Do que o povo brasileiro gosta, afinal?
São onze anos no ar! Por lá, passaram dezenas de caras bonitões, mulheres malhadonas, gente medíocre, gente pseudo-intelectual, gente com supostos bons princípios, gente sem nenhuma moral, enfim, retratos do que é o brasileiro, afinal (pelo menos de uma parcela imensa, infelizmente).
Não adianta romantizar. Tem que enfrentar a realidade: mesmo com milhões de pessoas em redes sociais, falando mal, fazendo campanha para sair do ar, o tal programa ainda tem cerca de 29 pontos de audiência! Quase o mesmo que a novela das oito, que fica ali em 32 pontos…
Ou seja, milhões de pessoas adoram, telefonam, discutem e vivem o BBB! E isso rende muito dinheiro à emissora, não se engane! Uma inserção de uma marca custa algumas dezenas (senão, centenas!) de milhares de reais (estou falando de 30 segundos!), fora o merchandising, os produtos utilizados dentro da casa, o que decora cada festinha etc.
Essa edição, contudo, chegou no limite: estupro, gringa sem pudor ficando nua o tempo todo e pessoas imbecis. Pronto, falei. A imbecilidade, dessa vez, está acima da média. Não acompanhei todos os programas, fielmente, nunca fui fã. Mas, sempre fui curioso, afinal, sou eu, Pedro, meu povo! Aquele que ouviu Restart e assistiu a muitas coisas (de gosto duvidoso) só para postar aqui…
Então, a questão que fica é: onze anos no ar! É mais de uma década e… nada mudou? O povo desse país continua o mesmo? Consumindo as mesmas coisas, andando pelos mesmos caminhos culturais? Utilizando a internet para Facebook (não mais Orkut) e MSN (os que restam nessa plataforma), e somente isso? Tudo bem que tem um download ou outro aí na jogada…
Agora, a TV por assinatura está mais em conta. Mas, o conteúdo é ruim, repetitivo, embora tudo esteja dublado (justamente para atingir a todo o público, todas as classes socais, a um país que está, de fato, podendo gastar mais) e, por fim, o sujeito retorna ao BBB? É isso? Ou seria então falta de referências: tenho muita grana, mas só sei gastar com carros, som potente (para o carro) e televisores maiores? Nem um livrinho aí, de romance barato, esse povo compra? Aliás, compra sim: vide Ágape, fenômeno de vendas do padre Marcelo Rossi!
Eu realmente não consigo entender o sucesso de reality shows em geral. E não consigo entender esse em específico, principalmente: são onze anos IGUAIS! Mais do mesmo, as frases e anedotas pretensiosas do apresentador, uma encenação barata diariamente, sentimentalismo exarcebado, uma “saudade televisiva” encenada.
E não é só isso que me irrita na TV: as novelas, com vilões versus um casal de mocinhos românticos, amores proibidos, armadilhas, intrigas forçadas. A atual novela das 20h revelou o grande segredo da personagem vilã, preparem-se: era de origem pobre! O mundo dela ruiu, ela ficou, tadinha, desolada, na família dela teve alguém que foi empregada doméstica!
Me batam um abacate… E desde quando isso é motivo de vergonha? Uma novela inteira que gira em torno disso, desse “trauma”. E um programa que gira em torno de futilidades e um povo que engole isso a seco a tanto tempo que já passou a saborear o prato.
O que me preocupa é que há onze anos o prato é o mesmo, muda um molhinho ali outro acolá, mas, é o mesmo. E ninguém enjoa (a não ser os paladinos das redes socais)…