(Por Gustavo Grangeiro)
Sempre tive um fascínio por sebos, pela quantidade histórica de cultura escondida naqueles corredores escuros, pela facilidade de encontrar coleções completas com preços mais acessíveis, pelas raridades e pelas surpresas que aquelas prateleiras empoeiradas nos reservam. Na minha cidade existe uma coisa curiosa, pois lado a lado encontram-se um sebo e uma loja de tecnologia, a loja vende e aluga games e filmes e também vende vídeo games e gadgets em geral, bem diferente do sebo, parece que temos a Mesopotâmia lado a lado com Tókio. O contraste é gritante, desde o tamanho do edifício, as cores (falta em um, excesso no outro), outdoor, e principalmente pela quantidade de frequentadores, enquanto o sebo sempre está praticamente vazio, a quantidade de pessoas entrando e saindo da loja com sacolas na mão é muito grande.
Engraçado é que já encontrei o senhorzinho do sebo escolhendo alguns filmes na loja, porém, nunca vi os jovens da loja entrando no sebo. Eu vivo me censurando em relação a esses dois extremos, para não ir demais pra um dos dois lados, pois, na verdade, sei que juntos servem de base para moldar nossa cultura e conhecimento.
É um tanto triste ver como um dos lados está sendo esquecido, deixado de lado, como um livro foi substituído facilmente por um filme ou por um jogo, sendo que todos eles devem conviver em harmonia no nosso pouco tempo de tranquilidade. O bom é quando um jogo ou um filme serve como um teaser para aumentar nossa curiosidade sobre alguma historia e ir buscar num livro, e referências não faltam, só falando de jogos, vários são os jogos que fazem referência a belos livros, como Dante’s Inferno e Devil May Cry (A Divina Comédia), God of War que usa toda a Mitologia Grega como pano de fundo, os próprios jogos da série Lord of Rings que nos levam a pisar apenas na superfície do universo fantástico criado por Tolkien, sem falar nos jogos Harry Potter, todas essas coisas são instigantes para que você busque conhecer mais sobre aquele personagem que por alguns dias passou a ser seu amigo, passou a ser você.
Iniciei o post falando sobre sebos e tecnologias, pois, hoje os computadores, notebooks e principalmente os tablets possuem a função de leitura de e-books, para facilitar e estimular a leitura, porém, eu não me adaptei a isso e ainda prefiro sentir o livro fisicamente em minhas mãos, e aí que entram os sebos, pois, (pelo menos aqui no interior) alguns livros são muito difíceis de serem encontrados nas livrarias, mesmo as virtuais, então é sempre bom recorrer a um sebo.
Gosto muito de adquirir um livro usado, não sei explicar o motivo, mas até o cheiro é melhor, as paginas meio amareladas, e, às vezes há até algumas dedicatórias ou anotações mostrando que aquele livro já fez parte da vida de alguém.
Como muita gente diz: “ler é um hábito”, mas, dificilmente as pessoas separam um tempo e local para isso, geralmente o livro fica meio esquecido em algum canto da casa e a leitura se torna algo extremamente raro. Contrariando o que muita gente pensa, de que temos que ler um livro de cada vez (na verdade na minha opinião isso é ofensa à inteligência humana), criei o hábito de deixar livros espalhados pelos lugares que fazem parte do meu dia a dia, sempre há um livro no meu porta luvas, um na cabeceira da cama, um em minha mochila, um na minha gaveta do trabalho, um na sala de casa, um banheiro, etc., dessa forma, facilita o meu hábito e não fico ligado somente a uma historia, e em nenhum momento as historias se misturam ou se embaralham na minha cabeça, ao contrário estão todas lá, separadas, convivendo harmoniosamente e evoluindo com cada nova página lida.
Se estiver sem idéias de presente para alguém, dê um livro, estimule a leitura de quem você gosta, e mesmo após terminar de ler algum livro, empreste-o a alguém que você sabe que irá ler, pois se foi especial para você certamente será especial para mais alguém.
[Créditos a blindmanphoto e AlphaONE666 pelas imagens]