Enfim devorando com muito gosto a série Assassin’s Creed, rumo a Brotherhood!
Começar a série Assassin’s Creed II sem esquentar a cabeça com o loopin quase interminável que é a jornada do Altair é legal, mas começar Assassin’s Creed II ainda com aquele gostinho de quero mais deixado pelo final do primeiro jogo é melhor ainda. Fazer do Ezio um assassino de primeira não foi tão difícil desta vez, o dinamismo do gameplay é constante, daqueles para sofá nenhum fazer você dormir no processo. Não vou dizer que a sequência é melhor que o primeiro só por conta disso, apesar dos pesares continuo curtindo ambos. Mas se tivesse de jogar um dos dois novamente Assassin’s Creed II seria sem dúvida a minha escolha. Os motivos para isso que nem de longe são poucos eu explico logo após o continue.
Assim como no primeiro, em Assassin’s Creed II a regra também é começar do zero, mas diferente do Altair, Ezio é um mulherengo nascido em berço de ouro. Ele não começa o jogo mergulhado entre os assassinos e quando o seu mundo vira de cabeça para baixo, nada mais importa além da busca por sua vingança. Avaliando as coisas com apenas dois títulos concluídos só posso dizer que não acho o Ezio um cara tão marcante quanto o Altair. No primeiro Assassin’s Creed o assassino brilhava sozinho, você sentia que faltava mais pessoas ao seu redor, que ele precisava de mais alguém ao lado dele além do barbudo do Mualim falando groselha e liberando as armas aos poucos. Vez ou outra a gente sempre voltava para o berço da irmandade ou conversava com os informantes em cada cidade que mostravam um certo apreço pelo Altair, mas não era a mesma coisa. Todos ali eram apenas um monte de seres vazios recheando o background do lugar, participavam, mas não traziam vida à trama. Já o Ezio faz o mesmo, mas com a auxílio de figuras com forte contexto histórico como Leonardo Da Vinci, e mesmo os outros personagens sendo totalmente fictícios não deixam por menos e dão um show de vivacidade ao título e todas as propostas que ele apresenta. O que para mim abre um caminho mais fácil para qualquer jogador formar um forte laço com o personagem, torná-lo carismático em poucos minutos. Não quero desmerecer esse ou aquele protagonista, mas ainda admiro mais a figura do Altair por fazer a diferença mesmo com os problemas do primeiro jogo.
E o que era uma mesmice sem fim finalmente virou um jogo cheio de opções variadas para se divertir, Assassin’s Creed II simplesmente não me deu tempo para chateações. Muita coisa acaba meio que entregada de bandeja ao jogador, como por exemplo as localizações das missões chave no mapa que eram bem menos intuitivas para serem localizadas no jogo anterior. Como o leitor PSSH disse nessa postagem, o game praticamente te dá a mão e sai te levando à toda as partes, muitas vezes sem nem mesmo te deixar parar um minuto para raciocinar antes de uma ação. É algo que estraga o jogo? De jeito nenhum, esse é no máximo um dos poucos defeitos que tenho a relatar sobre a sequência, tanto que provavelmente quem odiou o jogo não vai gostar muito de me ver aqui me desmanchando em elogios ao mesmo.
Adorei por exemplo os itens adicionados ao arsenal do assassino, no começo eles não pareciam ser de muita ajuda, eu geralmente procurava apenas variar entre as faquinhas, adagas ou espadas para confrontar os guardas, mas quando os grandalhões de armadura mais pesada começaram a ficar mais comuns no gameplay, lá estavam as santíssimas bombas de fumaça confundindo a horda de inimigos enquanto as lâminas duplas derrubavam os pesos mais pesados no meio da confusão. Uma arma de fogo tão escondida quanto as lâminas do Ezio também foi adicionada, mas esta eu mal usei para falar a verdade. Gostei de ver o sistema de combate mais incrementado também, com ataque e contra ataque tanto para armas brancas quanto para sair num típico mano a mano, pena que a segunda opção não se aplicava à muitas situações. A mudança de recuperação automática para a obrigação de ter que comprar medicamentos eu achei desnecessária, pra mim não fez diferença o jogo todo, mesmo que você morresse em um ponto crítico os checkpoints sempre salvavam a pátria. Já o sistema de upgrade meio tímido e sem muita importância a princípio foi outra adição legal, testei quase todas as cores bizarras para roupa do Ezio até voltar ao bom e velho branco. Aliás aí está algo que gosto muito mais no Ezio do que no Altair, aquele branco cheio de detalhes em prata acabou sendo mais charmoso.
Upgrades para as armas também é outro ponto que vale muito ser citado. Inicialmente nem achei que tantas opções de armas fossem fazer a diferença, tanto que nem dei importância aos machados e agora depois de já ter finalizado o jogo fico imaginando se eles não teriam facilitado um pouco a minha vida em alguns momentos. Me lembro de ter ficado extremamente puto da vida quando comprei a espada mais cara de Florencia (e talvez a do jogo inteiro) e a perdi dois dias depois lutando contra alguns guardas do tamanho de armários munidos de armadura e lanças. Fiquei quase um minuto tentando achar um botão que fizesse o Ezio pegar a coitada do chão, mas sem sucesso, até uma lágrima rolou naquele momento, mas gostei de ter sido surpreendido num ponto do jogo onde eu já me julgava quase invencível.
No que diz respeito às missões só posso mais uma vez elogiar a evolução a olhos vistos, já que dessa vez elas enchem linguíça de formas bem mais convincentes. Entre elas estão tarefas como aprender truques novos, libertar prisioneiros aliados, perseguir ou somente seguir seus alvos, eventualmente matá-los (nem sempre) e até espaço para pequenos puzzles o jogo teve. Mais uma vez corri contra o tempo para terminar o modo campanha sem me distrair pelo meio do caminho. Claro que ninguém é de ferro e eu até pensei em quebrar o galho de alguns desconhecidos aqui e ali, mas quando eu parei para escutar uma mulher me pedindo para dar cabo do marido que tinha acabado de pular a cerca, achei melhor só apreciar a paisagem sentado no cavalo por alguns minutos a mais.
Uma única side quest que valeu apena e fiz questão mesmo de terminar foram os puzzles que citei ali atrás. Eles servem apenas para que você recolha 6 selos que liberam a roupa (ou armadura como diz o tio Mario) do finado Altair trancafiada numa espécie de museu particular da família Auditore. Apesar de ser totalmente opcional, os locais escondidos guardam as fases mais legais do jogo e mostram que todo o dinamismo que faltou para diversificar Assassin’s Creed I, foi totalmente recompensado no II. Algumas me deram uma dorzinha de cabeça, outras só me exigiram um pouco mais de paciência, mas no geral não foi nada sacrificante ou de outro mundo, foi apenas divertido.
O curioso é que corri tanto atrás delas o jogo todo que acabei esquecendo as páginas do Codex. Resultado? Tive de correr atrás dos códigos para descobrir a localização final do último alvo e acabei esquecendo de abrir a jaula com as roupas do Altair. Só voltei a me lembrar delas depois que o jogo já tinha terminado, daí não teve jeito. Só por curiosidade coloquei o Blu Ray no drive do PlayStation 3 pela última apenas para ver como a roupa tinha ficado. Horas e horas de escalada, sessões de natação e muito sangue dos soldados rolando que duraram menos de dois minutos. Ó vida.
Agora vamos para a parte que mais gostei do jogo todo, a interação do assassino com o mundo a sua volta. Não ouvi tantas frases marcantes dos cidadãos nas ruas, mas também não me senti enjoado por ouvir sempre os mesmos diálogos como era de costume no primeiro jogo. Eu já sabia que não podia ficar muito perto dos guardas porque eles cismam com a cara de qualquer um e costumava ouvir comentários engraçados sobre as roupas do Ezio, mas fora isso nada de diferente. Claro que certas coisas não mudaram, como por exemplo fato de ter sempre alguém perseguindo você no intuito de pedir algo. Uma vez até cheguei a rir sozinho quando troquei a dublagem para o espanhol e parei para ouvir um dos cantores numa das várias praças de Veneza, tive que jogar algumas moedas para alegrar o infeliz, mas apenas porque eu estava de bom humor naquela hora, geralmente eu roubava esses pobres coitados.
A coisa só começou a mudar e enriquecer o enredo mesmo quando os personagens secundários se tornaram uma constante na vida do protagonista, algo quase inexistente na trama do Altair. Ele não sabe (e o jogador menos ainda), mas cada um ali tem uma ligação mais do que especial com ele. O tio Mario por exemplo foi um personagem que gostei muito, primeiro porque ele colocou a irmã vagal do Ezio para trabalhar e ajudar a reerguer a vila dos Auditore. Segundo porque a primeira maior revelação do jogo vem das palavras dele e esse momento ficou muito bacana. Terceiro porque as missões em equipe com uma dúzia de parceiros lutando por você são muito legais e uma das primeiras é exatamente com ele. Mas tem também a chefe do bordel da cidade de Florencia (esqueci o nome) que não marca muita presença, mas te ensina a arte dos dedos leves e como é fácil se esconder no meio de qualquer multidão. O pai Giovanni e até mesmo os irmãos do Ezio que a princípio parecem personagens fortes, mas acabam cedendo espaço para a evolução e amadurecimento do personagem. A destemida Rosa que deu uma colherzinha de chá ao mulherengo e por ai vai.
Ficaria aqui escrevendo mais um 2 parágrafos para os outros personagens, mas apenas quero destacar mais um que é o Leornardo Da Vinci. Não vou dizer que o jogo é uma verdadeira aula para aqueles que como eu antes do game achavam que o rapaz foi apenas um pintor de quadros famoso, mas ver o personagem dando as caras tantas vezes acabou me fazendo dar uma passadinha na Wikipédia, tamanha foi a minha curiosidade. Não fazia a menor idéia da genialidade do Leonardo, o cara foi mesmo um ser humano multi tarefa que deu vida a várias invenções e outras coisas mais das quais ele nem mesmo recebeu crédito por elas no fim das contas. A cena do Ezio experimentando a máquina de voar por exemplo foi de abismar, depois de ver ele recriando todas as armas dos manuscritos eu pensei: ”caceta, mas essa também?”
Naquele momento eu realmente achei que os produtores da Ubisoft tinham viajado um pouco demais nas idéias quando na verdade era eu que não conhecia o personagem à fundo. Não fiquei muito orgulhoso por ter dormido na aula de história e ter deixado alguns detalhes da vida do Leonardo passarem batido, mas fiquei contente por sentir na prática uma coisa que gosto muito de falar por aqui no blog. O fato mais do que comprovado de que games não são apenas games, eles também são arte e às vezes até educativos. Os paraquedistas da imprensa gamer que adoram elogiar Call Of Duty e GTA todo ano deveriam pensar em noticiar esse tipo de coisa também.
E não é só pelo contexto histórico que gosto de elogiar a presença do Leonardo no jogo, a relação dele com o Ezio é a coisa mais simplória e ao mesmo tempo bem bolada da trama na minha opinião. É como eu disse lá no começo do texto, é uma das razões para eu ter gostado tanto do Ezio em um curto espaço de tempo. Leonardo ainda não é o notório Da Vinci que o mundo virá a conhecer, ele é um cara comum, mas interessado por tudo e não discrimina o Ezio por saber que a sua revolta não se deve a nada mais se não a morte de seus entes queridos. E a Ubisoft vai mais além e até destaca o personagem às vezes como no momento da mudança dele de Florencia para Veneza, como se acompanhássemos não só a evolução do Ezio, mas a dele também. Isso pra mim enriqueceu demais o protagonista, afinal um herói nunca estaria completo sem seus valorosos amigos por perto. Ainda não iniciei Brotherhood e nem li nada sobre o assunto, então nem faço idéia de onde se passa a próxima edição da franquia, mas gostaria muito de rever o personagem por lá.
Vixi, quase sem comentários aqui, mas só para encerrar, Assassin’s Creed II é um salto e tanto para a franquia. Se o primeiro vai ficar na memória por ter abrigado um personagem forte demais para um universo tão limitado, o segundo vai ficar marcado por enfim expandir tudo o que conhecíamos até então. Personagens, cenários, gameplay, side quests, todos esses aspectos alcançaram um outro nível, mal há o que se contestar aqui e fico muito contente de olhar para trás e ver que passei pelo primeiro jogo para poder reconhecer isso hoje. Vou torcer o nariz apenas para os gráficos que mesmo em 2009 ainda não eram tudo isso que vemos hoje, demonstrando bem o quanto algumas produtoras pastaram no começo dessa geração para tirar o melhor proveito da potência gráfica dos atuais consoles. E quem diria? Dois anos depois já nos vemos limitados, cercados por opiniões de que os consoles atuais já não são mais poderosos o bastante, abrindo caminho para rumores cada vez mais fortes sobre a próxima geração.
Agora é partir para o Brotherhood e ver o que a Ubisoft fez de tão bom para não deixar a peteca cair. Assim que possível esse repentino diário sobre a série Assassin’s Creed vai ganhar mais um capítulo. E é isso, GO GO GO terminar para o próximo episódio e chegar em Revelations antes que a Ubi lance o terceiro jogo e complique ainda mais o meu trabalho.