A quem agradar?
(Por Gustavo Grangeiro)
Fico muito feliz com essa invasão de filmes de heróis que está praticamente dominando os cinemas de um tempo pra cá, alcançando o ápice (no sentido de lucro para as produtoras e entretenimento para o grande público) no recente filme dos Vingadores.
Sempre que possível, antes de assistir um filme de algum herói, evito qualquer tipo de trailer ou comentários de quem já foi, para que quando eu vá assistir eu possa degustar a obra do zero, sem nenhum tipo de opinião já formada ou lembrança de determinadas cenas já vistas. Está sendo assim desde o primeiro filme (recente) do Hulk (com o Eric Bana), no qual minha namorada (hoje esposa) aproveitou o conforto e escurinho do cinema para dormir como um anjo durante a seção, dando a entender que o verdão não havia causado muito espanto, sendo assim o filme não foi uma grande obra de entretenimento.
Filmes de heróis são sempre incógnitos, pois imagino a dificuldade do diretor em transformar um orçamento gigantesco em algo que agrade tanto o fã mais fervoroso dos heróis quanto aquelas pessoas que foram assistir Vingadores só para ver o Super Homem (!).
E falando em Vingadores (mesmo sem o Super Homem), esse é um grande exemplo do que eu busco em filmes de heróis, pois conseguiu mostrar de forma rápida (pra quem não assistiu os filmes anteriores) a essência de cada um dos heróis e criar uma atmosfera gigante, agradando assim a Gregos e Asgardianos. Diferente do já citado filme do Hulk, nesse minha esposa saiu do cinema em estado de frenesi, e eu também. Porém, ainda houve muito fan(atico) que não gostou, por vários motivos, um dos motivos é que levam muito a serio cada filme e esquecem que aquilo é entretenimento e só, aquilo é feito para vender, para gerar lucro, esquecem que o filme é somente “baseado” na HQ, então ele precisa ser (muito) mais abrangente do que a HQ, e para isso algumas adaptações precisam ser feitas. Não podemos esquecer que a grande maioria das pessoas que assistem aos filmes, nem imagina quem é aquele velhinho de bigode que aparece nos filmes da Marvel (hilária cena no Espetacular Homem Aranha), a maioria nem sabe o que é Marvel (ou o que é HQ), pensam que Marvel é marca de biscoito, e que a única concorrente da DC é a AC. E isso não é uma crítica não, é só um comentário, pois sei que pra grande maioria das pessoas não se interessam tanto pelo universo dos heróis, e estão pouco se lixando se houve alguma alteração na origem (ou no uniforme) de cada herói.
Por exemplo, em relação aos Vingadores, inicialmente eu ficaria ainda mais satisfeito se a equipe tivesse o Homem Formiga e a Vespa no lugar do Gavião Arqueiro e da Viúva Negra. Mas depois eu mesmo me questionei será que ficaria tão bom quanto ficou? Será que conseguiriam criar a mesma atmosfera? Sei lá, então melhor deixar como está, pois deu certo.
Quanta gente torceu o nariz para o novo filme do Homem Aranha por não ter os mesmos atores? Por não saberem que era um reboot? Quanta gente achou estranho a “Mary Jane” loira, por nem imaginar a importância da Gwen Stacy na vida do Peter?
Sobre esse novo filme, achei muito interessante o respeito que os produtores tiveram com a trilogia anterior, pois eles não mexeram no que era intocável, que na minha visão foi a frase lendária do Tio Ben: (Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas) “Um grande poder traz uma grande responsabilidade” e o icônico beijo na chuva, um dos mais belos beijos da historia do cinema.
São exemplos de duas versões do mesmo herói contadas por pessoas diferentes, e ambas as versões são odiadas por alguns e amadas por outros. Eu gostei de ambas e acredito que podem coexistir pacificamente.
Eu ainda não assisti ao filme do Lanterna Verde (shame!!), porém, esse é um exemplo de filme que agradou muitíssima gente que não conhece o herói profundamente, e desagradou profundamente a maioria dos fans do Senhor do Anel Verde. Tanta gente falando bem, tanta gente falando mal, que ainda não tive coragem de pegá-lo, creio que verei só num futuro distante, na seção da tarde talvez (num feriado).
Ninguém imagina o quão grande é meu desejo em poder ver um dia um filme baseado em “The Legend of Zelda” no melhor estilo “Senhor dos Anéis”, concorrer a Oscar e ter recordes de bilheteria, mas sempre fica aquele medo, considerando o histórico de filmes baseados em games, chega a dar calafrios só de imaginar algo parecido com “Street Fighter” com Van Damme no papel de Link, ou pior fazerem algo “teen” tipo “Crepúsculo”, com Robert Pattinson no papel de Link, Kristen Stewart no papel de Zelda e aquele moreninho sem camisa no papel de Ganondorf, creio que se isso acontecer eu fujo pras colinas levando somente um miojo (pra não morrer de fome), uma besta igual a do Daryl (pra não morrer num ataque zumbi) e um Tamagoshi (pra não morrer de solidão). Mentira!!! Tenho certeza que no dia da estréia eu estaria lá, na primeira fila com uma pipoca gigante no colo, com os olhos úmidos e as mãos frias, tão tenso e feliz quanto um adolescente diante do primeiro beijo.
O mais louco é que possivelmente um filme com essa configuração de atores pode dar muito mais lucro para as produtoras, por possuírem um apelo muito maior do que um filme mais adulto, e que mesmo eu não gostando do filme, seria interessante ver minha seria preferida dos games ficar popular e pararem de chamar o Link de o Zelda.
Talvez se toda vez que fossem fazer uma adaptação de uma mídia para outra colocassem um selo gigante: “Essa é uma obra de ficção baseada em outra ficção” as pessoas começariam a levar as coisas menos a sério.
E você gostou da versão do seu herói no cinema?