Acima de tudo, um animê consistente.
Há alguns spoilers a seguir, mas nada muito específico ou que vá estragar surpresas pra vocês. A parte em que falo especificamente do final do animê está sinalizada, então recomendo que não a leiam, mas o resto é mais ou menos safe, na medida do possível.
No. 6 é um animê bom. Sabem aquele animê de qualidade? Pois é. Todos os episódios satisfazem, diferente do que aconteceu a vários outros animês da temporada dele, que têm muitos fãs apesar de terem tropeçado no caminho com episódios chatos e/ou com cara de filler. No. 6 foi consistente do início ao fim, e para um animê de 11 episódios, o final foi bem normal, digo, não maluco para os padrões.
No início, o que prendia a atenção era a sensação de que “tem algo muito errado aqui”, seja pelo Nezumi criança ensanguentado, a família de Shion perdendo seu status por terem-no abrigado ou aquela coisa bizarra das abelhas. Depois o foco mudou para fora de No. 6, e foi a partir desse ponto que os personagens começaram a se desenvolver. Não só Shion, Nezumi e a relação deles, mas Inukashi, Karan e Safu surgem como pontos fortes da trama, o que é raro em um animê curto como esse; ter vários personagens bem desenvolvidos. A Inukashi, por sinal, acho uma ótima personagem. Essa coisa dela com os cachorros, a forma como age com Shion e o fato de não ser boa nem má, meio imprevisível, como quando tentou atacar Nezumi com sua “gangue”, e principalmente no final, quando está ajudando os dois, na cena com o oficial de No. 6 que lambe ela no pescoço. A forma como reagiu ao bebê que Shion mandou pra ela também… E isso vale pras outras duas que mencionei.
Safu passa longe de ser apenas a opção hetero do Shion, ela desde o início era uma personagem diferente (que diabos de conversa “quero o seu sêmen” = “transe comigo” hahaha), e no episódio 5, quando conhecemos a Eve, a cena dos dois ouvindo a música da Elyurias e desmaiando soou o alarme “Opa, tem algo especial aqui!”. (SPOILERS DO FINAL) Ela no final foi muito lindo, o desespero do Shion aliás, deixando-a pra trás com a bomba, querendo abrir o elevador, me lembrou muito o Ed abrindo aquela porta em FMAB pra dizer pro Al que com certeza voltaria pra salvá-lo. Foi muito bonita a entrega dela à Elyurias, que na verdade não foi uma escolha, mas ficou uma sensação de que ela era a escolhida, até por poder ouvir a música do povo da floresta como o Nezumi. Aliás, no geral, os dois episódios finais foram excelentes. Shion assumindo a liderança e um Nezumi desesperado, soluçando, por vê-lo se tornar um assassino, por vê-lo mudar, e Shion reconhecendo novamente a fragilidade de Nezumi, que ele não via desde aquela noite quando crianças. Depois o surto das abelhas na cidade e então a Elyurias cantando e os tufões destruindo o muro… foi linda essa parte, talvez justamente por causa da música.
E quando Shion começou a duvidar das intenções do Nezumi, e este confirmou, eu pensei que, putz, era ali, pronto, o final ia ser tragédia e mais alguém além da Safu ia morrer. Dito e feito, foi atingido e eu achei que o Nezumi ia morrer mesmo, mas o Shion abrindo a barriga dele naquela situação foi bem inesperado e foda. Só pra quê? Pra ser ele o alvejado. Bah, quando ele tava morto no chão e o Nezumi largou a Inukashi e o outro cara (desculpem, esqueci o nome) pra ir rastejando até ele e depois cantou aquela música estando completamente perturbado, foi muito, muito foda. Eu tava esperando, nesse momento, que a música revivesse o Shion, afinal fez aquile brilho todo lá na cripta né, mas como tinha deixado o Nezumi cansado na ocasião, e agora ele tava mega ferido e tinha perdido muito sangue, pensei que talvez morresse por isso, numa coisa bem Romeu e Julieta de aí o Shion acordar e vê-lo morto ali ao lado. Hahaha, é, eu viajo, como já disse em outro post. Mas a Safu aparecer e resolver tudo foi, novamente, lindo demais. Gostei mesmo do final, e a Karan correndo enlouquecida para reencontrar o filho foi foda com aquela música no fundo, assim como a despedida de Shion e Nezumi. Muito bonita. (FIM DOS SPOILERS)
Aproveitando que voltei a citar a Karan, deixa eu retomar a questão dos personagens. É raro pacas vermos a “mamãe preocupada com o filhinho protagonista” ser uma char tão foda. Ela foi forte mesmo nos momentos de desespero, e passava essa sensação de alguém se esforçando para aguentar a situação. Não se rendeu ao Yoming também, reconhecendo nele os mesmos erros dos ex-colegas dela de quando construíram No. 6. Não sei, me faltam palavras pra explicar o porquê de eu achar tão bem desenvolvidos, tão convincentes os personagens desse animê. Talvez seja subconsciente a coisa… mas a palavra é realmente consistência. Tudo o que aconteceu na história pareceu estar no lugar e de acordo com a personalidade dos personagens. As emoções, os atos de cada um. Ontem quando terminei de assistir fiquei pensando nisso, em como eu tinha achado esse aspecto tão especial no animê, comparado aos outros da temporada. Uma história bem contada, que te deixa pensando sobre ela, e não sobre o animê. A capacidade de se construir como “algo”; não sei se me entendem. É como dispensar as discussões técnicas, porque nisso ele foi impecável, e poder pensar em No. 6 só como a história que ele traz.
Fiquei muito afim, agora, de conferir as novels. Caramba, 9 volumes! Com certeza tem muito mais coisa do que o mostrado nesses 11 episódios. E haha, vejam vocês. Nem sendo um resumo o animê passou uma sensação de estar incompleto ou mal contado. De fato, bato palmas ao estúdio Bones, que já fez tantos animês realçadamente fodas devido à qualidade de animação, como Fullmetal Alchemist Brotherhood, Darker Than Black, Soul Eater, Wolf’s Rain, Tokyo Magnitude 8.0 ou os vários outros. Certamente verei UN-GO, o novo animê do noitaminA, também de 11 episódios e também do Bones, mas esperarei que acabe antes. Enfim, nem sei bem o que eu buscava dizer com esse post, mas achei que tinha que dizer alguma coisa, porque gostei mesmo. Se ficou ruim, desculpem a leitura chata, hahaha.