que modernos.
Daryl: This gross bastard had himself woodchuck for lunch.
Será que sou anormal por identificar inclusive uma veia do barroco na ideologia empregada? A divisão dos homens resilientes entre a moral religiosa e a realidade de perdição, de falta de destino, de exaltação de emoções, de perigo insolucionável define até que bem a angústia referida lá atrás, na Idade Média. Gostamos de presenciar essa dor humana porque de alguma forma nos identificamos. Um reflexo da evolução Darwiniana? Sim?
Senti o sofrimento de Sophia e igualmente o de Carol. E, repito, gostei disso. Queremos sempre ver outros superarem obstáculos mas provavelmente nos entretemos mais pela confirmação de que a realidade não funciona em função de nós humanos; nós somos aqueles que funcionam segundo a realidade. E momentos como o desaparecimento de Sophia, a igreja abandonada, Carol rezando ao som do silêncio mortal nos presenteiam com esse sentido humanista.
Sendo sincero, esse episódio foi tão intenso que consegui tirar dele aquele sentido que o almanaque de The Walking Dead costuma conferir às pequenas coisas. Humaniza. Os conflitos seguiram um excelente ritmo. A direção artística manteve o patamar adotado no ano passado, você sabe, jogando com uma iluminação morta, meio escura, meio clara e esverdeada no tom de cores frias. E o elenco não cometeu nenhum deslize – felizmente, The Walking Dead não sofreu da maldição de um péssimo cast que desperdiça todo o potencial por incompetência. Isso cogito inegável por enquanto.
Porém, mesmo a melhor execução do planejado tem os seus defeitos. Os primeiros minutos de “What Lies Ahead” foram perfeitos a todos os níveis. A introdução soube emocionar, uma típica estratégia para prender a atenção de uma audiência qualquer, algo importante no caso de uma série de terror porque na moderação, se não exagerarem nas cenas fortes, o alcance de visualização será sempre mais abrangente.
Contudo, eles aparentemente não exageraram tanto na censura conforme o avanço do episódio – aproveitaram, notei, cada oportunidade para mostrar mortos, mortos-vivos e membros corporais desmembrados. Queria melhor? Sei que prometi evitar narrações mas, como toda regra tem algumas excepções e casos extraordinários, vamos ao primeiro: a tensão da manada de errantes (walkers).
Já sabia, desde que chegaram à ponte no caminho a Fort Benning, que algo daria errado – culpa da previsibilidade de histórias de terror e tragédia. Foi muito bizarro e incrível os corpos mortos e apodrecidos que jaziam nos carros, o preenchimento do tempo com pequenas oportunidades de obter armas e água. Aliás, fiquei com nervoso do Shane quando ele desperdiçou água potável para se refrescar! Beber tudo bem mas se quiser se molhar, ele que vá tomar banho no rio mais próximo!
Desta vez, foram os mortos a conceber os melhores minutos do regresso. O grupo de errantes caminhando, Rick e os outros desesperados no chão, adorei cada segundo. Obrigado, Dale, por dar aquela ferramenta para Andrea porque o confronto que começou no banheiro e terminou no crânio perfurado do zombie foi inigualável. Go Andrea!
Agora, seguindo o roteiro de qualquer perfeição que também comete suas falhas, fiquei incomodado com dois fatos.
O Mistério de Sophia: talvez tenha selecionado as palavras erradas para esse caso, não quero reclamar do desaparecimento de Sophia, apesar do carácter clichê que a separação de uma criança do grupo de responsáveis representa.
O problema, para mim, foi a sucessão temporal. Não precisavam ter dedicado tanto tempo à busca pela garota e não me levem a mal! O rastreio da floresta ficou longe de ser desagradável, apenas mais longo do que devia ter sido, mas, acredite ou não, tive prazer na perfuração do estômago do errante. Bem, se tivessem sintetizado essa parte, teria sobrado tempo para explorar outra situação, tornando o episódio ainda menos monótono e ainda mais entusiasmante. Detalhes.
Shane e Hershel: se nunca leu os primeiros volumes de The Walking Dead, pare de ler esse parágrafo; passe ao próximo pois haverá um possível forte spoiler. O personagem causa complicações e conflitos emocionais, o que é ótimo mas aceitar que ele ainda esteja vivo e Carl já tenha sido baleado é difícil de aceitar. A série não deve ser igual à versão original embora por mim, ele, Shane, já deveria ter morrido assim como o Inverno já deveria ter surgido. E Carl deveria ter feito isso. Será estranho, senão bizarro, o Shane conhecer o Hershel.
Em suma, as relações se estreitaram e se tornam adversas para muitos, tanto Andrea e Dale como Shane e Lori/Rick/Carl – sem contar com Carol e Sophia. A dificuldade da vida de Rick aumentoum e espero por mais intempéries na atmosfera da produção. Shane não deve abandonar o grupo e torço para que Rick siga Shane na tentativa de convencê-lo a ficar porque assim… você sabe o que pode acontecer.
Quando elogio, sou dramático. Quanto menosprezo, também o sou. E, confesso, admiro e sou capaz de rever muitas vezes a porta da Igreja sendo aberta para revelar os mortos-vivos crentes, certamente rezando por mais humanos vivos, carne fresca. O hilário desse cenário é imaginar que as preces dos mortos foram ouvidas ao invés da prece dos vivos!
Quase esqueço uma das maiores questões da trama: o segredo partilhado por Rick e Jenner. É bom ter uma carta na manga, suspeito que esse segredo seja só uma brecha caso seja necessária uma desculpa ou solução rápida e fácil no futuro. Vai ver, Jenner disse somente que a Morte é a única cura.
Andrea: Jenner gave us an option, I chose to stay.
Dale: You chose suicide.
O tema de abertura vestiu o momento tão bem quanto os cadáveres serviram de camuflagem, deve ter sido a saudade. Agora desejo por mais episódios. O lado positivo e construtivo das variações introduzidas na adaptação é que estão conseguindo me surpreender com acontecimentos que já conheço. Tudo questão de organização e timing.
E daqui em diante? A segunda temporada terá 13 episódios, mais do que o dobro de episódios da primeira. Por aí exclusivamente, a promessa é de muita morte, vida, brigas e tragédias. Conheceremos Hershel, a fazenda e rezo para que não fiquem presos no campo por muito tempo. É melhor avançarem porque ainda faltam 12 episódios.
[AVISO SPOILER]Pessoalmente, se fosse o diretor contratado pela AMC, terminaria a temporada na prisão. Entretanto, tenho a impressão de que inventarão muita coisa até lá e ter lido os volumes do comic book não atrapalhará em nada, isso já foi e já está demonstrado.[AVISO SPOILER]
Assim como qualquer episódio de uma excelente série, esse também teve os seus defeitos. Caso fosse obrigado a dar uma nota quantitativa, eu daria 9,5/10. Cumpriu com a meta estipulada. A única certeza que duvido que será quebrada é de que Carl não terá um destino diferente.