Valeu a tentativa, mas, continuação de outro autor soou forçada!
O Guia do Mochileiro das Galáxias. Uma obra prima. Sucesso de crítica, vendas… Douglas Adams morreu prematuramente. Todo mundo que o mundo ama morre cedo, grandes artistas, escritores, grandes pessoas… Parece ser coisa da vida.
E ficamos órfãos do texto ácido, do humor maravilhoso, da leitura rápida e leve de parágrafos e capítulos curtos. Mais ainda de uma criatividade gigantesca que imaginou figuras e seres (e situações) impensáveis, que colocou a toalha acima de tudo, que criou Marvin, o melhor robô que o universo já viu (Bender, de Futurama, tem suas qualidades também, mas…), entre outras coisas.
Eoin Colfer. Grande escritor Best seller. Gosto dele pra caramba. Já li 80% do que ele escreveu, não só Artemis Fowl. Ele resolveu dar continuidade à obra de Douglas Adams. E cometeu um grande erro (um atrás do outro na verdade).
Agora eu até gosto menos dele por isso…!
O argumento que serviu de gancho para essa história foi muito bem feito, não posso negar. A história, o desenrolar, contudo, não ficou legal. Foi uma outra coisa, um outro livro, uma outra série, com alguns personagens “originais” – que arrisco em dizer que foram até mesmo descaracterizados! Foi tudo isso e não O Guia que conhecemos….
Foi a interpretação de Eoin Colfer, do que ele mesmo lera e entendera, entende? E ainda com o pior do que ele é capaz de escrever: as piadinhas ruins, as interrupções insuportáveis durante todo o livro com o pretexto de serem “Notas do Guia”, a falsa criatividade engraçadinha, ou seja, tudo forçado – até mesmo as tentativas de criticar o modo de vida da sociedade, as pessoas, enfim, tudo forçado e previsível.
Para mim, o escritor está em má fase e ponto. O último Artemis Fowl foi o pior da série, justamente porque está se assemelhando com Percy Jackson: sem cenários, sem descrições, sem bons argumentos, apenas um apanhado de cenas de ação beeem americanizadas e medíocres em uma história sem muitos motivos de existir…
E bem nessa hora, quando ele parece ter esquecido de como escrever (bem), o sujeito resolve mexer em coisas (um universo) que se tornaram lendárias: Ford Perfect, Zapod, Trillian, Arthur Dent e Cia.
Vale a pena ler? Ora, bem… Sabe… Eu me esforcei muito para terminar, mesmo dando um riso de canto de boca às vezes.
Mas, sou fã. E fã que é fã não tem escapatória, afinal. Na verdade, só dá mais saudade dos originais, genuinamente geniais e criativos. Ele tentou, dá para perceber. Ele se esforçou, dá para sentir. Mas, infelizmente, REALMENTE infelizmente, não passou de um livro pseudo inteligente, pseudo engraçado, uma pseudo continuação de algo irretocável.
Erros de digitação e tradução podem ser facilmente identificados nessa primeira edição brasileira, por isso, atenção também! O preço está tranqüilo, cerca de R$29,90.
Concluindo: tem coisas que simplesmente não se deve mexer. Mas acho que Douglas Adams também não deve estar se revirando no túmulo – porque ele deve ter sido um sujeito bem humorado, acima de tudo!