HQ's digitais: um novo olhar para o leitor!
Formato digital muda como são criadas e lidas as HQ’s.
A distribuição digital de Histórias em Quadrinhos veio para facilitar o acesso dos leitores, mas nem tudo são flores nesse jardim…
Uma HQ usa sequência de quadros a fim de contar uma história, e dentro desses quadros temos os desenhos e textos. Tradicionalmente, a forma desses quadros muda de acordo com aquilo que a equipe criativa deseja expressar em termos de narrativa. Por exemplo, pode ser usado um quadro pequeno para indicar uma sensação de aperto, de pressão. Ou um quadro grande para indicar algo importante. Também temos quadros que ocupam a página inteira, as chamadas splash pages. O desenhista podia utilizar-se de infinitas possibilidades na hora de diagramar a disposição de quadros na página.
Mas com a inclusão da distribuição digital, as regras mudaram. Tomemos como exemplo a nova revista do Aquaman. Escrita por Geoff Johns e desenhada por Ivan Reis. Ao folhear as páginas da revista física, muitos leitores ficaram incomodados, em especial aqueles que já experientes na leitura de HQ’s. Para se adequar ao formato de leitura digital, Ivan Reis teve que mudar a maneira como organiza os quadros na página, de uma forma que privilegia a leitura quadro a quadro, que é como comumente se lê as revista digitais. O leitor visualiza apenas um quadro por vez, em vez de poder observar a página inteira e focalizar a visão conforme progride na leitura.
Esse novo estilo pode causar uma série de restrições no uso de formatos dos quadros que o desenhista pode utilizar a fim de provocar sensações aos olhos de quem lê a revista. E isso afeta também os textos inseridos nos quadros, o que por tabela afeta o argumento do roteiro em si. No formato digital, a tendência é que tanto a arte como o texto tendem a serem vistos mais depressa. Por isso, closes nos personagens e diálogos curtos são mais constantes, pois facilitam a agilidade na leitura.
A vantagem desse recurso é que ele faz com que o leitor observe melhor cada quadro, já que não há mais um quadro dominante de página como ocorre tradicionalmente. Ainda assim, para mim só isso não é o suficiente para anular todas as desvantagens oriundas da perda da diagramação variada. A minha esperança é que conforme o formato digital for evoluindo, possam se encontrar maneiras de driblar essas limitações do formato. Por enquanto, teremos que acompanhar os próximos capítulos para ver se isso acontece.
Aproveitando a oportunidade, vou indicar um site onde é possível conhecer mais sobre os recursos gráficos e narrativos usados na produção de HQ’s. Acesse o Criando HQ’s.
Não sei. Vejo esse novo modo de leitura apenas como um caso a se adaptar. Eu, por exemplo, não gostava de ler scans, na internet. Me acostumei com o tempo.
Mas os caras estão pensando constantemente em como melhorar a leitura de quadrinhos, e ainda temos os tablets, que proporcionam bastante conforto e praticidade para ler. No mais, gosto das novas possibilidades de leituras de quadrinhos que surgem a todo momento. ^_^
Muito fera seu comentário, se ainda existisse o "curtir" eu teria dado #okay
O mais importante é que você gostou 🙂
Tb não acho isso um empencilho. Quadrinhos digitais são tranquilo de ler, em nenhum momento achei desconfortável o modelo tradicional. Não acho que precise necessariamente mudar e restringir. Acho que tudo nesse setor está meio cru, há muito que testar e adaptar, mas isso não quer dizer limitar o setor.
O que não pode haver é esse medo… "ohh o formato vai piorar tudo". Não, não vai.
Mas esse formato em especial que o Ivan Reis está usando limita. É quase como se fosse um print-screen de um filme! Lembra o formato de tiras, nos quais os quadros são dividades de maneira praticamente igual. Nesse caso em especial eu digo que não funciona, mas devem surgir maneiras diferentes de se apresentar a narrativa, tanto em imagem como em texto.
Mas esse é um caso a parte de um desenhista que quis experimentar algo diferente e mais adaptável no formato digital (o que eu discordo, estes quadros horizontais retangulares fica péssimo na leitura digital tambem.)
Duvido que isso é algo que fique padronizado num único formato. Essa caso do Aquaman foi um experimento. Apenas isso. E nenhum formato limita nada. O bom desenhista sabe se virar com o que tem em mãos.
"E nenhum formato limita nada. O bom desenhista sabe se virar com o que tem em mãos."
OMG
Só sei que essas imagens me deram vontade de ler esse novo Aquaman:)
Leia sim, é legal o modo como ele reage com as coisas que faziam os leitores o depreciarem. Só isso já vale a leitura, mas daqui a pouco isso vai se esgotar e quem sabe veremos outras boas sacadas.
Todos tem q se adequar… eh a atualização dos hq's no mundo digital! eh o futuro!!
Que pena que nao encontramos hq's na net como encontramos mangás… seria genial !!
Na verdade, encontra sim.
Nunca li nada novo digitalmente, mas eu não gosto de diagramação variada … prefiro os quadros bem organizados e distinguidos, gosto mais de quadrinhos antigos em que é tudo quadradinho e organizado. Alguns quadrinhos mais novos me deixam confuso e não ajudam em nada a compreender o que está acontecendo.
Comparando, por exemplo, histórias do Homem Aranha, as bem antigas, de quando o Aranha surgiu tem uma diagramação bem certinha, já as últimas que saíram aqui no Brasil, como A Caçada Sinistra, tem alguns quadros misturados uns nos outros, sem separação, não gostei nada daquilo.
Então pra mim, deixar os quadros mais organizados é melhor.
Entendi. Eu por outro lado, gosto do estilo moderno, onde cada quadro utiliza vários entradas de informações, e uma delas é o tamanho do quadro. É o que confere uma narrativa mais personalizada e dá ritmo a leitura.
No início das HQ's, o quadros eram praticamente iguais, pois muitos vinham das tiras de jornais. Conforme os artistas foram se sentindo mais confortáveis com a maior área e a liberdade que ela trouxe, ocorreu esse enriquecendo narrativo, tão característico das HQ's.
Esses experimentações que estão sendo feitas de certa forma é um resgate a essas raízes, como se fosse apresentado um quadro por vez ao leitor ao invés de incitá-lo a ir espalhando sua visão dentro de um panorama.
Acredito que as formas de arte devem ser vistas pelo maior número de pessoas possível. Se disponibilizar quadrinhos digitalmente é uma forma de fazer com que essa arte seja mais vista, ótimo. O problema é quando essa novo meio de distribuição prejudica a arte, que é o que está acontecendo com as HQs. Espero que esse problema seja consertado logo, pelo bem da Nona Arte.
HQ da Marvel e da DC se encontra em maior quantidade e até muito mais organizados do que mangás.
riste é que em HQ você não encontra coisas menores de qualidade como é Mystic, que só achei até hoje a primeira edição e olhe lá. Ou Dead Man's Run do Greg Pak que nem a edição 0 achei…
onde?
Janderson, caso esteja realmente interessado, pode procurar em sistemas de busca que é bem fácil de achar, nós incentivamos o consumo de produtos originais, ok?
Pessoal, só lembrando que visualizar quadro a quadro é apenas uma OPÇÃO nos aplicativos de leitura digital. Eu particularmente detesto. A página de quadrinhos foi feita para ser apreciada devagar, como um todo. Na minha opinião visualizar quadro a quadro é uma aberração.
Eu recomendo pequenos "zooms" de 10% para se ler em tablets de 10 polegadas como o iPad. É a melhor opção que está presente em todos os aplicativos.
Caramba, eu testei a leitura quadro a quadro do leitor da DC, tando no PC quanto no celular e achei fantástico. Dá um motion maneiro XD
Nossa, valeu mesmo! 😀
bom, eu leio por scans no formato cbr. Digital não deve ser tão diferente.
Ainda tem muitos estudos, tanto por artistas como por acadêmicos, de quais são as possibilidades do quadrinho digital e como ele vai mudar ou não a maneira que estamos acostumados com a leitura de hoje. É um processo de adaptação que não deve terminar tão cedo.
Mauri, recomendo dar uma olhada nas propostas do scott mccloud (http://scottmccloud.com/). no site dele tem uns webcomics e umas invenções que trazem possibilidades de interação diferentes com as HQs.
Também, uns colegas e eu desenvolvemos um estudo de um mix de quadrinhos e jogo, aproveitando algumas novas maneiras que dispositivos móveis nos trazem. O trabalho está aqui, se quiser dar uma olhada: http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/7789
Me parece que essa limitacao surgiu para facilitar o acesso via celulares, onde a tela e muito pequena. Em tablets um pouco maiores, nao seria preciso fazer isso.