Formato digital muda como são criadas e lidas as HQ’s.
Uma HQ usa sequência de quadros a fim de contar uma história, e dentro desses quadros temos os desenhos e textos. Tradicionalmente, a forma desses quadros muda de acordo com aquilo que a equipe criativa deseja expressar em termos de narrativa. Por exemplo, pode ser usado um quadro pequeno para indicar uma sensação de aperto, de pressão. Ou um quadro grande para indicar algo importante. Também temos quadros que ocupam a página inteira, as chamadas splash pages. O desenhista podia utilizar-se de infinitas possibilidades na hora de diagramar a disposição de quadros na página.
Mas com a inclusão da distribuição digital, as regras mudaram. Tomemos como exemplo a nova revista do Aquaman. Escrita por Geoff Johns e desenhada por Ivan Reis. Ao folhear as páginas da revista física, muitos leitores ficaram incomodados, em especial aqueles que já experientes na leitura de HQ’s. Para se adequar ao formato de leitura digital, Ivan Reis teve que mudar a maneira como organiza os quadros na página, de uma forma que privilegia a leitura quadro a quadro, que é como comumente se lê as revista digitais. O leitor visualiza apenas um quadro por vez, em vez de poder observar a página inteira e focalizar a visão conforme progride na leitura.
A vantagem desse recurso é que ele faz com que o leitor observe melhor cada quadro, já que não há mais um quadro dominante de página como ocorre tradicionalmente. Ainda assim, para mim só isso não é o suficiente para anular todas as desvantagens oriundas da perda da diagramação variada. A minha esperança é que conforme o formato digital for evoluindo, possam se encontrar maneiras de driblar essas limitações do formato. Por enquanto, teremos que acompanhar os próximos capítulos para ver se isso acontece.
Aproveitando a oportunidade, vou indicar um site onde é possível conhecer mais sobre os recursos gráficos e narrativos usados na produção de HQ’s. Acesse o Criando HQ’s.