Nem tão bom, nem tão ruim… aquela história de sempre!
“A partir de agora o Homing Attack está vetado, quem sequer pensar nesse nome está sumariamente demitido“. Estas seriam as minhas palavras caso eu fosse o chefe de produção da Sonic Team logo após todos da equipe constatarem no ano passado que o Sonic clássico de Generations além de ter caído nas graças de pelo menos 90% dos fãs, é sem dúvida a melhor escolha no que diz respeito a equilíbrio entre o velho e o novo.
Por mim a Sega podia esquecer tudo o que ela fez no primeiro Sonic 4 – Episode I e começar esse negócio todo do zero, mas pelo jeito a produção desse jogo já havia começado quando Sonic Generations estava terminando seu desenvolvimento. Logo, tudo o que a Sega pôde garantir pra gente antes de lançar a sequência é que o game seria algo mais puxado para pro lado do Sonic gordinho do Generations, o que não é exatamente verdade. Ao menos não no quesito mecânicas.
O que eu vi em Episode II não lembra em nada a movimentação do jogão de 2011, esse Sonic me pareceu ainda mais pesado que o outro, um verdadeiro chumbo ambulante de tão duro que chegar dar até dó. Para sair do lugar está igualzinho ao último da série, patina uns 5 segundos antes de correr e nem isso faz direito porque a impressão que dá é a de que o personagens entrou num slow motion sem mais nem menos. A naturalidade, mudança mínima de postura, nada, quando ele corre parece um robôzinho com uma esteira rolante que surge por mágica no lugar das pernas dele.
Até o mínimo de sensação de velocidade que o jogo devia ter ficou prejudicado com isso. Tanto que um dos itens que você encontra numa fase ou outra é uma botinha bem estilo Bomberman pra ajudar o ouriço a correr um pouquinho mais rápido. Outro demérito do jogo na minha opinião são algumas coisas que voltaram a ser recicladas nele, como se a escassez de idéias já estivesse batendo a porta. Dá pra ver um pouco de Sonic 3 e Sonic & Knuckles no meio de algumas zonas. Mas dos males esse é o menor.
Acho que o único aspecto que faz o Episode II se parecer mais com Generations é no quesito dificuldade. Lembro do mamão com açúcar que foi o Sonic 4 Episode I, onde você corria mais do qualquer outra coisa e em menos de 2 minutos já estava terminando uma fase. Esse segundo jogo eu já vi mais graça na jogabilidade, ele tem mais cara de game plataforma, menos corrida maluca. O odioso Homing Attack continua no meio, mas a Sonic Team soube diversificar o que você encontra em cada zona de tal modo que deixou ele interessante do mesmo jeito.
Ao meu ver foi uma evolução da proposta vista em Sonic Colors, mas um pouco mais empolgante porque o jeito como as zonas foram construídas condiz melhor com as mecânicas. O modo como o Sonic interage com as coisas a sua volta a cada mudança de fase, os mestres e até essa opção de usar o Tails pra voar deixaram muitas fases (nem todas) bem divertidas. Essa história de correr como se a sua vida dependesse disso ficou mais pra escanteio e aquela velha mania de morrer umas 10 ou 15 vezes antes de pegar o jeito de passar uma fase voltou de uma forma bem inesperada pra mim.
Gostei da parceria com o Tails, ela é uma das responsáveis por tornar certas fases mais interessantes do que elas deveriam ser, como o terceiro ato de Fortress Sky, que pra mim foi uma fase muito bem bolada, tanto no que diz respeito ao gameplay quanto na música escolhida. Coisa rara aliás, porque a maioria das canções aqui são bem fraquinhas, nada extremamente elaborado que vá ficar na minha memória.
Também gostei dos combos a dois, mas só pra enfrentar os mestres, nas fases nem sempre é interessante. Tbm fizeram um uso melhor do Metal Sonic nesse jogo. Quando fiquei sabendo que ele iria estar no Episode II já fiquei com pena pensando em como ele seria desperdiçado servindo apenas de chamariz para os fãs comprarem o jogo o quanto antes, mas o resultado foi melhor do que eu esperava.
No jogo você enfrenta ele 3 vezes, sendo que nas duas primeiras ocasiões ele inesperadamente se mostra um grande FDP com todas as letras. A perseguição na montanha russa por exemplo achei foda, quando parecia que já estava tudo certo vinha o infeliz e começava a quebrar os trilhos e como eu não fazia esforço algum pra me lembrar do script, acabei matando Sonics demais (olha a inversão de papéis, quem está sempre morrendo por nada é o Tails). A luta de aviões também é show, não conseguir jogar essa parte uma vez só.
Pena que a queda de braço não ganha um desfecho tão fodástico quanto o seu andamento, na última zona, a que devia ser a mais foda do jogo todo, o Metal Sonic te dá uma SENHORA colher de chá. Basta ser esperto e lembrar de todas as armas que você tem pra terminar tudo em menos de um minuto. Quem salva o dia no fim das contas é o Eggman, mais uma criação bizarra dele e mais 6 minutinhos de muita diversão pra fechar o jogo.
Episode II está longe de ser decepcionante, mas mais uma vez fiquei pensando em como o jogo poderia ter sido bem melhor se o Homing Attack tivesse sido limado. Os mecanismos também não me empolgaram, mas a construção das fases fez o contrapeso ideal e salvou a produção, deixando ela bem a frente da anterior na minha opinião. Ainda não é o Sonic que eu gostaria de ver agora que ando fuçando as memórias do personagem por meio dos jogos lançados no saudoso Mega Drive. Mas ficar de mimimi não vai adiantar de nada.
Pra mim o pessoal da Sega continua testando o personagem e vendo a reação dos fãs ao que está sendo feito. Generations foi gostoso demais de se jogar e não precisou dessa automatização toda no gameplay pra isso. É sem dúvida um caso pra se para e pensar, então só resta esperar que eles façam a melhor escolha para o próximo jogo.