DuckTales inspirando reflexões sobre como a pressa alterou as coisas!
Todo mundo anda com pressa, tecla com pressa e come letras, lê com pressa e interpreta errado, estuda com pressa e só decora, quer emagrecer com pressa e fica doente, que crescer com pressa e perde a vida.
A produção artística também está apressada: tudo com cara de vídeo clipe, cortes rápidos, música alta ao fundo crescendo freneticamente, livros enxutos (com boas exceções – de sucesso, inclusive) e com ritmo tão rápido que soa idiota, sem descrição, sem ambientação, enfim…
Tudo está acontecendo em uma falsa fluidez, de forma que, ao final, não resta nada na sua cabeça, poucos minutos depois de desligar a TV, fechar aquele livro (vocês já entenderam a linha de pensamento!).
E aí vamos à DuckTales: depois de alguns anos retomei, no Netflix, a série animada… Poxa, como é bom! Não é do tipo de desenho que você via quando era criança e hoje é intragável, sabe?! Tem história, tem sentido, é amarradinho e até mesmo bem dublado, em uma época em que se tentava respeitar a profissão de dublador, eu acho.
Preste atenção, querido leitor: não sou nostálgico, não falo que o passado era melhor, etc. O foco é a velocidade, é a necessidade de novas coisas acontecerem o tempo todo, para que você fique “preso”, senão, você se distrai e até esquece o que estava assistindo, lendo, etc.
Defendo a história envolvente, os personagens cativantes e a construção de cada personalidade. E não a hiperatividade dos tempos atuais, a doença multiuso que obriga a fazer mil coisas ao mesmo e agora! Quando comer vira automático e não se saboreia mais a comida – sim, é uma metáfora para a vida em geral!
Poxa, até Pokemon, lá pelo início dos anos 2000, era mais certinho e coerente, à época dos 150 primeiros: mais coeso, com mais sentido. House, putz, era uma série muito boa, sem pressa de desenrolar e chocar você… Você ia ali, assistindo e se afeiçoando com aquilo tudo. Law and Order, filmes, váááários filmes até o início dos anos 90, que marcaram mesmo e que são referências pops por conta disso (e clássicos); música então é um caso “quase” perdido!
Tudo bem: ainda não deu tempo de algo tornar-se clássico! “Como você quer que um filme que saiu esse mês seja valorizado como Rocky, por exemplo”?
Claro também que tem o marketing todo, etc. Mas, existe marketing por trás de Percy Jackson e Os Olimpianos, saga de livros que vendeu e vende muito, mas que é uma boa porcaria que será esquecida em pouco tempo. Enquanto a coisa feita com cuidado alcança o auge e fica lá, por muito mais tempo…
E vamos falar da série Sherlock! Putz, só três episódios por ano e que me tiram o sono por conta da adrenalina em que cada um termina! Sem buracos, sem imbecilidades, sem clichês, sem beber de fórmulas, com pressa de dar certo. Um projeto ousado, caro, feito com esmero por uma equipe de bastidores muito boa, ali, escrevendo: cada capítulo é fiel ao respectivo conto/romance de Conan Doyle – o começo é igual, parece mesmo que vejo uma encenação contemporânea dos livros da época vitoriana! Sem pressa…
E então, eu volto ao que me deu o estalo para esse post: DuckTales. Poxa, vai explicando tudo direitinho, como cada personagem virou o que é, como surgiu a vontade de caçarem aventuras, afinal!
Lembram de Doug? Cada personagem aparecendo calmamente, num ritmo mais lento… Coisas dos anos 90! XD
Atualmente, você tem que assistir alguns episódios de qualquer série, desenho, etc., para poder começar a entender um pouco de cada personagem e aí se afeiçoar, criar afinidade – porque só se cria afinidade, quando conhece. Ninguém se interessa mais pelos “motivos”, vamos logo aos resultados… Isso não quer dizer que não adore Phineas e Ferb, Pinguins de Madagascar, entre outras coisas em ritmo louco! Eu adoro também!
Por exemplo: esse texto eu fiz há dois dias, nem revisei nem nada. Peguei hoje, revisei, resolvi mudar algumas coisas e aí, só aí, publicar…
Antigamente, menos novo ( XD ) publicaria na mesma hora. Saborear… saborear! Sem pressa… Tente! Não deixe a pressa roubar a experiência de vivenciar alguma coisa!