A dupla vingança do Espírito da Vingança!
Assisti hoje na primeira sessão, e nesse post comento um pouco sobre o novo filme do anti-herói flamejante da Marvel, e dou as minhas impressões e informações diversas. Se você não viu, antes que continue a leitura é bom que saiba que há spoilers no texto. Mas adianto que dessa vez o Espírito da Vingança obteve uma vingança dupla, inclusive contra o primeiro filme.
Esqueça tudo aquilo que foi visto em Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007). Em Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança (Ghost Rider: Spirit of Vengeance, 2011) tudo aquilo que era galhofa e desnecessário no primeiro filme foi limado (só que isso infelizmente inclui a Eva Mendes). É até difícil classificar o novo filme como uma sequência.
Na verdade Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança funciona muito bem sozinho, e inclusive recapitula como Johnny Blaze se tornou o hospedeiro do Espírito de Vingança, em sequências curtas, no formato de uma animação bem estilosa. Portanto, se você teve a sorte de não ter visto o primeiro filme, não está perdendo nada (exceto a Eva Mendes).
O roteiro do filme foi idealizado por David S. Goyer, conhecido por seu trabalho nos filmes do Blade, dos atuais Batman e do futuro Superman (além de várias HQ’s e até de Call of Duty: Black Ops). Goyer apresenta uma história que se passa alguns anos depois do fim de Motoqueiro Fantasma, e mostra Johnny Blaze vivendo na Europa Oriental, perturbado depois de anos convivendo com o fardo de ser hospedeiro do Motoqueiro Fantasma.
Desde os primeiros minutos, já é possível perceber o estilo dos diretores Mark Neveldine e Brian Taylor (Gamer, Adrenalina). O filme tem um ritmo mais frenético, câmera baixa e nervosa, mais cenas noturnas e/ou escuras, diálogos mais curtos. Uma edição direta e fotografia pesada.
Com isso, o clima do filme é mais parecido com as HQ’s do personagem. Além disso, Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança é o segundo filme com o selo Marvel Knights (um selo com histórias direcionados ao público maduro) depois de Justiceiro: Zona de Guerra (Punisher: War Zone, 2008).
Tudo isso formam um receita saborosa em teoria, mas na prática o gosto não ficou tão bom assim por conta de acabar sendo um PG-13, então muitos aspectos violentos e impróprios foram suavizados para que o filme atingisse um público mais amplo. Coisas da indústria do cinema, então não veremos o Motoca cavalgando prostitutas em chamas como era previsto originalmente.
Blaze é procurado por Moreau, que propõe uma troca: Blaze o ajuda a salvar um garoto das garras de Roarke (o demònio, o mesmo que fez o pacto com ele), e então Blaze poderá então se ver livre de sua maldição. Um plot básico do básico, mas que funciona a contento por incluir muitos elementos das histórias em quadrinhos do Motoqueiro Fantasma. E usar cliché não é ruim.
Roarke está enfraquecido pelo uso de sua forma humana, e coloca quase todo o seu poder no corpo de Danny. O plano do demônio é assim que o garoto completar 13 anos, o matará e assumirá seu corpo, e assim todo o seu poder será restituído.
Curiosamente, o nome do garoto é Danny, uma suposta referência a Danny Ketch, personagem que sucedeu Blaze como Motoqueiro Fantasma, embora no filme em nenhum momento o sobrenome do garoto é mencionado.
Moreau age em nome de uma antiga seita cujo líder é Methodious (Cristopher Lambert, o eterno Highlander) e Blaze aceita a proposta e inicia sua busca para encontrar o garoto, ao mesmo tempo em que Roarke faz o mesmo. Eu achei todo esse lance da seita meio desnecessário, admito.
Blaze consegue salvar o garoto e se livrar da maldição, mas aprende que o Motoqueiro é na verdade Zarathos, um bondoso anjo que foi corrompido pelo demônio. Originalmente Zarathos defendia os inocentes, mas foi transformado e passou a caçar e destruir os pecadores, tornando-se então o Espírito de Vingança.
Além dos inimigos bucha, Roarke coloca no caminho de Blaze um adversário a altura: Blecaute. Mas ele só possui o visual parecido com o personagem dos quadrinhos, no filme seus poderes são um pouco diferentes, e eu gostei da mudança.
Logicamente, no fim tudo dá certo. Blaze impede que Roarke consiga um novo corpo e tenha seu poder restaurado, Apesar de continuar como hospedeiro do Motoqueiro, Blaze conseguiu alcançar a essência boa do anjo caído, e continua a queimar asfalto por aí, mas talvez de agora em diante tudo aconteça de forma diferente. O terceiro filme está nos planos da Sony.
Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança é uma filme que se utiliza mais dos elementos encontrados nos quadrinhos. Não perde tempo com interesses românticos e explicações extensas. Respeita mais o personagem e aboliu tudo o que fez do primeiro filme um algo sem sal. Vale conferir no cinema e ter o BD, mas não é nada no nível dos últimos filmes da Marvel. Nem curto esquemas de notas, mas de 0 a 10, eu daria um 7 de boa vontade.
Nicholas Cage me parece um pouco velho demais para o papel. Dessa vez é um Johnny Blaze melhor, mas é estranho quando vejo que ele atua melhor quando está sob a pele, ou melhor, os ossos do Motoqueiro. Pois dessa vez, Cage interpretou todas cenas, e ele se inspirou em serpentes, Axl Rose e faraós para apresentar um Motoqueiro literalmente com o diabo no corpo.
Esse é um dos grandes trunfos do filme: quando o Motoqueiro está em cena, fiquei encantado com seus trejeitos e atitudes, em nada lembra a maneira insossa que vi anteriormente. Insano, imprevisível, assustador. Esse é o Motoqueiro Fantasma que sempre quis ver nos cinemas. Mas quem sabe com Danny Ketch em um filme futuro as coisas possam euquentar de vez?
Prós: Efeitos especiais e atuação do Motoqueiro. Câmera nervosa. Vai direto ao ponto. Mitologia do personagem mais respeitada. Foge do padrão do gênero.
Contras: Nicholas Cage quase cinquentão. História sem surpresas. Sem Eva Mendes. PG-13.
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EXP+: Um pouco sobre o 3D e uma opinião rápida!
O filme do Motoqueiro, ficou devendo até na minha opinião. Não que eu não tenha me divertido, as cenas de porrada, explosões, e coisas do tipo com o Motoca ficaram bacanas ao meu ver. Gostei do visual do motoqueiro com a jaqueta derretendo, e o fogo bem real, mas o filme não é só isso…
A história é bem boba, basicamente tudo que você precisa saber sobre ela está nos minutos iniciais aonde é dito a Johnny Blaze qual é a sua missão. O diabo, ou Roarke, foi bem subaproveitado, e não fez nada demais em termos de poderes ou para se opôr ao motoqueiro. Até mandou um capanga que apodrecia as coisas, mas que o motoca derrubou bem fácil. AChei Johnny Blaze bem apelão, e por isso nada teve muita graça, já que ele chegava batia nos malvadões e salvava o dia. O início mais descontrolado era bem mais bacana aliás, com qualquer coisa sendo atacada por ele, pagando seus pecados.
A palavra que definiu o filme foi agradável. Eu me diverti com as cenas mais bem feitas, o filme vai direto ao ponto sem muita enrolação (o que foi bom e deixou uma sensação que todo o tempo foi bem a aproveitado para se contar a história do filme), e claro, como falei acima, o Motoqueiro em sua moto vale demais, e o Moreau, o padre bêbado que ajuda Johnny também é bem divertido (e beira até o nonsense).
Sobre o 3D nada grandioso, mas também achei que até fizeram um uso razoável com as coisas voado da tela, e se aproveitando dos efeitos especiais do filme. Não foi quele 3D que só deu profundidade nos cenários, houve realmente uso bacana, como na moto e sua fumaça, e no fogo da cabeça do motoqueiro.
Filme para ficar 95 minutos no ar condicionado, curtindo umas explosões aqui, uns tiros acolá.